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3ª História no Mural da Maluca

 
Acordei com o canto do galo da aldeia que, de tão longe não alcancei ouvir. Na verdade hoje apresentou-se rouco de catarro e olheirento, pergunto-me onde terá deixado o cavalo que o trouxe, ou terá sido égua? Duma noite mal dormida, de um plano de viagem cumprido e compridíssimo, dos interminavelmente chatos que parece jamais chegar ao destino, ou sequer chegar a saber qual o seu destino. Planei sem plano sobre as nuvens da capital esperando avistar um acenar da janela do Boeing 9’s fora nada, que me soubesse a muito, ao tanto que saudosamente recordo. Recordo então um pinhal recheado de caramelos espanhóis e borrachinhas das que vêm em formato urso pardo da minha emoção. Pardalento o som que se ouve das encostas e das escarpas em redor, verdes da esperança que mantenho acesa ao regressar de mim a ti. Não me irei daqui com menos que dois abraços e três tostões, podes escrever também. Melhor que reconheças veracidade em advogado que não te cobre os olhos da cara ou não poderás visualizar a beira-mar a cavalgar desenfreada de encontro à areia marcada pelos cascos do dito cavalo ou da égua. Se cobrar manda-o a banco novo que esses normalmente têm dinheiro fresco para barrar advogados exigentes e impertinentes, ou talvez já não.

 
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Ilia Mar
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