Poemas : 

TREM

 
Vou . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
saindo . . . . . . . . . . . . . de mansinho . .
. . . . . . . . . . . . da estação . . . . . . . . . . .
. . . . . devagarzinho . . . . . . . . . . . . . . .
deslizando . . . . . . . . . . . . . pelos trilhos
. . . . . . . . . .num chiado . . . . . . . . . . . .
vou partindo . . . . . . . .vou rasgando a
ventania. . . .pelas curvas do caminho
. . . .disparando . . .num rompante. . .
vou seguindo. .
paro, não paro, paro, não paro, paro ,não paro
Passa boi, passa boiada,
Passa galho de ingazeiro,
Passa campo, passa estrada,
Passa um buritizeiro,
Passa rio, passa ponte,
Bambuzal passa pertinho,
Passa um belo horizonte,
Passa breve um passarinho,
E vou. . . . . . . . .
Sigo contente, sigo contente, sigo contente, sigo contente,
Sopro forte a fumaça,
Sopro grosso, sopro fino,
Passa mato, mato passa,
Passa burro com menino,
Vai passando cachoeira,
Fazenda, cerca, lagoa,
Passa tanta bananeira,
Passa brejo com taboa. . .
Paro, não paro, paro, não paro, paro, não paro
Passa casa, passa fio,
Passa moça na janela,
Passa cadela no cio,
Co’uma fila por trás dela,
Passa túnel, passa poço,
Pescador com seu caniço,
Passa velho, passa moço,
Passa porco bem roliço...
E vou. . . . . . . . . . . . .
Sigo contente, sigo contente, sigo contente, sigo contente,
De repente passa carro . . .passa prédio
. . . . . . passa gente. . . . . . . .propaganda
. . . . . . . . . . . de cigarro . . . . . . . . . . . . . .
Numa placa. . . . . . . . . . . . .bem à frente
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . passa moça que
passeia . . . . . . . . . . . . . . tanta graça . . .
em sua forma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
meu apito . . . . . . . . . . . . . . . . . alardeia . .
. . . . . . . . . . . . . . . vem chegando . . . . . . .
. . . . . . . . . . a plataforma . . . . . . . . . . . . . .
paro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .não paro . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . paro . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . não paro . . . . . . . . . . .
. . . . . paro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . não paro . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .paro.


Frederico Salvo.

PS.: Inspirado na poesia "Trem de ferro" do poeta brasileiro Manuel Bandeira.


Direitos efetivos sobre a obra.
http://pistasdemimmesmo.blogspot.com/

 
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FredericoSalvo
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 17/03/2008 01:43  Atualizado: 17/03/2008 02:39
 Re: TREM - p/FredericoSalvo
Viva! Viva! Muitos vivas e aplausos para o Poeta Frederico Salvo, que me fez viajar nesse "trem bão dimais" com sabor mineiro, e fazendo o brasileiro ter orgulho de si em recordar Villa Lobos.
Grato pela maravilhosa viagem que seu poema proporcionou, uma delícia. 1aBRaço


Enviado por Tópico
Rui Santos Garcia
Publicado: 17/03/2008 02:11  Atualizado: 17/03/2008 02:11
Participativo
Usuário desde: 28/10/2007
Localidade: Rio Grande (Rio Grande do Sul)
Mensagens: 18
 Re: TREM
Belo poema. Uma pena não poder viver um passeio de trem, em minha cidade (Rio Grande-RS)infelizmente só existem trens cargueiros.
Abraços.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 19/03/2008 13:48  Atualizado: 19/03/2008 13:48
 Re: TREM...p/ FredericoSalvo
Mas que maravilha!!..Estou ouvindo o "Trenzinho do Caipira"...rs

Concordo com José qdo ele cita Villa Lobos, "O Trenzinho do Caipira" é uma magistral amostra de uso dos instrumentos de uma orquestra imitando o som de um trem.

E, aqui, vc consegue com toda a criatividade que lhe compete, passar para as palavras, o ritmo do trem..."bravissimo"...estou encantada com essa sua criação! Meus sinceros parabéns, poeta!