É verdade matemática
Que ninguém pode negar,
Que essa história de gramática
Só serve para atrapalhar
Ainda vem língua estrangeira
Ajudar a complicar
É melhor arranjar maneira
Disso tudo se arrumar
Na Inglaterra ouvi dizer
Que lá um sapato é xu.
Desde logo se está e ver
que dois sapato é xu-xu.
Xu-xu para nós é um legume
Que cresce solto no mato.
O inglês que lá se arrume,
Mas não comemos sapato.
Na Itália dizem até,
Eu não sei por que razão,
Que como manteiga é burro,
Se mete burro no pão.
Desse jeito para mim chega,
Salve … ó povo do sertão,
Onde manteiga é manteiga,
Burro é burro! E pão é pão.
Na América corpo é bode.
Veja que bode vai dar.
Conheci uma americana
Doida para o bode emprestar
Fiquei meio atrapalhado
E disse para me escapar:
Oi, moça, eu não sou cabra,
Chega seu bode para lá!
Na Alemanha tudo é bundes.
Bundes-liga, bundes-bão.
Muita bunda só confundes,
Desnorteia o coração.
Alemão quer inventar
O que Deus criou primeiro
Para que lhes havia de dar…
Mudar o nome do traseiro?
No Chile cueca é dança
De balançar e rodar.
Lá se dança e baila cueca
Até a noite acabar
Mas se um dia um chileno
Vier para o Brasil dançar,
Que tente mostrar a cueca
Para ver onde vai parar.
Uma gravata esquisita
Um certo francês me deu.
Perguntei, onde se bota?
Nem digo o que respondeu!
Eu sou homem educado,
Acho que não entendeu,
Seu francês malcriado…
Bota a gravata no seu!
Poema originalmente “Brasileiro Nordestino”
De Autor desconhecido, adaptado por José Mota
José Mota