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ACÇÃO DO EXECUTIVO CONTRA CHEIAS CHEGA A USD 39 MILHÕES E TRAVA ASSOREAMENTO DOS RIOS EM BENGUELA

 
Devido aos rios que a atravessam, a província de Benguela sofreu bastante os efeitos dos principais fenómenos climáticos como a cheia que ocorria com mais frequência nos rios Cavaco, Coporolo e Catumbela, em cujas margens nas últimas décadas, as populações ribeirinhas enfrentaram inundações periódicas que provocaram mortes de pessoas e animais domésticos, além da destruição de casas e largas áreas agrícolas.
Um dos principais problemas que afectam os rios, mormente, os que passam por grandes cidades, é o assoreamento. Neste processo ocorre o acúmulo de lixo, entulho e outros detritos no fundo dos rios, o que faz com que estes passem a suportar cada vez menos água, provocando enchentes em épocas de fortes chuvas.
As fortes chuvas que caíram a montante dos rios Coporolo, Cavaco e Catumbela contribuíram para o aumento do seu caudal, causando enormes danos estruturais. Mais de 85 hectares de terras aráveis e diversas infra-estruturas foram destruídas no Dombe Grande, no Vale do Cavaco e na Catumbela. Em alguns lugares dessas localidades, povoados inteiros foram inundados causando a deslocação dos seus habitantes para zonas mais seguras.
A caducidade, em alguns casos, e a destruição, em outros, dos sistemas de alerta rápido e de outros de monitoria e instrumentos de previsão e medição do caudal dos rios, como os higrómetros instalados no período colonial em várias estações meteorológicas e a ausência ao longo de muitos anos de trabalhos de manutenção para regular o leito dos rios, fez com que as enchentes se repetissem, apanhando de surpresa as vulneráveis populações, incapazes de por si mesmas, ultrapassar os níveis de calamidade que o transbordo dos rios provocava.

Acção da natureza

Dos rios do litoral da província de Benguela, o Coporolo é o mais problemático e cujas enchentes causaram mortes, destruições, sofrimento da população ribeirinha e o desalojamento de pelo menos seis mil e cem pessoas ao longo do rio, sobretudo nas povoações de Luacho e Senje, onde os diques de protecção de ambas as margens foram destruídos, para além de estas localidades terem estado sempre na iminência do isolamento viário face ao estado precário das estradas que acumulam lamas e buracos ante às condições meteorológicas adversas.
Em Abril de 2001, o manancial de água do rio Coporolo transbordou e arrasou tudo o que encontrou pelo caminho. A população da comuna do Dombe Grande, estimada em 80 mil habitantes, entrou em pânico total devido ao sucedido. A inundação devastou lavouras e desalojou os populares.
Já o rio Cavaco, nos arredores da cidade de Benguela, registou três grandes enchentes nos anos de 1979, 1983 e 2002. A última, a mais severa, provocou o desabamento da ponte sobre o rio Cavaco, substituída em Março de 2005 por outra moderna.
A “fúria do Cavaco” em 2002 destruiu também mais de 200 casas e 35 hectares de culturas de populares nos bairros do Calomburaco, Cotel, Calomanga e Seta, além de ter causado a morte de duas pessoas arrastadas pelas correntes das águas.
Enquanto isso, o rio Catumbela, de regime permanente, apresenta até aqui os índices de assoreamento mais baixos dos últimos tempos, razão por que não provocou grandes inundações ao contrário dos outros dois, mas a expansão natural do seu caudal devastou nos últimos oito anos 50 hectares de terras agricultáveis, afectando assim a produção agrícola local.
Para evitar catástrofes, revelou-se importante a intervenção do Executivo com esse projecto de manutenção dos rios, através do processo de desassoreamento, que consistiu em retirar do fundo dos rios, com o uso de máquinas, todo tipo de lixo e detritos depositados, de modo que se aumente o escoamento do caudal para o mar.
Depois de muitos apelos, finalmente, o Governo planificou os recursos financeiros e lançou mãos à obra para o desassoreamento inicial dos três Cês: Cavaco, Coporolo e Catumbela, com 39 milhões de dólares norte-americanos para dar mais segurança e tranquilidade às populações ribeirinhas que sofreram bastante os efeitos devastadores das inundações.
Como prevenir é melhor que remediar, além do desassoreamento dos três rios, as autoridades locais dão-se conta que precisam de implementar outras medidas para prevenir eventuais secas, por meio da construção de três estações hidrométricas em Benguela, com vista a monitorar o sistema de alerta rápido das chuvas na região.
Os empreendimentos, que consistem na medicação dos níveis de águas em rios e índices pluviométricos (chuva), estão orçados em um milhão de dólares americanos, num financiamento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e o Inarate, uma instituição da Noruega ligada aos serviços de protecção civil.
Mais do que combater enchentes e garantir maior segurança às comunidades locais, às culturas e às infra-estruturas diversas localizadas nas proximidades das margens dos rio, a regularização veio mudar a “cara” desses rios, bastando para tal passear por uma das margens e se surpreender ao ver o rio aparecer em locais onde antes só havia entulho e agora uma agradável vista panorâmica.
“As obras de regularização dos rios Coporolo, Cavaco e Catumbela também têm um forte cunho social”, como explica Manuel Ximenes, da Odebrecht, responsável pelo projecto. O Coporolo e o Cavaco são rios intermitentes, mas representaram uma ameaça iminente à vida das populações e às actividades agrícolas em suas margens. “Há anos, quando chovesse nas cabeceiras, sempre na mesma época do ano, entre Novembro e Abril, as águas retornavam com muita força, derrubavam casas, acabavam com as plantações e às vezes faziam vítimas mortais”, recorda.
Sublinhou que no rio Catumbela as obras de regularização estão mais avançadas e revelaram a existência de diques antigos, abandonados, sem manutenção há mais de 40 anos, mostrando que os problemas das enchentes já perduram há muito tempo.
Destacou que nas épocas de chuvas, estes trabalhos jogam um papel fundamental na contenção das águas pluviais no curso dos rios por meio de diques, protegendo Catumbela das cheias do rio Catumbela; Benguela, do Cavaco; e Dombe Grande, do Coporolo.

Conquista
O vice-governador provincial de Benguela para o Sector de Organização e Serviços Técnicos, Eliseu Epalanga, entrevistado pela Angop, confirmou que a primeira fase de regularização do leito destes rios foi implementada com êxito, por cujos benefícios sociais as populações ribeirinhas se alegram, pois ainda que chova grandes quantidades, os receios de que as casas sejam desabadas e as culturas alagadas e arrastadas ao mar já pertencem ao passado.
Eliseu Epalanga anuncia para breve o inicio de uma segunda etapa destinada à conclusão do processo de regularização, com obras mais profundas nas bacias hidrográficas dos rios.
“Acredito que os benefícios serão duplicados depois dessa derradeira intervenção que virá a ampliar a capacidade de retenção das águas pluviais e o seu escoamento até ao oceano Atlântico, evitando o risco de, em pouco tempo ficarem novamente assoreados”, sustentou.
Também lembra os enormes prejuízos causados pelos três rios às populações em suas margens, para além de que quantidades consideráveis de culturas plantadas nas imediações do Cavaco, do Coporolo e da Catumbela tenha sido destruídas.
Face a essa situação, disse, as autoridades accionavam os mecanismos de emergência, retirando as famílias das áreas afectadas, realojando-as em tendas instaladas em localidades mais seguras e providenciando os kits de ajuda, como alimentos não perecíveis, artigos de higiene e limpeza, roupas, colchões, cobertores, mosquiteiros e medicamentos para o tratamento de doenças como a diarreia, comum na época chuvosa.
“Se se justificar a edificação de uma marginal junto ao rio Cavaco, tal como aconteceu no Catumbela, o governo empenhar-se-á para tal, notou, asseverando que o país está em desenvolvimento, daí que as autoridades assumam a responsabilidade de criar condições para evitar que a população sofra com o transbordo dos rios.
Para o director provincial do Urbanismo e Habitação, arquitecto Zacarias Camuenho, o desassoreamento é uma acção de prevenção contra eventos climáticos como cheias, protegendo a população, as habitações construídas nas margens e as zonas agrícolas, no município de Benguela e nas comunas da Catumbela (Lobito) e Dombe Grande (Baía Farta).
Já na visão do engenheiro agrónomo Abrantes Sequesseke, director provincial da Agricultura e Desenvolvimento Rural em Benguela, há multo que estes rios necessitavam de desassoreamento para atenuar os transtornos ocasionados a população ribeirinha e evitar novas e perigosas inundações.
Sequesseke considera o desassoreamento dos três Cês (Cavaco, Coporolo e Catumbela) de grande conquista à população, o que só foi possível devido à visão estratégica do Executivo angolano. Isto veio ainda relançar a agricultura nos vales dos rios, uma vez que as culturas e infra-estruturas produtivas foram afectadas pelas últimas enchentes.
Sinistrados vêem sonho transformado em realidade
Entrevistadas, algumas das vítimas das cheias nos bairros do Calomburaco, Cotel, Calomanga e Massangarala, nas margens do rio Cavaco, mostram-se felizes porque não sofrem mais com as chuvas que antes faziam o rio transbordar, tirando o sono à população impávida e serena ante a fúria da natureza e aos danos materiais e humanos.
Gaspar de Oliveira Pereira e César Armando, que vivem no Calomburaco há mais de 10 anos, dizem que a regularização do leito do rio é uma bonança, depois da tempestade, mas sugerem a construção de balneários e lavandarias públicas na segunda fase do projecto para a educação da população na preservação do meio ambiente.
Ambos os interlocutores, cujas casas estão reconstruídas uma da outra, lembram, emocionados, o inolvidável domingo de Páscoa, em Abril de 2002, “quando as águas do rio Cavaco galgaram inesperadamente às margens, as suas casas foram destruídas e só depois de um ano as reedificaram , em meio a muitas dificuldades.
Para a camponesa Cristina Kandimba, 89 anos de idade, residente no Cotel há 60 anos, a população está orgulhosa pelo trabalho feito pelo Governo, os receios que antes marcaram o seu quotidiano já ficaram para trás e com o desassoreamento do rio, agora há mais força e vontade de trabalhar para ajudar o país a desenvolver-se.
“Depois de as chuvas torrenciais de 2002 terem feito o rio Cavaco transbordar, as pessoas ficaram muito aflitas sem saber o que fazer, porque as suas casas foram atingidas e arrastadas pela força das águas. Perdemos os nossos parcos recursos, mas tudo isso já passou”, ironiza Cristina Kandimba, que louva a boa vontade política do Executivo angolano, para que esta obra de combate a enchentes fosse concretizada.
Por sua vez, o soba adjunto dos bairros Cotel, Massangarala e Quioxe, adjacentes ao rio Cavaco, Fabião João, diz que o desassoreamento ajuda a combater às enchentes, daí que a obra esteja a ser aplaudida por todos quantos já sofreram, visto que as casas e culturas estão mais protegidas.
Curso dos trabalhos
Fiscalizadas pela firma libanesa Dar Al-Handasah, as obras, que compreendem uma bacia hidrográfica na ordem dos 38 mil metros quadrados, foram adjudicadas em Outubro de 2005 à empreiteira brasileira Odebrecht em parceria com a Paviterra, e tiveram um cronograma de execução de 18 meses, em duas fases: a primeira contemplou a construção de diques de protecção nestes rios e a feitura de aterros na ordem dos 834 mil metros cúbicos para regularizar os seus caudais.
A etapa complementar está reservada para obras de carácter definitivo, contemplando as infra-estruturas hidroeléctricas, económicas e sociais ao seu redor, com realce para a açucareira do Dombe Grande, no caso particular do rio Coporolo.
O rio Catumbela foi desassoreado numa extensão de 17 mil e 500 metros quadrados, o Coporolo em 16 mil metros quadrados, enquanto o Cavaco em quatro mil e 500 metros quadrados. No último, prevê-se a construção de uma avenida que se ligará à marginal da Praia Morena ao longo do rio, o gerou expectativa nos munícipes.
Só nas obras no rio Cavaco, onde foram feitos diques de protecção de quatro metros de altura e igual número de largura, numa extensão de 12 quilómetros de aterro, trabalharam cerca de 100 pessoas, dos quais dois brasileiros, que movimentaram oito camiões basculantes, duas moto niveladoras, um buldozer, uma retro escavadeira, uma retro compactadora, além de dois camiões cisternas.
No Catumbela, onde a edificação de diques abrangeu apenas três quilómetros da margem direita, houve uma alteração para a melhoria do projecto inicial, que se baseou na construção do dique e de uma via de acesso com quatro metros de largura, além da inclusão de um projecto que visou à construção de uma marginal de 50 metros que deverá ser loteada para se erguer residências, áreas de lazer, adjacente ao actual zoológico.
Seria utopia descurar o benefício directo do desassoreamento dos rios Catumbela, Cavaco e Coporolo na geração de 500 postos de trabalho que diminuíram os índices de desemprego no seio dos jovens, alguns dos quais receberam nos estaleiros da Odebrecht a formação técnico-profissional em construção civil, motoristas de caminhão, operadores de máquinas pesadas e auxiliares técnicos.
Uma pujança à agricultura e ao turismo

De acordo com o director provincial de Benguela da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Abrantes Sequesseke, os rios Coporolo, Cavaco e Catumbela contêm bacias hidrográficas úteis ao fomento da actividade agrícola, por isso o seu desassoreamento proporcionará bons rendimentos aos agricultores, visando desenvolver a economia dessas localidades.
Afirma que após a província ter perdido nos últimos oito anos mais de 85 hectares de terras aráveis, em consequência das inundações, chegou o momento adequado para se reinvestir no sector agrícola, mormente nas localidades mais afectadas pela crise.
Asseverou que só nas margens do rio Cavaco foram destruídas cerca de 35 hectares de terras aráveis e 50 na Catumbela, por causa das águas torrenciais que transbordaram dos rios. Em relação ao Coporolo, o responsável foi parco em pormenor.
O engenheiro agrónomo atesta que desassoreamento trouxe benefícios incalculáveis, como o relançamento e aumento da actividade agrícola em Benguela, na medida em que os agricultores já não perderão áreas aráveis junto aos rios Cavaco, Catumbela e Coporolo nas próximas décadas.
Para os agricultores Gaspar Pereira e Cristina Kandimba, agora os camponeses trabalham com mais tranquilidade e auto-confiança. “Nos terrenos agrícolas, junto às margens do Cavaco, estamos a relançar a agricultura para a subsistência das famílias, através dos rendimentos que aliviam as dificuldades sociais por que passávamos”, frisaram.
Neste momento, reconheceram os homens do campo, a maioria dos agricultores locais afectados pelas enchentes já retomou as suas actividades nas margens do Cavaco, estando a produzir hortofrutícolas e tubérculos.
No Cavaco, segundo dados, havia no período colonial 700 hectares de bananais diversos, cuja produção se estimava em perto de 25 mil toneladas da banana destinadas à exportação para Portugal, Áustria, Suíça, Alemanha e Dinamarca, graças à estabilidade que reinava e às estruturas para o apoio técnico-científico.
Actualmente o nível de produção deste produto reduziu drasticamente dado, por um lado, ao conflito armado que assolou no país e fez com que os agricultores estivessem incertos à produção e, por outro, ao fraco apoio técnico e material a que estavam votados neste período de instabilidade.
Com o actual ambiente de paz e estabilidade económica, o Executivo, para além de combater às cheias, vem criando condições favoráveis para impulsionar os investidores estrangeiros a contribuírem no relançamento do sector agrícola em localidades cujas potencialidades estejam comprovadas.
A Catumbela dispõe de inigualáveis belezas tropicais, como o parque dos Bambus, as Palmeirinhas e o majestoso curso hídrico que serpenteia dentre montanhas. Tais potencialidades turísticas estão a ser por meio do desassoreamento aproveitadas gradualmente.
Prova inequívoca disso, é o facto de ter sido construída uma grande avenida marginal no rio Catumbela, onde estão projectados prédios, hotéis e restaurantes, criando um complexo turístico que valorize a beleza da região e estimule o turismo.

Obs: Caros amigos, estou a preparar esta peça para concorrer ao prémio provincial de Jornalismo em Benguela e Nacional em Angola, por favor leiam e sugiram novo título ou mesmo a estrutura em termos de conteúdos. Preciso da vossa ajuda para pelo menos conseguir estar entre os três melhores de ambos os galardões.


FAÇO DOS PEDAÇOS DA MINHA VIDA UM POEMA QUE RECONSTROI OS MEUS SONHOS DESFEITOS...

 
Autor
Joséhonório
 
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