*Triste amor*
Percorri tantos caminhos
Pra este amor encontrar
E quando senti seus carinhos
Soube que iria te amar.
Enquanto eu subia a estrada
Com os olhos postos em ti
Em minhas mãos tu pegavas
No recôndito de minha alma te senti.
Um amor que sempre sonhei
Encontrei em seu lindo olhar
Mas nunca imaginei
Que meu coração iria chorar.
E hoje no deserto da solidão
Vivo de lembrança do passado
Querendo encontrar a razão
De não estar ao teu lado.
Nada consegue apagar a saudade
Nem as marcas que em mim ficou
Somente você pode devolver a felicidade
Que levou quando me deixou.
just when i needed you most
A menina da trança (dedicatória a amiga de infância)
A MENINA DA TRANÇA
Ergue os olhos ao Céu
Seu rosto é como o tempo que lhe resta
Vive, nela uma faúlha de esperança
Que algum bem estar ainda lhe empresta.
De criança?
Resta apenas a lembrança!
O calor do Sol que a cobria e aquecia
Lembro esta menina da trança
E a fome que às vezes com ela trazia.
Só a saudade no tempo ficou
Tempo que não se apieda de ninguém
Quanto tinha, quanto lhe levou
Vive mastigando solidão. aqui e além.
Há-de partir tal qual chegou
Levando suas mãos a abanar
Amou, sofreu, chorou
Deixa para trás o Sonho por sonhar.
Assim se lhe vai acabando a Vida
Mas para ela já tudo é indiferente!?
A quem importa se está de partida?
A quem importa o que ela sente?
E a menina da trança
Trancou tudo na lembrança!
Será que esqueceu nossa amizade?
Aqui na minha solidão a recordo com saudade
Dobro a saudade cuidadosamente.
Para não se perderem as gargalhadas
Que ouço constantemente
Nas brincadeiras «às apanhadas».
rosafogo
o esquecimento abre passagem
Corre o dia,
e uma luz coada entra pelas cortinas
antigas, a solidão me faz
companhia,
adensa a noite
e desarruma a minha mente
e assim a flor desfolha até às
pétalas finais, como o sol
que se apagou, derramando
um vazio que a destrói.
Transporto sonhos ante um inverno
que me espera, a solidão dói,
o esquecimento abre passagem
e cada lembrança é já indelével
imagem,
como casa desabitada, mofenta
arrasada, onde já ninguém responde
minha alma, anda não sei por onde!
Minha vontade, ainda
inventa versos como comida suculenta
que me faz bater o peito, e a saudade
traz-me de volta a menina
dizendo-me que sou a mesma d'outro tempo.
o tempo que vai e nada o pode deter
fica a palavra feita nada,
a vida voando para o poente
como a água, que não volta à nascente
natalia nuno
rosafogo
CORSÁRIO DA LUA
CORSÁRIO DA LUA
Marés e ventos
Que a noite embriaga
Pelas revoltas águas
Das juras
Sou corsário da lua
Na maresia fria do ar
A relembrar teu sândalo
Sudoeste ameno...
Ardem alíseos dolentes
A bufar nada perenes
Areia volvendo em balés
Eu cá. Pairando, sem fronteiras,
Velejando galés... Sou vaga sem eira...
Onda ligeira que morre em teus pés...
Doce lembrança
Um suspiro leve, doce lembrança
Em meu pensamento aparece
Melancólico e, penso que carece
De uma brecha que deixo na esperança.
Que fique mais e não dilua
Distraída em tal devaneio
Olhos se cerram e, no enlevo
Me deixo ,e no reflexo da lua,
Te vejo todo lépido, jovem e lindo
Dos tempos de nossa mocidade
Não tinhamos medo da idade
Sem pensar que o amor é findo.
Nereida
IMPORTANTE É VIVER
IMPORTANTE É VIVER
É tudo um sonho o que escrevo,
Ou palavras sem sentido?
Virá a morte e a medo
Verei meu sonho perdido?
Não sei se é mesmo verdade
Se estou da vida a me afastar
Numa febril ansiedade
de chegar...
Onde?
A nenhum lugar!
Abre-se a noite e desfaleço
Fico entre o Céu e o Inferno
Entre o real e o irreal permaneço
Entre o outono e o inverno.
Há sempre uma lágrima que o rosto molha
E sempre um pensamento incoerente
Sono leve como uma folha
E o passar do tempo p'la gente!
Sinto-me no limite da esperança
O tempo morre e morro eu
Resta em mim aquela lembrança
Dum tempo que em mim não morreu.
rosafogo
natalia nuno
Saudade
O nome é proveniente do Brasileiro,
Mas é sentimento que vaga o mundo inteiro!
E ao tentar traçá-la,
Desperta-me velozmente do imo
Adentra o pensamento e coração
E difunde-se pelo corpo com branda ilusão.
Saudade é o fazer sofrer da alma
E quando invocada
Faz-se ligeira na chegada.
E quando vinda à tona
Mesmo que por uma ingênua descrição
Machuca, fere sem qualquer afeição.
Saudade é quando nossa consciência íntima entoa,
Ao lembrar daquele gesto, daquele toque, daquela pessoa,
fazendo apontamentos palpitarem à toa.
Saudade é buscar alento nos sentidos
Ouvir vozes distintas sem um eco entoado
É repassar imagens como metragens
É sentir o toque sem ser tocado
É inspirar aromas sem odor algum
É contradizer com o cotidiano mesmo com tanto em comum.
Saudade é o poder que entra em cena
E instiga talentos da imaginação
É o atiçar de nossas frágeis carcaças
Fazendo-nos sentir a opressão estomacal
Fazendo oprimido, o pobre coração, de forma colossal
Fazendo a adrenalina exceder em nossas veias de maneira desigual
Causando-nos alucinógena comoção descomunal.
Saudade é o tentar atenuar pelo sonhar,
É fornecer alento para a vontade
Através da lembrança...
Tornando-nos ingênuos como criança.
Saudade é não poder tanger e vivenciar,
Apenas recordar.
Está sempre engatilhada
E mostra-se feroz quando invocada
A qualquer momento,
Visitando-nos através de um objeto,
Um lugar, sempre pelo indireto.
E para o desespero rotineiro
Não há tempo derradeiro
Aparece-nos o ano inteiro...
Saudade é o pressagiar
E às vezes, resulta-nos o chorar.
É o sentir e não poder possuir
É o querer e não poder viver
É a consciência do passado
Aguerrido, desbravado!
que aparece quando precisamos de atenção.
Vem, fornece-nos alento
E de brinde toda a emoção
Para reviver, despertar, chorar,
Amar e perdoar...
Mas faz bem em vir para amenizar.
É a saudade que comprova que amamos
Que nos importamos e retira-nos
Do modo inconsciente, mostrando-nos carentes
Da necessidade de gente,
Interligando sonhos, com um falso futuro à frente.
APENAS LEMBRANÇA
APENAS LEMBRANÇA!
Sabia que mais cedo ou mais tarde
Na solidão dos dias futuros
Haveria de soltar suspiros de saudade
Acendendo na memória, pedaços já escuros.
Nas horas de lassidão
Deixo-me esquecida do presente
Relembro imagens distantes
Esqueço do tempo os estragos
Fico ausente!
Na poeira do pensamento,
na leveza dos instantes
Deixo meus fantasmas amargos.
Do meio do nada
Surge a recordação em mim derramada.
Cada lembrança me traz o sorriso à boca
Cada palavra escrita é linguagem de criança
Lançada ao acaso, coisa pouca!
Apenas lembrança!
E as palavras ganham asas, são esperança
E me sinto eternamente viva.
A recordar...
As minhas raízes a que já não me posso agarrar
Mas às quais me sinto cativa.
rosafogo
Cada verso meu!
A ventania sopra suave a cidade!
As pedras, a chuva,o sol dizendo que é verdade,
Suspiro para que o vento passe por ti!
E que te leve essa lembrança de mim!
E naquele espaço da imaginação!
Com a mente amamos mas sentimos com coração,
uma idealização que nunca terá fim!
Sinto-me cheia com o amor que sinto,
Tenho na alma o soprar do vento
tal e qual como tenho em pensamento.
Guardo a magia nessa caixa do ser,
Pensando a globalidade da mente
Falo de acordo com as cores que quero ver,
Recordo o que escrevi e aconteceu!
Tal e qual como em cada verso meu...
A ventania sopra suave a cidade!
As pedras, a chuva,o sol dizendo que é verdade!
Suspiro para que o vento passe por ti!
E que te leve mais uma lembrança de mim!
Quandoachuvacai/acor
Saudade
Há uma dor que m’atravessa
E fere, profunda,
Sangrando a alma
Que verte rubis
E se veste de negro,
Em que o coração grita,
Raivoso e desequilibrado,
Atravessando a distância
E quedando-se a teus pés.
Há a lembrança do teu toque
E o gosto dos teus beijos,
O cheiro do teu corpo,
Que m’inquieta, perturba,
E a vontade louca
De extinguir
A distância do caminho.
Há a solidão, o vazio,
Companheiros fiéis da tortura
Que teima em não te ter
Neste ermo local
Onde habito abandonada.
Há a esperança libertina
Que m’alimenta e suga a dor
Na expectativa de te ter só meu…
Há… a saudade!