vestiu a alma com a seda
do vestido adolescente
dando nomes para as flores da estampa
(lembrou de todas
brincando juntas no jardim
com balanços de sol
algumas eram mais íntimas;
as outras, atração
pra passarinhos)
abraçou-se com os braços suaves
de alguém que a amou
no baile debut.
mordeu os lábios com o gosto
da lapela que roubou o batom.
o corpo reconheceu o sopro
dos rodopios dos passos
escapando do vestido.
abriu as janelas para os cabelos
fugirem com a brisa
e acolheu outra fuga
entregando-a ao bosque
reflorescido nos seios.
(a tiara abandonada na relva
brilhava pra noite a queda da inocência).
bem fizeram as cortinas
para o brilho se apagar
- estardalhaços -
mas as luzes ainda incandesciam
por lá...
revelando as mãos abrindo-se em pausas
para aparar estrelas
expulsas do paraíso
(algumas que se explodiram
presenciando o primeiro beijo
deixando o céu estarrecido)
escrito com linguagem
em brasa,
sentiu nos lábios,
gravado, ainda o beijo,
para um tempo
inteiro o
decifrar...
Aquela mania de escrever qualquer coisa que escorrega do pensamento.