Poemas -> Tristeza : 

Falcão-peregrino

 
Confiro o banco da viagem
Desdobro o caminho nos passos carregados da cruzada
Aguardo…

Aguardo por obliterar
Olhando lá fora
Vendo-me Falcão-peregrino
Voando margens

O deserto escava a fome
Há muito, corpo de estepes secas
São as fendas
É a fronteira
Adeja o despojado
Dissipa-se no nevoeiro da terra trilhada
Batido entre grãos torpes indigestos

Miragens revoltas
Confundo dias inflamados
Vultos de carvão e horizonte
Odores de chama carrasco

Levaram o destino
Queimando-me o seu sorriso nutrido
Alguém o levou
Ido em carruagens de flautas poente
Cascas quaisquer afiguradas dum imagino pesadelo verosímil
Reais, os traços
Os que marcam a cruz
A bruma imolada à qual me sopra
Sou a chuva de pus nas cordas da voz
Solimão que em mim a noite uiva e as mãos me ceifam sós


«Antes teor que teorema, vê lá se além de poeta és tu poema»

Agostinho da Silva

 
Autor
bruno.filipe
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 28/10/2009 08:21  Atualizado: 28/10/2009 08:21
 Re: Falcão-peregrino
Uma leitura reflectida revelará a beleza e profundidade do poema.
Aplaudo

Abraço