Dia de Fazer Amigo
O senhor andava com o olhar absorto, perdido nos pensamentos esperando o meio dia. O banco da praça reluzia à luz do sol, o jornal estava ali encostado como se ninguém o tivesse tocado, olhou para os lados não viu ninguém, esperou quase dez minutos e por fim resolveu folhear. As notícias se agastavam- pensou- alguém lutando por mais poder, alguém matando um inocente, alguém roubando, a seleção nacional enfim, melhorando....
Outro senhor aproximou-se e com ar curioso sentou ao lado.
-Tudo igual por esse mundo, nada muda...
-Sim senhor. Às vezes, penso que muda...
-Digo que pouco vejo melhoras nas notícias do jornal.
-Na verdade saiba o senhor, que eu vejo novidades por aqui...
-O senhor vê?
-Sim.
-Aqui em Niterói?
-Sim senhor, aqui neste Campo.
-O senhor podia me agraciar contando essa novidade, pois ando cético há muito tempo...
-Antigamente o senhor deve saber, por aqui ficava um jornal no banco, e até que o dono voltasse outra pessoa não o lia.
-Ora essa, mil perdões, meu senhor!!! Eu, de fato, bem que olhei para os lados mas não vi “viva alma” e então...
-Não se preocupe eu também não sou o dono... mas vi quando o senhor chegou.
-O senhor viu? Decerto o dono foi embora, não é?
-Sim ele foi. Na verdade, eu sei bem porque faz isso.
-Deixar um jornal no banco?
-Exato. Eu o conheço, ele compra o jornal e deixa aí no banco displicentemente até encontrar um amigo em potencial, depois chega perto, deixa o coitado embaraçado e inicia um papo que se surtir resultado, como ele pensa, acaba em um bom papo na padaria. Assim ele faz um grande amigo por dia...
O homem não pôde conter o riso e indagou àquele senhor simpático,como podia ficar sabendo daquela prática.
-Ora o que não sabe um homem só, meu amigo! Escute eu estou indo para casa o senhor aceitaria tomar alguma coisa ali na esquina com este esfomeado?
-Mas claro que sim, o amigo mora por perto?
-Ali na praia há trinta e cinco anos...
-Ah, por isso o senhor me pareceu tão familiar...
Era um sábado de muito sol quando dois homens, um cético e um sonhador, iniciaram uma nova amizade.
Nina Araújo
O poeta Walmar Belarmino assim diz:
“CORAÇÃO DE POETA É TÃO SENSÍVEL,
TÃO SENSÍVEL DE UM JEITO IMENSURÁVEL
QUE CONSEGUE SENTIR O INAUDÍVEL
E BEIJAR COM LEVEZA O INTOCÁVEL
VER UM DEUS EM CADA MISERÁVEL
E CHORAR PELA DOR DE UM OPRIMIDO
MESMO ...