Poemas : 

CANTAR A MORTE

 
Quantas vezes rimei e não rimei versos sobre a morte
Amaldiçoando as agruras e as vicissitudes desta vida
Quantas vezes pensei: mas o que é que ando aqui a fazer?
Quantas vezes premeditei com desespero o suicídio!

Hoje para mim isso foi numa outra vida, das minhas vidas!
Seria mais lúcida? Era mais nova e tudo me parecia um jogo
Um jogo de xadrez, com o fim anunciado, o fatal desfecho
Numa existência de muita dor, pouco amor e tanto rancor

Hoje não penso na morte, não me interessa perder tempo
Com o óbvio, com o que não se pode compreender, nem mudar
Hoje interessa-me a vida, interessa-me sobretudo viver a vida
Como um desafio, uma provocação e em constante improvisação.

 
Autor
MarisaSoveral
 
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Enviado por Tópico
Ledalge
Publicado: 15/09/2010 17:39  Atualizado: 15/09/2010 17:39
Colaborador
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Localidade: BRASIL
Mensagens: 6868
 Re: CANTAR A MORTE
Foi muito gratificante ler a sua escrita.


Um beijo


Enviado por Tópico
Ramgad
Publicado: 15/09/2010 17:53  Atualizado: 15/09/2010 17:53
Colaborador
Usuário desde: 13/04/2007
Localidade:
Mensagens: 930
 Re: CANTAR A MORTE
Muito bom, gostei. Legal que interessa-lhe a vida e obrigada por presentear-nos com sua linda escrita.
Parabéns, poetisa.

Abs
Ramgad


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 17/09/2010 14:22  Atualizado: 17/09/2010 14:22
 Re: CANTAR A MORTE
Gostei muito do que nos deixou. A vida é um bem precioso. Vou deixar-lhe uma pequena prosa poética.

Cabra Cega

A vida é um eterno jogo onde o sentimento se esconde
Passam os dias numa encruzilhada de sentires; fechamos os olhos
Iludimos a emoção, tatuamos a paixão e cegamente prosseguimos

Deixamos que o amor seja apenas tocado, num jogo de agarra e foge
Os anos passam e os caminhos seguem paralelos, na agonia provocada
Trocam-se posições e continua o jogo da cabra cega

A vida nunca deixa de ser criança, quando adulta segue as mesmas regras
Perde-se a inocência, mas as dores que nunca se aprendem segue-nos nos caminhos
Caminhos com um único destino: O teu corpo

As punições que nos são impostas têm a dor dos espinhos da mais bela flor,
A minha que se abre em amor.
Colho cada lágrima derramada e com ela fabrico laços; os da perdição

Os laços seguem o rio como destino apedrejado na união
E os frutos que deveriam ser de amor como as cerejas
Crescem cardos onde as florescências aguardam a beleza

E com beleza te sinto e aguardo que tires a venda e me vejas já sangrando
No sangue sempre vestido da cor luminescente da esperança.


Beijo azul