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Rapsódia de revolta do poeta Úmero contra o Brasil

 
Se eu fosse militar eu praticaria um atentado
eu mataria o Aécio Neves
eu mataria o Maluf
eu mataria o Michel Temer
alguém
eu faria alguma coisa – com a arma do próprio governo
com uma garrucha, com uma carabina, com uma Comblain
eu faria uma fuzarca, uma chacina, o próprio inferno !
eu sairia na mídia nacional
na mídia internacional
e daria entrevista
dizendo que foi por causa da carga tributária
dizendo que foi por causa do imposto de renda
dizendo que foi por causa do preço do combustível e do problema de vista
e por causa de todos os preços que ocasionam
o déficit habitacional
além de ameaçar explodir uma refinaria quando saísse da prisão
alegando ter contatos com o mercado negro
de “armas” e “mísseis” e “barcos”
fazendo rir os repórteres mais parcos...
Enfim, eu faria alguma coisa!
Mas enfim, eu hoje sou um poeta, além de ser um professor silvestre
e o que faço é incluir em minha seleta ementa
todo semestre
trabalhos sobre “Estados Unidos e política internacional”
trabalhos sobre “ética e governo”
sobre “terrorismo e Osama”
“Tiradentes”, “inconfidentismo”, “inconformismo e a derrama”
que nos dias de hoje se institucionaliza.
Mas esses trabalhos, por não matar ninguém,
não são ouvidos em
lugar nenhum,
não são fotografados, não são noticiados, não cabem em um
jornal, foto, tablóide ou qualquer zoom.
Mas espero, aguardo e confio
o momento em que esta guerra civil
“brasileira”, que está por um fio,
irá eclodir – sim!
Irá eclodir uma guerra, abastecida pelas armas do morro
e é nela que o atual estado constitucional deixará de existir,
e é nela que morro...
e o Brasil, esta República de merda ou de fossas desiguais
estará enfim livre de todos os deputados, governadores e juízes
que conservam-se aportuguesados ou imperiais,
mesmo quando dotados de achatados narizes.
Um novo líder surgirá em mim, em você, em ninguém, enfim...
Precisamos de um babaca, um mártir, um incompreendido, e assim
nascerá um novo Joaquim José da Silva Xavier
para uma qualquer guerra que tiver...



Úmero Card'Osso



Úmero Card'Osso

 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 08/05/2010 07:43  Atualizado: 08/05/2010 07:43
 Re: Rapsódia de revolta do poeta Úmero contra o Brasil
A sua poesia tem força, é genuína e tem a beleza inerente ao discurso empolgado e coerente.É uma poesia justa. Merece o meu pleno aplauso. Estou nesse onda, ainda que tendo feito uma revolução de arma na mão acredidte agora que as grandes revoluções se operam com o espírito, como escrevi em poesia também.

abraço


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 14/05/2010 14:47  Atualizado: 15/05/2010 01:55
 Re: Rapsódia de revolta do poeta Úmero contra o Brasil
dá até pra ouvi a tua voz amigo, poeta e brasileiro



vai aqui um abraço carioca.
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=111086

zésilveira