Poemas : 

Lobos

 
Lobos

Inúmeros lobos, espumando de ódio
Com dentes afiados à mostra
Circundavam, em guarda, o imenso castelo

Negras paredes ao tempo, tocavam às nuvens espessas
Molhadas pela insistente chuva de um inverno
Que castigava toda sorte de vida

Lua descrente, de brilho desprezível
Pairava solitária, como débil mancha em tela cinzenta

Entre as gélidas paredes da noite sem fim,
Inerte, agonizava aquele homem
Envelhecido desde cedo
Pela crueldade desse tempo maldito, que não sossega

E açoitado desde sempre,
Pela chibata afiada do destino
Ele morre lentamente, começando a sonhar...

Sonhando que pode falar, escrever e até sorrir,

Chora esse velho numa poça de suor,
Com febre, delira em esperança
Que acena à felicidade

Ele se levanta da pedra que congela o seu corpo
E solta a alcateia que guardava o seu castelo
E vê seus lobos livres, correndo em todas as direções
Percorrendo planícies e riachos...

A morte requerida se tornou uma prece
As paredes ruíram
E a chuva deu lugar ao orvalho em seu rosto
E o seu pequeno coração,
Deixou de ser um castelo


Juarez Florintino Dias Filho




Juarez Florintino Dias Filho

 
Autor
Juarez
Autor
 
Texto
Data
Leituras
839
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
1 pontos
1
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Jmattos
Publicado: 17/07/2013 03:09  Atualizado: 17/07/2013 03:09
Usuário desde: 03/09/2012
Localidade:
Mensagens: 18165
 Re: Lobos
Liberdade!

E o seu pequeno coração,
Deixou de ser um castelo


Belo texto! Adorei!
Beijos!
Janna