Dispo-me
Dispo-me inteira nos teus braços
diante dos teus beijos, eu me dei
e nos teus dedos me abandonei
de um dia inteiro de cansaços
Tuas palavras amarram nossos laços
e em cada nó teu, eu me entreguei
nas tuas mãos macias, eu me deixei
para teu olhar encontrar meus pedaços
Fora do nosso quarto o tempo é inútil
e tudo o que se diz é tudo tão fútil
é descer a vida por uma escadaria
Nosso amor é de corpo e alma
tua suave presença me acalma
quero-te no fim de cada dia
Acaso
Se acaso eu te encontrar
não me diga um bom dia qualquer
só me olhe com seus olhos de amar
com aquele abraço de bem-me-quer
Se acaso eu ainda chorar
não vou aceitar o lenço que me der
quero sentir a lágrima se derramar
manifestando a emoção como vier
No acaso a vida acontece
sem sabermos se o dia anoitece
rouba nossos sentidos fortuitamente
Não importa onde eu tenha que ir
e o quanto ainda vou me ferir
quero viver a vida casualmente
O amor desce a ladeira
O amor desce a ladeira
com as rodas do coração,
alvoroça minha cabeleira
com o ritmo da sua pulsação.
Há quem goste de cachoeira
ou de outra coisa qualquer,
meu amor não é brincadeira
na descida me sinto mulher!
Guarda-luz
Meus olhos desejam despertar nesta quebra de intensidade, suavemente, iniciando cada dia sem pensar na hora da gente. Meu quarto é um deserto sem Sol, onde meus pés tocam o chão sem areia, diante de um círculo solar. O guarda-luz me diz bom dia, enquanto ainda estou a sonhar e as sombras brincam de fazer folia e o teto ondear.
A vida faz a hora
O que pensam de mim
Não sei
Imagine se eu fosse pensar assim
O que da vida farei?
Só ficarei pensando no fim
O que os outros pensam
Pertence a si
Só saberei quando falam
De mim ou de ti
Quando as palavras afirmam
Ora, preciso ir embora
De pensar nisso
Já me sinto uma abóbora
Penso: deixa disso!
A vida faz a hora