Poemas : 

. menos um

 
. Lembro agora um nome, colado a um corpo. Nome e corpo. Indistinto, o corpo. Presente, o nome.
Talvez devesse ser o contrário, pois o corpo sente, respira e aquece e arrefece. O nome só nos faz lembrar o corpo.
. Nunca respondi à pergunta do porquê de esse nome me ser tão distinto, colado à memória. Talvez para não me sentir esmagado, pois que a dor é, também, palpável ao causador. O nome colou-se-me à dor da memória do teu corpo não colado ao meu. A dor de lembrar a tua dor.
. Lembro o teu nome dito nos meus lábios. Não sentido. Daí nunca o teu corpo ter sido no meu.
. Queria dizer-te agora que os lábios não são os mesmos. Estes lábios. Mesmo só para te dizer que estes lábios não são os mesmos. Só para te dizer que me lembro do teu corpo colado ao teu nome.




 
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Samuel.F
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Enviado por Tópico
samanthabeduschi
Publicado: 27/10/2010 00:57  Atualizado: 29/10/2010 02:00
Da casa!
Usuário desde: 09/07/2009
Localidade: Curitiba - Brasil
Mensagens: 426
 Re: . menos um
Surpreendente. Muito interessante!!! Amei o ponto antes do texto como se começasse pelo fim... Muito bem vindo ao site.

What's in a name, a rose by any other name would smell as sweet.
In: Romeo and Juliet by William Shakespeare

Grande abraço
Samantha

PS: Compartilhei o seu texto no Facebook. Espero que isso não o aborreça.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/10/2014 23:47  Atualizado: 11/10/2014 23:47
 Re: . menos um
realmente a forma como vc construiu seu texto mostra uma originalidade q surpreende no final,o bacana é q eu nunca pensado pelo seu ponto de vista.
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Enviado por Tópico
Margô_T
Publicado: 10/07/2016 08:38  Atualizado: 10/07/2016 08:38
Da casa!
Usuário desde: 27/06/2016
Localidade: Lisboa
Mensagens: 308
 Re: . menos um
Os lábios que outrora diziam o nome “não sentindo”, já “não são os mesmos”, por isso o nome é mais “presente” que o corpo que ficou (para sempre?) “indistinto”.
É o nome que nos lembra o corpo (ou a memória que temos dele), mas é o corpo que “sente, respira e aquece e arrefece”; por isso “colado à memória”, o nome traz a dor que o corpo sente.
Uma discorrência, aparentemente branda, que nos traz a subtileza de um nome que não foi corpo-no-corpo, mas que é nome no corpo que o sente.
Gosto.