Textos : 

117

 
- david mourão-ferreira -


. façam de conta que eu não estive cá .





"É Primavera e ri a tua boca
De ser Agosto já na outra boca"
david mourão-ferreira



de que país vieste, que mundo trazes em ti desfeito, que outra memória inventas ao coração para o fazer chorar. dizes-me das estações a diferença do beijo. e se nevar na primavera, david, vens-me esperar. trago no corpo os pólos, nas mãos o norte, nos pés o sul. que o coração comeu os cinco continentes para que me não fugisse o amor. ainda que hoje neve dentro dos ossos. ainda que não haja bocas perto de bocas e que o plural não se utilize nos nomes. estavas certo, havia de me trair a certeza dos lugares, havia de chorar, havia de o ver fugir como tu viste fugir-te o mar por entre os dedos.


 
Autor
Margarete
Autor
 
Texto
Data
Leituras
739
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
3 pontos
3
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Margarete
Publicado: 01/04/2010 21:40  Atualizado: 01/04/2010 21:40
Colaborador
Usuário desde: 10/02/2007
Localidade: braga.
Mensagens: 1199
 nós temos cinco sentidos de david mourão-ferreira
Nós temos cinco sentidos:
são dois pares e meio de asas.

- Como quereis o equilíbrio?



David Mourão-Ferreira

Enviado por Tópico
jaber
Publicado: 01/04/2010 21:57  Atualizado: 01/04/2010 21:57
Membro de honra
Usuário desde: 24/07/2008
Localidade: Braga
Mensagens: 2780
 Re: 117
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.


Temos gostos muito parecidos na poesia.
esta tua homenagem ficou bem construida e ritmada, ele iria gostar.

Beijo nesse Mar

Enviado por Tópico
Moreno
Publicado: 02/04/2010 10:12  Atualizado: 02/04/2010 10:12
Colaborador
Usuário desde: 09/01/2009
Localidade:
Mensagens: 3482
 Re: 117 à mar
"as teclas da máquina contêm todos os gritos, todos os silêncios, todas as esperanças, o universo, o possível deus. É com prazer que o papel te recolhe. Como me dói esta aventura de te consumir."

(rui nunes)

beijo