Há vezes que me permito parar de pensar 
e o meu cérebro deixa de saber onde estou. 
Parece que entro numa viagem 
sem saber para onde vou. 
Apenas vejo ruas vazias 
e silêncio de pétalas mortas 
vejo pétalas despidas 
e madrugadas com pessoas esquecidas. 
Vejo pessoas. 
Vejo muitas pessoas 
por todo o lado do meu pensamento. 
Vejo pessoas finas, delgadas e outras 
mal temperadas, grossas e indesejadas
todas elas misturadas. 
Meu pensar parece parado mas tudo circula 
parecem imagens quebradas pelo nevoeiro 
a deixar-me mendiga 
do que ainda acredito cantar nesse silêncio. 
Há vezes que me solto nessa paragem
há outras vezes que me perco como louca 
por amores impossíveis. 
Minha voz ficar rouca de timbre baixo
nua e ressentida. 
Invento-me. 
Invento-me numa cegueira só minha 
para não ver tanto lamento, mas a mente não dança
não há vento no pensamento! 
Tudo me invade! 
Tudo me esbarra e arrasta contra o meu silêncio 
e ficam ecos dentro do peito
que nem ouço os batimentos certos! 
O mundo está tresloucado e fico 
sem graça nenhuma. 
Pareço perdida nas vagas do meu tempo permitido 
e parar de pensar voo mais ainda. 
Toco corações vazios e indigentes
tudo aparece como ecos que entoam lá em cima
e descem com asas de almas com suspiros 
um cenário fosco que me alcança. 
Há vezes que surgem sons em latir de cães vadios 
que passam acorrentados aos ferros que arrastam 
os sons vagos dos paralelos 
nas ruas do meu silêncio 
e paro de novo no firmamento 
das ideias que a mente traz guardado. 
Tudo esqueço e tudo ressurge vivo 
a tornar meu cérebro escravo do meu corpo 
que quer sair dessa paragem. 
Há vezes que num grito
salto pelo desagradável do mundo 
à procura de melhor sitio! 
Meus sentidos querem mostrar-me os encantos
fora dos assombros que teimam ver 
outra realidade e nos meus olhos há vezes 
que incomodam o meu pensar 
sinto a mente a querer liberdade
liberdade de ir para outro lugar que não este
onde me sento no meu cérebro 
já esgotado de tanto pedir à mente. 
Parar de pensar é sentir-me mendiga de tudo 
e para sair deste tempero amargo que me cerca 
quebro promessas a mim mesma e revelo-me 
nos meus segredos que nunca a boca ousou falar!
Não sei onde estou, apenas 
parece-me o centro da multidão por onde passo.
A multidão sufoca-me, rouba-me o ar 
como se de repente, eu parecesse ser 
borboletas e todas as cores do arco-íris!
Fico leve. 
Fico leve como a pena dos meus delírios loucos.
Do tanto pensar, há vezes 
que a luz me acalma o corpo
mas a mente vagueia teimosa de pernas bambas 
a passar pelas ânsias dos meus desejos 
e nem às pressas, nem às pressas tenho vezes 
que nem vejo as escolhas certas! 
Imagino-me, 
vejo-me resgatada dos lírios dos campos 
pareço uma, entre tantas pombas soltas 
a segurar as quatro letras do AMOR.
Meu pensar por mim pensa e o mundo
oh o mundo se fosse melhor poderia eu 
sorrir ao parar de pensar, porque 
parar de pensar ou pensar 
a mente só vê realidade a chorar 
e onde mora o mundo que não existe?!
                
Inéditos de Rosa Magalhães 
(Imagens da internet)
com 3 Livros Editados
1º "Pérolas de Amor"
2º "Acrósticos de Poesias"
3º "7 Vidas de Afectos"
Rosa Magalhães