PRELÚDIO DE UM SUICIDIO ANUNCIADO
Viver?! Não, viver não é isto
Na tristeza deste dia-a-dia
Só pensar que ainda existo
Já é motivo de agonia
Andar na escuridão das ruas estreitas
Gravitar no lixo por alguma comida
Ter febre, tosse, e outras maleitas
Beber na rua água poluída
Sangrar dos pés em meios sapatos
É tão grande a sua desdita
Nem se lembra que tem pés chatos
Na magia do abraço não acredita
Quem sofre o que ele já sofreu
Esqueceu o que é fraternidade
Pensa que se ainda não morreu
É porque não atingiu a idade
Realidade nua e crua
Triste palco desta vida
A viver perdido na rua
A ver a ponte como ponte de saída
Frio e fadiga física e mental
Nesta vida já não existe
Não quer ir à cura no hospital
Chegou ao fim, agora desiste
Mas sabe que só vai morrer
Quando olhar o rio e disser: salta
Não deixa ninguém a sofrer
E a ninguém vai fazer falta.
Animarolim . 2010-02-26