Minha face não é mais a mesma
Traços de sonhos e pegadas
Rabiscos de sóis e de chuvas
Um raio de luz que vislumbra o futuro
Caíram-se algumas raízes
E meu interior
Resgata o refém de minha alegria
Andei caminhos que não encontrei o que era bom
Iludiram-me quando achei era feliz
Não viram que eu cresci
Que homem se esquiva das lutas
E que derramo lágrimas num boteco com meu violão
Um pé de cachaça quem acha
Que já se pode compreender
A covardia dos boêmios
Sou feliz assim
Esqueceram de me dizer
Que nem sempre a gente conquista uma guerra
E que a vitória nos custa muitas vidas
Nem tudo o que desejei foi o melhor
E agora escondo o fruto
De uma angustia que me cala
Uma palavra que desaparece
Entre os dias e as noites
Com minhas mãos escrevo a história dos meus dias
E durmo com esse corpo
Que não é mais o mesmo...
"Há poemas ininteligíveis nos seus elementos, porque só o poeta tem a chave que o explica; mas a explicação não é necessária para que pessoas dotadas de sensibilidade poética penetrem na intenção essencial dos versos"
Manuel Bandeira