Porque me atormenta a saudade
E me ataca sem piedade
Quando a penso derrotada?
Colhe-me sem pré-aviso e num momento impreciso
Derruba o meu escudo.
Deita por terra, tudo!
Até as armas com as quais contra ela, luto...
Ah, tão astuta esta invasão dolente
que me oprime sem que eu a queira,
aceite ou afugente.
Olhando-me friamente, acho-me tão louca
num choro (quase) sem razão...
Verto lágrimas como um rio, frio
que me gela e inunda.
Num gesto de raiva profunda
Seco-as com a palma da mão.
Pergunto-me porque vacilo?
E me vergo sempre, ainda que inconsciente
a este sentimento, como uma redenção...
Neste sentir exacerbado, chamo-me de tola e exagerada.
Se sinto saudade é porque amo e se amar glorifica
Porque me sentirei derrotada?