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o baú das letras – para o josetorres

 
podia ser um caixote ou o caixão do texto do Zé, certo de ser maiúsculo e de grande utilidade para os amantes das leituras. podia. e nas ternuras dos momentos, das acácias ou das tardes dispersas dos campos feitos cemitérios dos vivos, daqueles que não lêem logo se vê, o mais profundo tesouro sairia do poema pintado, pelas letras vagabundas, daquele baú. podia existir um coveiro. podia. vestido de jornais de cultura à semelhança dos espantalhos para escorraçar os mortos vivos que nunca querem ler. ninguém repararia nele na mesma. mas não! o baú das letras, nascido e crescido nas faluas do tempo, paredes-meias com as montanhas da sapiência, foi perfeito para alojar o escritor que, sem caixote ou caixão, soube elevar o seu dom e fantasiar a vida com coloridos golpes de maresia em textos tatuados na pele de um qualquer personagem, emprestado ao mais singelo texto que consegue dar alento e despertar o mais iníquo leitor invejoso. podia ser madrugada. podia. podia ser imaginação ou vontade de arquitectar um texto malandrinho de fadas e flores de cerejeira, mas nada vezes nada, podia acontecer se não existissem as letras para os seus artesões.
para além do tempo – onde já li isto? – agora preciso das forças planetárias para reunir estas letras, e leva-las de volta ao seu baú, porque o passeio acabou.
 
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GE3
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