Poemas : 

coisas da memória sensível ( o rapto)

 


Aglutinemos nossas almas, talvez possamos dar um pouco de alegria à nossa infindável tristeza.

outros tempos de tranquilidade tive.outros tempos o amor pulou para dentro do meu peito.quase me ia sufocando.ninguém,mesmo ninguém o deseja receber assim.porque magoa o convencimento interior,de que nada nos surpreende.próprio dos amantes somos iludidos por quem nos leva,neste caso,por quem nos trás a felicidade.é um beijo que desejamos,que nos prenda para alem do tempo.que perdure para sempre.e sendo mais que um desejo,é o amor.é uma lua cheia que transparece cá dentro.e a espera é a sua confidente.um segredo,por uma fracção de segundo.a sua presença voa sobre as pétalas reluzentes.tudo num todo brilha.e nós homens agradecemos a sua mão amigável.nunca uma manhã se tornou tão suave.tão radiosa.é mais do que carne,o amor.é a sua fragilidade que nos permite agarra-lo com mais força.talvez seja para justificar a sua benevolência.tudo isto penso ,enquanto desço as escadas.atrás de mim deixo o quarto.enquanto ela dorme.uma sensação de fraqueza adorna o coração,como que o penetrasse.e a sua boca desprende-se,o aroma da terra suave.o jardim.pena eu sentir tudo isto tão tarde.já a esquina da rua separava-me e distanciava-me.do que deixei para trás.ao menos pudesse voltar atrás.voltar a beijar os seus lábios.dar-lhe-ia tempo.agora,irei dormir um sono.irei dormir o amor.lágrimas de desespero ardem-me por dentro do peito ferido.corro agora,como um tresloucado.entro no café e peço um brandy e depois outro.que conforto sentir o álcool invadir as veias.assim,adormeço o amor.e o que ficou para trás.a imagem da mulher fina alimenta a memória sensível.de resto,costumo terminar da mesma forma.percorrer a artéria principal da cidade adormecida com esta ferida aberta no peito.sei que o desejo desperta o amor.é perturbante esta sensação de que o estou a raptar.talvez seja esta a forma de mostrar quanto a amo.talvez seja esta a forma de mostrar quanto se ama.este egoísmo,talvez.canta de dor uma rapariga demasiada real em meu pensamento.uma névoa aperta-me o olhar.seria agradável beijar-te agora de felicidade,amor.e os meus olhos choram agora,provavelmente.não há duvida que é com o amor que provo a minha existência.e se alguma dúvida houve,dissipou-se.
 
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Caopoeta
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Enviado por Tópico
Conceição Bernardino
Publicado: 16/11/2009 00:23  Atualizado: 16/11/2009 00:23
Usuário desde: 22/08/2009
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 Re: coisas da memória sensível ( o rapto)
e a sensação do vazio fica no copo vazio sobre as pedras de gelo que nele vão derretendo lentamente

beijo
MG

Enviado por Tópico
cleo
Publicado: 16/11/2009 02:54  Atualizado: 16/11/2009 02:54
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 Re: coisas da memória sensível ( o rapto)
Só uma alma sensível escreve uma coisa assim.
Bem sei, bem sei que são apenas coisas da memória... mas ainda assim, acho que deverias ter voltado atrás e beija-la de novo, uma última vez. Quem sabe, assim, não sossegarias o teu sentir e adormecerias melhor o Amor!

Beijo

Enviado por Tópico
Punkita
Publicado: 16/11/2009 18:06  Atualizado: 16/11/2009 18:06
Da casa!
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 Re: coisas da memória sensível ( o rapto)
...a ferida que fica é sempre ardida, nos confins das lembranças seladas no peito, no vazio do olhar úmido que enxerga um horizonte sem vida, que remoem os fatos como quem remói cacos de vidros.
Memórias assim são sempre doídas...

Enviado por Tópico
Margarete
Publicado: 16/11/2009 21:28  Atualizado: 16/11/2009 21:28
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 coisas da memória sensível ( o rapto) ao caopoeta
quando decerto, de peito aberto, espero o reencontro entorpecido das estações. as estações da pele que as do tempo raramente dão conta de se encontrarem. e espero que desta rua, depois da esquina, se desprenda o coração, estrelar no quarenta e oito, como se te fosse dedicado antes do rapto.

mais uma vez: absurdo é não ler-te.

Enviado por Tópico
HorrorisCausa
Publicado: 18/11/2009 13:37  Atualizado: 18/11/2009 13:37
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 Re: coisas da memória sensível ( o rapto)
ao ler este texto, não sei bem por quê, apareceram imagens recortadas contra um fundo branco, contra um mundo que sabemos não ser assim..se o alcool fosse cura andariamos todos numa eterna ebriedade.

...mas não tenho dúvidas, "uma grande amor cura-se com outro grande amor".

mais um texto intermitente, cheio de paradigmas oníricos como se fosse um " screen saver" para quem lê.

beijo