ACERCA DO CRUCIFICADO OU PEQUENO AUTO DA PAIXÃO

minha irmãzinha,
nossas mãos estão sempre sujas,por mais que as lavemos. somos humanos. mas nem por isso nos devemos sentir culpados por nenhuma crucificação. até porque, passados dois mil anos, nossa pena já foi prescrita. e não temos mais nada com isso.

um beijo, minha flor,

j.

zé,
cioran era filho de um padre ortodoxo - na igreja ortodoxa os padres podem casar. quando publicou, ainda na romênia um artigo contra a igreja, a mãe, que presidia a liga das senhoras ortodoxas, depois de em vão tentar impedir a publicação, voltou-se ao filho rebelde e disse: "Lamento não ter abortado você." ao que cioran respondeu: "Era mesmo o que eu queria ouvir." foi para frança e não voltou nunca mais.

abrs e bjs,

j.

é verdade, meu irmão poeta, que me esqueci neste pequeno auto de uma personagem importante: barrabás. afinal, o povo optou por libertá-lo no lugar do cristo. a igreja mente quando tenta transformar barrabás num malfeitor. a história hoje mostra que ele era um revoluciário, como jesus, talvez um pouco mais radical.

um forte abraço,

j.

de certa forma, gladys, todos nós que tivemos formação católica, crescemos carregando culpas que não tivemos. ora, o que eu tenha lá a ver com o que se passou há dois mil anos, sem levar em conta que as Escrituras mentiram, a partir de traduções nem sempre muito fiéis. não temos culpa de nada. o catolicismo é quem nos condena, uma vez que se julga senhor da verdade absoluta. fé é uma coisa, medo é outra. como não tenho nem fé e nem medo, vou tocando.

beijo,

j.

maria ivone,
desde sexta-feira fiquei sem a net - atraso no pagamento: cortaram-me sem aviso. este texto foi postado pela manhã numa lam house (nem sei se é assim que se escreve, mas fica sendo). na verdade, este pequeno auto é o esboço de uma peça que ameacei escrever, mas nunca escrevi.falta a fugura de barrabás, importantíssima - se eu escrever realmente a peça, barrabás vai aparecer com destaque, e ao lado de maria.

carinho,

j.

maria joão,

para lhe ser franco, este pequeno auto é o esboço de uma peça que eu não consegui começar e nem terminar. mas a tenho todinha na cabeça. pode ser preguiça ou falta de talento meu mesmo.

beijo,

j.