Carlos Drummond de Andrade : A Castidade com que Abria as Coxas
em 08/11/2012 15:32:23 (3139 leituras)
Carlos Drummond de Andrade

A castidade com que abria as coxas
e reluzia a sua flora brava.
Na mansuetude das ovelhas mochas,
e tão estrita, como se alargava.

Ah, coito, coito, morte de tão vida,
sepultura na grama, sem dizeres.
Em minha ardente substância esvaída,
eu não era ninguém e era mil seres

em mim ressuscitados. Era Adão,
primeiro gesto nu ante a primeira
negritude de corpo feminino.

Roupa e tempo jaziam pelo chão.
E nem restava mais o mundo, à beira
dessa moita orvalhada, nem destino.

Carlos Drummond de Andrade, in 'O Amor Natural'


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Enviado por Tópico
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Publicado: 10/11/2012 00:06  Atualizado: 10/11/2012 00:06
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 Re: A Castidade com que Abria as Coxas
isso é poesia de amor, o resto é kitsch

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