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Mãe

 
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Ela ali, sentada em sua cadeira de balanço. Olhar melancólico fitando o vazio. Um vazio deixado pelo próprio tempo. Nada seria como antes... O passado jamais voltaria para aquela senhora. A não ser em suas lembranças.
Recordações era tudo que ela tinha para lembrar. Grandes acontecimentos de alegrias, tristezas, passagem de uma vida. E em sua sabedoria, ela conhecia muito bem estes sentimentos, pois tinham vivido muitas emoções ,tanto que só em observar cada um dos seus, ela podia com precisão dizer seu estado de espírito.
Mas ela continuava ali, absorvida em seus pensamentos, em suas recordações. E como em um filme as imagem desfilavam agora em suas lembranças: ela recordou a emoção do seu primeiro filho, de como foram difíceis os primeiros dias como mãe inexperiente que era. Lembrou da primeira troca de fralda, o primeiro chá, a primeira amamentação, a primeira mamadeira, mas que por amor, ela a tudo superou.
Agora era fácil ,olhar e recordar, os primeiros passos, as primeiras palavras, o primeiro dia de escola, a dor de ver seus filhotes ali chorando pedindo para não serem deixados naquele lugar estranho. Os 15 anos, o casamento, o vazio da ausência, e a alegria da chegada do primeiro neto.
A cada vida uma renovação, uma grande esperança de dias melhores, pois a vida é uma luta constante em busca de realizações. Todos as dificuldades passadas só serviram para o seu crescimento como ser humano.
De repente, surgiu em seus lábios um sorriso, seu rosto mudou de expressão, seus olhos tinham um brilho especial . Uma lágrima rola por seu rosto. Por entre soluços e risos aquela mulher glorifica a vida que foi capaz de ter contribuído para que ela pudesse gerar outras vidas.
Agora ela balançou a cadeira com mais vigor...Olhou para o relógio em seu pulso como se tivesse esperando algo acontecer.
Então em um gesto rápido ela passa a mão no rosto para secar suas lágrimas, ajeita-se na cadeira e vê a porta da sala abrir-se em sua frente. Seu rosto é iluminado pelo seu mais lindo sorriso. Ela abre os braços para poder abraçar e receber o abraço da vida que ela foi capaz de gerar. Uma vida que ela amou desde os primeiros segundos.
- Feliz Dias das Mães minha mãe querida. Eu te amo. - Diz seu filho.
Sua memória então fotografou mais esta cena real, armazenando tudo em sua memória, para que no amanhã, ela possa reviver este momento especial feito de felicidade e alegria.


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Autor
Iolanda Brazão
 
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