Viro costas à tua voz
macerada
parto em busca do sonho
na redondeza do infortúnio
e quando me acho cansado
de tanto palmilhar o desengano
lanço-me no chão duro
amando as pedras
e namorando as ervas
daninhas.
O eco das tuas palavras
avisadas
ribomba na imensidão
da minha miragem
sussurando as verdades
que não quis ouvir
até que me sinta
a folha caída
que o Outono soprou
para longe.
À noite contemplo a vastidão
e encaro a lua iluminada
enquanto falo com a minha
sombra estendida
que atapeta o chão
onde me deitarei
para retomar a viagem
que o sonho não suspende.
Já não sei se vá ou se desista!
Inconformado praguejo
das minhas próprias fraquezas,
das minhas inconstâncias,
das minhas dúvidas pontuadas
de solilóquios em zigue-zague!
Recordo-me que passou o tempo
da doçura e do desejo
e é embrulhado no frio da noite
que me dou conta, convertido
à razão que perdi,
que, voltar atrás, só para recomeçar
contigo.
Em 04.Fev.2010, pelas 18h00
PC
Escrever é uma forma de estar vivo!
Paulo César