Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 117

 
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1

O fogo da paixão se mostra exposto
Incendiando tudo à nossa frente,
Sentindo em tua pele, raro gosto
O quanto de prazer já se pressente!

Sonhar tua nudez, clarividência
Caminho tão profano e desejado.
O sol que nos queimando em florescência
Estampa o gozo audaz e procurado.

Carícias que trocamos são promessas
De um dia mais feliz que eu sei, virá,
O quanto me desejas e confessas
Mostra minha vontade desde já.

Assim, dois viajantes da esperança,
Entranham com delírio a mesma dança...


2


O fogo da paixão que tanto ardia
Moldando uma esperança onde prevejo
Virá com mais ardor nosso desejo
Alçando um novo tempo em alegria.

Apenas em carinhos se previa
Um mundo mavioso e tão sobejo,
Levando ao desencanto, o seu despejo,
Pois num canto se irmana a cada dia.

Nas chamas atrevidas, mais audazes,
Os lábios tão gulosos são capazes
De tantas peripécias num momento.

Enamorados vamos pela vida,
Reféns da fantasia que incontida,
Domando nos encharca o pensamento...



3

O fogo da paixão ardendo em brasas
Me queima simplesmente e nada mais...
Meu coração se perde em tantas asas
Voando só buscando um novo cais...

Por sobre mil cidades, tantas casas,
Sem medo de ferir-se ou coisas tais,
Vontade de sentir quanto me abrasas,
Vontade de querer-te por demais...

Na flama deste amor incandescente
Que faz com que eu me perca, num furor,
Aos poucos te deixando enlanguescente,

Roubando sem juízo, os teus beijos,
Rondando nossa cama sem pudor,
Inflama teus ardores e desejos...


4


O fogo da natura em explosão
Aguarda pelo vento da esperança
Que traga ao mais ingênuo coração
A força que se faz em confiança.
Do quanto a vida foi em negação,
Um novo alvorecer, amor alcança.

A dor que se esfumaça pouco a pouco,
Não deixa mais resquícios sobre nós
Distante de um amor, ficando louco,
Não vejo mais futuro, nada após,
Se necessário eu grito até que, rouco
Não tenha mais sequer alguma voz.

Sem lua minha noite não tem haste,
O sonho se perdeu neste contraste.



5

O fogo abençoado da mulher
Rolando em minha cama noite afora
Do jeito que o diabo sempre quer,
Exalta toda a festa desde agora.

Coroa todo o gesto que eu fizer
Na cor que em coração cedo decora.
Contigo o meu amor não vai embora
Já tenho em meu banquete um bom talher.

O quanto fui outrora temeroso,
Não tem mais no presente, semelhança,
Bebendo cada taça de esperança

Inebriado, sinto o forte gozo
Que chega da menina sem receios,
Tocando com meus dedos belos seios...
Marcos Loures


6

O foco se perdeu faz tanto tempo...
Sem ar minha arma arcando com meus erros.
Enquanto a vida for só passatempo
Contemplo em meu caminho tais desterros.

Nos astros, estros, ostras ensimesmo.
As farpas quais escarpas negam cais.
Por vezes num engano vou à esmo
Explano arcano plano, sou jamais.

Há males que com ares indecentes
Semeiam as sementes da ilusão.
Os dias em que frisas mostras dentes
Ecoa enquanto escoa solidão.

Recuos são inócuos, disso eu sei.
Sem viço, num tropeço eu já te amei...
Marcos Loures


7


O fio da esperança
atando nossos sonhos,
compondo em nova dança
momentos mais risonhos,

na fresta que se abriu
num coração sincero,
o toque mais sutil
querida, eu tanto quero,

vencer a madrugada,
deitada sob a lua,
beleza extasiada,
de uma princesa nua

que quer além do mar,
ao prazer se entregar
Marcos Loures


8


O fim que se aproxima mostrará
Que tudo foi em vão, mas eu tentei.
Silvestres emoções que desfilei
Apenas o futuro onerará.

Pagando a fantasia quero já
Servir a quem jamais imaginei,
Mas quando a poesia dita lei,
O carro no final capotará.

Da sorte abandonada numa esquina
Ao vento que em borrasca nos domina,
O quadro se tornou amortalhado,

Sou plâncton, sou tão ínfimo poeta
Que embora tenha o riso como meta
Percebo o meu destino malfadado...



9

O fim em solidão já se pressente;
O canto em fantasia preconiza
Mudanças nestes ventos, na corrente
Trazendo a calmaria feita em brisa.

Durante tanto tempo andei sozinho,
Carrego em minhas costas cicatrizes,
Uma amizade estende em doce vinho
Esperança de dias mais felizes.

Durante tantos anos, cego e só,
Vivendo por viver e nada mais.
A cada novo sonho, um novo nó
Deixando bem distante o ledo cais.

Enquanto as esperanças desabavam
Tristezas sem igual me maltratavam.
Marcos Loures


10

O fim dessa amargura e sofrimento
Que expõe a face oculta da pantera,
Lambendo a sua cria, num momento
Adentra em nossa pele, amarga fera.

Andando sem destino pelas ruas,
Crianças são expostas qual troféu,
Enquanto sutilmente as carnes cruas
Vendidas mais baratas que papel

Jogadas sempre às traças por quem anda
Olhando para estrelas de cinema
O que se disse outrora já desanda
Amor não pode ser só um problema

Vencendo as injustiças, na verdade,
Ouçamos a voz mansa da amizade...
Marcos Loures


11

O ferro na boneca naufragou,
O beijo na verdade foi à toa.
O quanto meu desejo desejou
Ainda refletindo não ressoa.

Mineiro quando vê de perto o mar
Esquece da lagoa, num segundo.
Vontade de em teus braços mergulhar,
Porém o coração é vagabundo...

Um troço que destroça o tal do amor,
Eu truce uma esperança que trucida.
Vem logo desfrutar desse calor
Que vale, com certeza, toda a vida.

“ Um bolo de fubá, barriga d’água”
Faz tempo que não vejo alguma anágua...
Marcos Loures


12

O encanto feito amor rejuvenesce.
Trazendo ao desespero o seu descarte
É como se, querida eu já pudesse,
Alçar em pensamento qualquer parte

Do espaço em que o prazer assim se tece,
Alçando uma alegria, assim, destarte,
Agradecer a Deus, em louca prece,
Alvíssaras risonhas que reparte

Amor em nossos corpos, cada vez
Que a noite nos impele, insensatez
Sabendo que amanhã o sol nos queima.

E mesmo que vivemos esta sorte,
Resquício do que houvera em fundo corte,
Às vezes um temor ainda teima,
Marcos Loures


13

O fato de ter sempre este jamais
Esconde uma ironia do passado,
Talvez eu não tivesse imaginado
A falta que me faz seguro cais.

Eu te asseguro e falo sempre mais
Do amor que muitas vezes renegado
Precisa ser deveras cultivado
Com mãos mais delicadas, pontuais.

Às vezes num descuido nós não vemos
Que o barco necessita de seus remos,
Senão capotará mesmo em regato.

Palavras malfazejas que maltratam,
Olhares cabisbaixos já retratam
Um riso que se encontre em desacato.
Marcos Loures


14

O fardo que carrego tanto pesa
Que impede a caminhada vida afora,
O vento que em momentos sempre aflora
Ao mesmo tempo nega e põe a mesa.

Meu riso quando usado por defesa
Denota que entendi, pois desde agora,
O mar que me inundou já foi embora
Tocado pelos ventos da surpresa.

Verdades conhecidas nesta andança
Marcando a ferro e fogo uma esperança
Entranha em minha pele qualquer acha.

Sabendo desde sempre deste fato,
Na correta assertiva eu me retrato:
Decerto quem procura jamais acha.
Marcos Loures


15

O fardo da existência tanto pesa
Nas costas de quem quer ser mais feliz.
Sorrisos e palavras, vã defesa.
Nem sempre o que se fala é o que se diz.

A vida vai se expondo sobre a mesa,
E ao perceber que sou um aprendiz
Às vezes se emoldura com beleza
Em outras vai negando o que eu mais quis.

Sozinho, no começo e no final,
Restando tão somente o simples nada.
Estrelas que carrego no bornal

Não servem pra guiar por toda a estrada.
Da vida que passei, sempre lutando
Minha amiga, ao vazio retornando.



16

O fado que persigo tão escuro
Em muros e murais são meus cantares
Andando com certeza chão tão duro,
Espero me encontrar Sírius, Antares.

Oprime-me esse medo desse enredo
Que cedo não domino esse querer...
Libando liberdade labaredo
E vedo tal degredo de não ver.

Qual lobo que percebe seu uivado
Ceifado destes cortes cicatriz.
Andando por teu mar crucificado
Fincando minha estaca onde bem quis.

Perpétua gentileza que se esquiva
Na viva mansidão densa e cativa...


17

Ô Dunga, teu timeco vale nada
Pior que o Botafogo de Borer.
A turma com certeza está cansada,
Por isso vou meter minha colher.

A bola com carinho, se tocada,
Permite se fazer o que quiser,
Porém do jeito que anda, tão quadrada
O resultado, amigo, ninguém quer.

Por mais que isso pareça redundância
A gente joga bola com o pé
Não é, posso dizer com a bundância

Roçando cada parte do gramado.
Mas digo, companheiro eu tenho fé
No fundo, eu já estou acostumado...
Marcos Loures


18

O dono dos teus sonhos, minha amiga,
Há tempos se perdeu em outra estrela.
Ausência de quem amas já revela
Que o amor quando se vai te desabriga.

A sorte que imaginas, forte viga,
Destino em outra senda agora sela
Corcel de uma esperança tão singela
Se atrela noutro espaço, mas prossiga.

Não deixe que isto mate a fantasia
Apenas siga em frente, nada mais.
Enquanto outro caminho, noutro cais

A vida proporciona, o sonho cria
Não deixe de sentir na paisagem
O vento da ilusão, em outra aragem.
Marcos Loures

19


O dom da calmaria, enfim, alcanço
Rolando em plena noite um som suave.
O canto que se espalha calmo e manso
Retira do caminho, pedra, entrave...

Na nave dos meus sonhos chego a ti,
O quanto que te gosto, não consigo
Falar em simples verso o que senti,
Na música a tocar, tudo o que digo.

Escute a melodia, ela diz tudo
Nas notas da canção, neste estribilho,
Por mais que eu fique aqui, calado e mudo
Retrato que se mostra, tom que eu trilho.

Declaração de amor simples balada,
Não falo e nem preciso dizer nada...


20

o do Jegue sou eu mesmo
já cansado de sonhar,
um comedor de torresmo
trovador que quer cantar
caminhando sempre a esmo
sem ter canto pra parar

a minha alma de mineiro
com certeza está maluca,
comendo feijão tropeiro
ou leitão à pururuca
o meu canto é mensageiro
da verdade que machuca

minha amiga, então prazer!
Como é bom te conhecer...
Marcos Loures


21

O dito por não dito, deixe assim,
O quase nunca vale, é sempre o nada,
Havendo no caminho uma guinada,
O templo já desaba, está no fim.

À rosa eu ofereço o meu jardim,
A moça se sentindo perfumada
Responde que é vazia a minha estrada
E segue o seu destino, vai sem mim.

Desejo boa sorte, tão somente,
Futuro noutro braço iridescente
Poente da emoção, sigo vazio.

No fundo merecia alguma chance.
Das velhas picardias de um romance
O picadeiro segue em vão, sombrio...
Marcos Loures


22

O diabo empunhando os seus fuzis,
Mordaças espalhadas pelas ruas,
Estrelas que julgara nossas, nuas,
A vida se escorrendo por um triz.

Antigos testamentos, mão violenta,
A velha gargalhada dos profetas,
Descaminhos formados por tais setas,
Sequer algum perdão, já me apascenta.

E morro sem saber de uma saída
Do velho labirinto em cruz e fogo.
As rédeas; arrebento, e neste jogo,

Sem preparar dissídio ou despedida,
Eu rasgo os meus temores, solto a voz,
E cuspo na mortalha deste algoz...



23

O dia-a-dia cala e me arremete
Aos braços do marasmo em que me dou.
Reflexo de um vazio demonstrou
Felicidade a mim não mais compete.

Eu não suporto, enfim, jogar confete
Demonstro na verdade quem eu sou.
Se o sonho há tanto tempo desabou,
O amor que tanto eu tive não repete.

Se eu falo com terrível acidez,
A culpa é deste mar cotidiano.
Quem tem um coração quase cigano

Necessita de um ar de insensatez.
Amor já não reflete o pensamento,
Da morte em redenção, pressentimento...
Marcos Loures


24

O dia se mostrando luminoso
Pra quem concebe ter amor urgente,
Um sonho que se mostra glorioso
Tomando o coração, invade a gente.

Na força da amizade, em pleno gozo,
No bem que a se mostrar nos oriente
Moldando um mundo manso e fabuloso
Aonde ser feliz já nos contente.

Somadas nossas forças, minha amiga
Certeza de que a vida em paz prossiga
Numa emoção divina e triunfante

Deveras sendo assim nossa amizade
Que é feita na total sinceridade
Mostrando o melhor rumo a cada instante...
Marcos Loures



11625


O dia se esgueirando no crepúsculo,
Brincando com as cores do sol pôr,
Reteso meu desejo em cada músculo
No lusco fusco busco o meu amor.

Um vento quase brusco em luz que ofusca
Prepara para a noite um espetáculo,
Amor ao se esconder da louca busca,
Aguarda a previsão em outro oráculo.

Nem menos eu pergunto aonde foi
Que te perdi estrela derradeira.
Brejal em sinfonia sapo boi
Fazendo em plena noite barulheira

Avisa ao coração que amor chegou
Nas pernas da morena que passou...


26

O dia se esgueirando atravessa as veredas
Trazendo no sol-pôr matizes mais diversas,
Ao mesmo tempo, amada em sendas que enveredas
As chamas da esperança; acabam-se, dispersas...

Cobertas nesta cama, em raríssimas sedas
Na treva deste amor as horas são perversas
Rebanho constelar vagando em alamedas
De sonhos e luar, as ilusões que versas.

Adormecido sonho, espera pelo bote
Que possa permitir; quem sabe uma ventura.
O gozo em sofrimento, estrada, rumo e mote

Inunda o rio em foz e salga-se no mar,
Na espreita por; talvez uma última ternura,
A amargura realça o doce bem de amar...


27

O dia raiará maravilhoso,
Esta esperança sempre vem comigo,
E dela com certeza, o manso gozo
De quem enfrenta em paz qualquer perigo.

Ao menos inda guardo o fabuloso
Sorriso de quem amo e a quem persigo
Além da luta inglória, é caprichoso
O mar que inda carrego e creio amigo.

O barco que soçobra em fortes ondas,
À noite te procuro em tantas rondas
E vejo tua marca pelo chão.

A lua se entornando nas calçadas
Transitam ilusões tão maltratadas,
Aguardo para o fim, rebelião...
Marcos Loures


28

O dia prometido, na manhã
Que traz em sangramento, o novo dia,
Deixando uma palavra solta e vã
Causando em nosso amor, hemorragia.

A sorte se fazendo bem malsã
Transporta a tempestade em agonia,
Quem dera se a esperança guardiã
Mostrasse sua face em harmonia.

Ao ver o teu sorriso desdenhoso,
Eu lembro-me do beijo feito em gozo,
Agora desfilando em outra tez

Pressinto que não tenho quase nada,
Quem dera ressurgisse na alvorada
O amor que bem distante, a gente fez...


29


O dia mais ameno, anunciado
Notícia que não li nem nos jornais,
Apenas por estar apaixonado
Prevejo estes luares magistrais.

Não quero penitência nem polícia
Tampouco uma censura que nos tolha.
Plantando em tua pele tal delícia
No gozo prometido a minha escolha.

Meninas em jardins, belos jasmins
Florescem entre mil sonhos, colibris,
As bocas da esperança, carmesins
Dourando o meu caminho mais feliz.

Sem cercas meu quintal cede ao cultivo
Nas sombras do arvoredo, agora eu vivo...
Marcos Loures


30


O dia fugitivo perde o lume
Do sol que derramava seu calor.
Dama da noite acende seu perfume,
Adolescentes buscam sonho, amor...

As dúvidas renascem nos casais,
Pirilampos, corujas, fátuo fogo.
O frio feito em treva; a noite traz.
Amor já recomeça o velho jogo

Os bares são tomados, juventude,
Os lares apagados, discussões.
A namorada pede uma atitude,
Milhares de pecados e perdões...

Contigo do meu lado, a lua diz,
Em raios derramados: És feliz!



31

O dia foi difícil, minha amada,
Eu trabalhei demais isso eu não nego,
Cansado do batente, estou no prego,
Desculpe; eu não agüento enfim, mais nada...

Quem sabe, se depois, na madrugada,
Depois de descansar, me recarrego.
Amor que tantas vezes vaga cego,
Precisa ter a dose reforçada.

A sorte é que inventaram um reforço
Que faz um velho assim, já ficar moço
E mesmo com cansaço que me açoda,

Eu possa te causar um alvoroço.
Falaram que o danado é um colosso,
Assim é noite e dia, tanta foda...


32



O dia em farta luz renascerá
Tomando este cenário raro e belo.
O quanto eu te desejo e digo já
Expressa um renascer calmo e singelo.

Rastelo em minhas mãos anunciando
Arado campo em flores cultivado,
O tempo permitindo desde quando
Amor se fez intenso em alto brado.

Regando com firmeza em paz serena
Avencas e crisântemos, jasmins e rosas,
Canteiro tão prolífero em verbena
Celeiro de delícias fabulosas.

Nas tílias que plantaste dentro em mim,
Perfuma intensamente este jardim...
Marcos Loures


33

O dia em alegria vem raiando
Invade com seus brilhos nossa casa,
Fagulhas antevendo intensa brasa
Que aos poucos todo o sonho vem tomando.

Sinais que amor nos mostra, decifrando
A sorte nos sorri e não se atrasa
O pensamento, enfim vai criando asa
E não pergunta mais aonde e quando.

Apenas se deixando navegar,
O velho timoneiro adentra o mar
E o gozo da alegria já pressente.

Captando a luz intensa deste sol,
Seguindo o brilho insano de um farol,
Amor mudando o rumo, de repente.
Marcos Loures


34

O Pai que nos criou em pleno Amor,
Desenha sobre a Terra belas telas,
Em Sua plenitude, o criador,
Concebe a maravilha que revelas

Ao teres no sorriso, um aliado,
A força insuperável do carinho.
O ser que com fortuna foi criado,
Sabe a consagração do pão e vinho.

Que seja a Comunhão, nossa bandeira,
Mudando a direção dos velhos passos.
Espalhando este amor na terra inteira,
Ocupando com Fé, tantos espaços.

Assim nós venceremos o inimigo,
Reconhecendo, enfim, cada perigo...


35

Ó Pai dos infelizes, sofredores,
Espalhe Tua luz sobre este povo,
Perdido nos altares e louvores,
Tentando conhecer o que há de novo.

Renove esta esperança, com firmeza,
Que tudo seja simples como o Amor,
Que traz dentro de Si, toda a beleza,
Cevando com carinho, cada flor.

Jardins que Cultivaste em mansidão,
Vencendo os temporais com calmaria.
Bonança prometida a cada irmão

Que souber decifrar Tuas vontades.
Amar quem nos maltrata; já dizia
Aquele que ensinou estas verdades...


36

Ó Pai dos desgraçados, me permita
Falar do Amor eterno que ensinaste.
Sabendo lapidara esta pepita
Sem louros, nem vitórias, Tu és haste.

Ao Bem sem injustiças, já me incita
O Amor; tão bela herança que legaste.
E quando, sobre o mar, meu olhar fita,
Azuis em tons diversos, um contraste.

Mudando a direção, tal timoneiro
Que amou sem ter limite; por inteiro,
A todo ser que, um dia, o Pai criou.

Do moço carpinteiro que era rei,
E um dia semeou em toda grei,
E a todos, no perdão, abençoou...


37

O olhar que outrora fora meu farol,
Disperso em tantas trevas que hoje trago
Encontra no vazio um doce afago
Moldando inútil sonho, perde o sol.

Estrada destruída, e sem patrol
Jamais terei de volta aquele lago,
Que um dia num mergulho manso e mago
Senti sobejo gozo em arrebol...

Paragens que encontrei são tortuosas,
As horas que julgara prazerosas,
Sem rosas nem jasmins, morreram tolas.

Afetos são apenas ilusões,
Os ventos se misturam, turbilhões
Sorrindo com sarcasmo, me degolas...
Marcos Loures


38



O olhar que apascentando nos permite
Vivenciar aqui o Paraíso,
Enquanto nos Seus braços me matizo,
O amor não reconhece mais limite.

No zênite este brilho inebriante
Confunde-se com mar, convida a lua
Que extasiante ao fundo assim flutua
Cenário majestoso e deslumbrante.

Nenúfares bebendo desta prata,
Argêntea madrugada diz do Deus
Que sabe dos encantos raros, teus,

E traz a poesia que arrebata
Deitada sobre os olhos sonhadores
Que bêbado de luz, faz seus louvores...



39

O nosso amor, tesouro em raro brilho
é feito de esmeraldas e rubis.
Seguindo no teu corpo um belo trilho,
querida, com certeza eu sou feliz.

Não vejo mais decerto um empecilho
estando dentro em ti, tenho o que eu quis.
A noite inteira,amada eu maravilho
e peço, sem cansaço sempre um bis...

Amor feito em desejos e delícias,
carinhos mais audazes, gozos plenos.
Ao ter no corpo as marcas das carícias

encontro tanta pedra lapidada,
depois deitando em sonhos mais amenos,
renasço como o sol numa alvorada...


40

O nosso amor se oculta na manhã
Em meio a multidões, vou esconder
Aquilo que desejo num afã
Maior que essa vontade de viver?

Meus olhos vão lotados do amanhã
Numa esperança louca de prazer,
Em consciência plena, vera e sã;
Meus olhos são tão fáceis prá se ler...

Quando te vejo fico transbordando,
Sorrio num olhar, qualquer que seja.
No claro de teus olhos mergulhando,

Não posso nem sorrir, me denuncio,
A boca, sem segredos, já te beija.
E o corpo todo vibra como em cio...



41

O nosso amor restaura uma esperança
Que o jovem sempre sabe, mas esquece,
Por isso a mocidade canta e dança
Depois, simples cordeiro, só obedece...

Ao ver-te revivi doce lembrança
Que a vida em maravilha já nos tece.
Sorriso sem malícia de criança
Pureza em cada gesto, cada prece...

A primavera é mestra na promessa
De flores que procuram borboletas,
Colibris; mensageiros da alegria.

A juventude quer e bem depressa
Felicidade. Eu peço-te: prometa!
Não vamos mais perder essa magia...

42

O nosso amor permite este direito
De ser feliz e crer numa alvorada
Em cores tão diversas decorada,
Decerto neste encanto o nosso pleito.

Imerso em tantas luzes quando deito,
Tua presença em brilhos demonstrada
Divina sensação que tanto agrada,
Amar jamais será qualquer defeito...

Despeito traduzindo o desamor
E mesmo com o mar a se transpor
Encontro na Galícia um manso cais.

Amor que assim nos traz farta delícia
Entregue aos desvarios, na carícia
Imagens sem igual, transcendentais...
Marcos Loures


43

O nosso amor fulgura e pouco brilha,
Não quebra meus quebrantos nem se serve,
Nas curvas esquecidas nem se atreve,
Nas horas de desgosto nem se trilha...

Vestindo a mesma túnica, estribilha,
Não há mais serventia que conserve,
Nem há mais cançoneta, vida breve,
Que deixa de portar a maravilha...

O nosso amor fugaz e sem sermão,
Nossa Alcatraz se farta sem ter fuga
Amor que dilacera um coração,

Na certa já venceu a tempestade,
O tempo me devolve tanta ruga,
O nosso amor caminha na cidade...


44


O nosso amor derrama esta ternura
Que invade cada parte do meu ser.
Deixar de amar assim, é que é tortura,
Amor que já se esbalda de prazer...

Na boca desejada, mel e doce,
Nos teus carinhos mansos, meu desejo.
A vida, que é tão sábia, já nos trouxe
Toda a felicidade num lampejo

Voraz e tão intenso em harmonia,
Com sol e lua, mar em amplitude,
Juntando esta beleza em sintonia
Amando sempre mais do que já pude...

Eu quero o nosso amor, carta marcada,
Deitando no teu colo, minha amada....


45


O nome que bordaste com estrelas
Dizendo deste tanto que ora anseias
Do sangue que percorre tuas veias
Roubaste rubros tons em que revelas

Matizes dos desejos; aquarelas
Que outrora imaginara tão alheias
E agora com rubor tu incendeias
Cosendo maravilhas. É bom vê-las.

As esperanças servem como agulhas,
E deste encanto sei que tu te orgulhas,
Pois nele, a redenção de quem sofrera.

Descreves, ao cerzires tais belezas,
Que quando derrotada; as fortalezas
Criaste ao seduzires mansa fera...




46



O ninho que julgara abandonado
Sem ter sequer a luz de uma esperança
Refeito com um sonho imaginado,
Promete nova vida bem mais mansa...

Aquela que se fora e não voltou
Deixando espedaçado o coração,
Não sabe que favor que me prestou
Abrindo o meu caminho à salvação.

Agora que vieste minha amada,
Decerto o nosso ninho renovaste,
Trazendo novamente uma alvorada
Fincando com firmeza uma nova haste.

Reforma que fizeste neste ninho,
Cimentaste na força do carinho...


47


O nada, meu olhar vai vasculhando
Em plena imensidão, sigo vazio.
O vento da ilusão, num arrepio
Aos poucos toda a cena vem tomando.

Olhar tão carinhoso imaginando,
Um novo amanhecer; persigo e crio,
Que possa refazer antigo estio
No peito que se fez frio, nevando.

Ao ver uma presença delicada,
A moça transfigura-se na fada
Que em maga luz, a dor extraia

E faça novamente rebrotar,
Só peço e não me canso de implorar
Que a sorte transparente não me traia.
Marcos Loures


48

O nada agora ocupa estes espaços.
De súbito uma esperança ainda bate
E traz em ilusão, magistrais laços.
Estrelas vão surgindo em toda parte.

Porém apenas vácuo. O fútil oco
Domina este cenário, e ao redor
O que sobrou de tudo, muito pouco
Prevejo a solidão inda maior.

Quem dera se pudesse ter um cais
Aonde desterrar minha tristeza,
Mas nada do que a vida inda me traz
Permite vislumbrar banquete e mesa.

Acesa a derradeira lamparina,
Entorpecido sonho me alucina...
Marcos Loures


49

O sorriso se esconde e não ressurge,
A vida nos parece triste senda.
Vontade de morrer, a tristeza urge,
Felicidade mostra-se uma lenda.

Regurgitar a sorte que pensara
Desvenda um caminhar tolo, idiota
Por mais que a solidão se mostre amara,
O amor sendo ilusão frágil, remota,

Não deixe de beber da poesia
Amparo a quem desditas conheceu.
Na força inebriante, na magia
Da luz que ao renascer, mesmo do breu

Amansa a mais terrível tempestade
Negar o seu poder? Não sei quem há de...


11650

O sonho tão gostoso de sonhar
Entrando em nossa casa abre a janela
Adentra de mansinho, devagar
Enquanto a maravilha se revela

Nas coxas e nas pernas da morena
Deitada em minha cama, deusa e musa.
A lua enamorada bebe a cena
E brilha enquanto a amada tira a blusa.

Confusas nossas tramas nos lençóis
Mistura que se faz deliciosa.
Em plena madrugada, vários sóis
Mormaços entre rendas cor de rosa

Bandida que me leva em noite escura,
Do quanto que me adora mente e jura...


51

O sonho sempre bom de ser sonhado
É mais que um simples sonho: é realidade
Num canto mais audaz e bem traçado
Expresso a verdadeira liberdade.
Estando o tempo todo do teu lado,
Eu posso vislumbrar felicidade.

Metáforas, palavras simplesmente,
Em nosso amor se tornam mais sutis.
O vento da alegria nunca mente,
Promete um dia claro, enfim feliz.
Declaro o que me invade, e o que se sente
No peito sem rancor ou cicatriz.

Eu quero o teu querer, sendo absoluto,
No passo que se mostra resoluto...
Marcos Loures


52

O sonho se perdeu no nascedouro
Antíteses propagas em teus atos.
Na multiplicidade, o sangradouro
Derrama cada gota nos regatos

Que tramas em segredo, teu tesouro
Coloco a vida assim, em limpos pratos,
E em tal dicotomia eu já me douro
Acostumado aos ritos vãos, ingratos

Quando eletrificaste o meu caminho
Preconizando angústia – teu carinho-
Disseste do vazio em que erigi

O altar dos meus desejos mais escusos.
Os sonhos se tornaram tão obtusos
Que nem mesmo este verso chega a ti...


53

O sonho se perdeu neste contraste
Mudando todo o rumo de uma vida,
Encontro tão somente a despedida
Deixada nos caminhos que trilhaste.

Às vezes eu me sinto feito um traste,
Parido em uma noite distraída,
Conversa sempre assim mal resolvida
Condena a nossa vida a tal desgaste.

Perdi, sem proteção, rosa dos ventos,
Não vejo solução nem sentimentos,
Apenas a mortalha me cai bem.

O fardo que carrego tanto pesa,
A morte consagrando sem surpresa
Depois da tempestade quero e vem.
Marcos Loures


54

O sonho se demonstra sempre vão
A quem não reconhece o amanhecer
Deixando se levar pelo tufão
Caminha pela vida sem prazer,
A rosa que se faz raro botão
Permite que a beleza eu possa ver.

Assim, continuando o dia-a-dia
Tocado pelos ventos da bonança
O mar vai sossegado em calmaria,
Entregue ao bem supremo: uma esperança,
Vibrando no meu peito esta alegria
Convida para a festa, bela dança.

Porém quem já sucumbe aos vendavais,
Jogado pela vida sem um cais...


55

O sonho que sem ti, eu já sonhei
Somenos importância até teria
Se nada do que outrora eu percebia
Mudasse o que, decerto hoje não sei.

Batalho como nunca pelejei
Tentando conhecer uma alegria,
Vestindo a propalada fantasia
O verso vai buscando uma outra grei.

Espero que depois deste momento
Não sonhe mais com ermos nem decifra
O amor que não se encaixa em qualquer cifra

Por ser ele decerto o meu provento.
O quanto que sonhei já sem desvelo
Tornou a poesia um pesadelo!


56

O sonho que se fez manso e gentil
Depõe uma alegria afiançável
No gozo em que amor reproduziu
A fonte de um prazer interminável.

Alçáveis; os caminhos que eu buscara
Apenas pelo sonho diamantino.
A vida quanta vez, escura ou clara
Negou brilho solar, mesmo que a pino.

Os barcos vão voltando sem faróis
Procuram pelos cais em mar terrível.
Na cama a solidão dos meus lençóis
Apaga a redenção, queima o fusível.

Quem sabe talvez tenha, em amizade
Encontro em que sonhei felicidade...


57

O sonho que moldura a madrugada
Cenário em que me perco, em pesadelos.
Do quanto desejei não tive nada
Apenas os meus medos, pude vê-los.

Depois de ter perdida mina estrada,
Distante de teus olhos e cabelos,
Temores me envolvendo em vis novelos
A sorte sei jamais rememorada.

Porém ao ter talvez algum alento
Nas mãos desta amizade, o pensamento
Percebe o vento calmo da esperança.

Nas hordas de fantasmas do passado,
Grilhão em cada pé acorrentado,
Um risco de sonhar já se afiança...
Marcos Loures


58

O sonho que me deste, minha amiga,
Em versos que declamo nada meus,
São sonhos na verdade, tão ateus
Que em versos invertidos nada abriga.

Nas curvas e montanhas que se diga
Que nada mais inverno, nem meus breus
Não quero nem corbelha ou camafeus
Apenas sei meus versos numa intriga.

Na prece que negaste sem quermesse
Mereces meu perdão por nada crer.
Espero que das pressas se confesse

Os erros que vivemos por fazer.
Afrontas e vacinas qu’alma engesse
São versos que esqueci de te dizer.

Marcos Loures


59


O sonho que guardei; tempestuoso,
Procelas , furacões, insanidades.
Decifram um futuro belicoso
Deixando para trás amenidades.

Eu quero desfrutar do fino gozo
De poder declamar tantas verdades
Cuspindo neste abutre mal cheiroso
Sangrando em temíveis tempestades.

Um mar em ventanias que não deixe
Calar a voz daquele que lutou
Pescando uma ilusão já feita em peixe

Mostrando em divisão plena justiça
No sonho em temporais mergulhou
Aquele em que amizade já se viça...


61

O sonho não se acaba pra quem sabe
Rever os seus conceitos e pecados.
Nos braços e nas pernas mutilados
Um verso sorridente nunca cabe,

Bem antes que o castelo assim desabe
Meus pés vagam sozinhos velhos prados,
E tentam, muitas vezes disfarçados,
Saber do que mais quero antes que acabe.

Se abastas com palavras, provisões
Não tendo, na verdade tais visões
O visgo da palavra não te prende.

Enquadro tuas coxas, dentes pernas
E busco outras maneiras bem mais ternas
Enquanto a noite fria nos acende...
Marcos Loures


62

O sonho em que perceba este remanso,
Depois das duras curvas do caminho,
A sorte que buscara, enfim alcanço
Sabendo que não vou jamais, sozinho.
No amor que me tornou suave e manso,
Decerto cada passo, agora alinho.

Erguendo para além destas montanhas
Meus olhos na procura deste olhar,
Mudando, de repente, minhas sanhas,
Percebo como é bom poder sonhar.
As luzes ao teu lado são tamanhas,
Fazendo a nossa estrada rebrilhar.

Eu sei o quanto quero estar contigo,
Vencendo qualquer forma de perigo...
Marcos Loures


63

O sonho desbotou, perdeu o vinco.
A gente ainda precisa caminhar,
Embora tão distante do luar,
Eu quero demonstrar, ainda afinco.

Se às vezes, com sarcasmo teimo e brinco
Permito-me, sem crédito sonhar
Invento um botequim onde buscar
Esta modernidade que ora linko.

Com vícios de linguagem, erros crassos,
Não quero ser poeta nem gramático.
O coração que segue sendo errático,

Vacila quando tenta novos passos,
Quem faz da poesia, diversão,
Entende “o que é cruel, o que é paixão!”


64

O sonho ao qual desejo e já me atrelo
Permite que se possa conhecer,
Um louco paraíso em tal prazer
Unindo nossos corpos, um santo elo.

A cada novo dia eu te revelo
O que tanto tentei, tolo, esconder,
Desnudo o coração e passo a ver
O quanto o belo amor se faz singelo.

Constantes sentimentos fortalecem,
Enquanto as maravilhas eles tecem
Permitem que se creia no infinito.

Vencer a estupidez de um passo errante,
Trazendo a claridade ao mesmo instante
Em que quebro a frieza do granito...
Marcos Loures



65


O soneto em versos clássicos
Diz das rimas sempre ricas,
Muitas vezes soam trágicos
Desta forma tu me explicas.

Os sentidos sendo mágicos
Com a métrica que aplicas
Os meus erros sendo tácitos
Quando os vê comigo implicas

Mas te falo com franqueza
Que eu prefiro ser assim,
Sem saber de tal nobreza

Vou tocando um tamborim,
Se estou contra a correnteza,
Vou teimando até o fim..



66


O som do mar quebrando em alva areia
Adentra pelo quarto nos chamando
Um canto extasiante de sereia
Aos poucos, na janela penetrando.

O sol que em Portugal já veraneia
A pele devagar vai bronzeando.
Vontade de te ter, o corpo anseia
Espero que tu chegues... porém quando?

Meus lábios sequiosos de teus beijos
Meu corpo solitário pede o teu.
Distância? O pensamento enfim venceu

E matou de verdade, os meus desejos
Desenho meu castelo em ar romântico
Atravessando assim, o grande Atlântico.
Marcos Loures


67

O som do mar batendo em meus ouvidos,
O vento desfilando nesta areia
Os sonhos de viver vão repartidos,
A vida preparando a nova teia.

Nesta variedade de sentidos,
Percebo teu clarão de lua cheia,
Ao beijos deste amor são recebidos
Em tua boca intensa de sereia...

Eu quero a raridade deste dia,
Envolto nas centelhas da paixão,
Trazendo para a vida a poesia,

Da vida renovando, a sensação...
E quero o som do mar, doce marulho,
Do amor que tu me dás, eu tenho orgulho...


68

O som de tua voz já remedia
Tornando os velhos erros bem menores,
Os sonhos que da vida são senhores
Transbordam na sublime fantasia.

A lira de um cantor ora anuncia
O quanto em nosso amor, raros pendores
Abrindo corações derramam flores
Nos braços de uma nobre poesia.

A fantasia está sempre ao teu lado,
Caminha com teus passos, traz a luz.
Que aos astros, num momento nos conduz,

Encanto em maravilhas decantado
Da cena que se pinta no horizonte,
Bebendo a divindade em doce fonte...
Marcos Loures



69

O som da tua voz, doce e macio,
Chamando para a festa do prazer..
A chuva matizando o tempo frio,
Incenso aromatiza o bem querer.
Volátil coração antes vazio
Agora do teu sonho quer viver..

Rondando nosso quarto, fogo lento,
Ondeias pela cama inebriante.
A fome insaciável toma assento,
Nas sedas e veludos, cada instante
Se mostra mais sutil, lascivo vento...
A transparência viva e provocante

Convida num sorriso, corpo e mente,
A noite vai , despudoradamente...


70

O sol volta a luzir meu horizonte
Numa expressão de enorme lucidez,
Por mais que a vida, às vezes desaponte
Amor em alegria já se fez.

Meus olhos percebendo tal beleza
Exposta em atitudes mais serenas,
Entrega-se ao banquete em lauta mesa
Carícias sem limites, raras, plenas.

Agora me livrando dos meus erros,
Estendo as minhas mãos, te convidando,
Lançarmos nossas asas sobre os cerros
Divina fantasia desfraldando.

O quanto tanto amor se fez gentil,
Diverso do que outrora fora vil...
Marcos Loures


71


O sol vem mansamente na manhã
Trazendo em raio manso e mais gentil
Felicidade imensa, meu afã
Aquece de maneira tão sutil

O céu que emoldurado em raro anil
A barca dos meus sonhos, temporã,
Que em noite enluarada descobriu
A possibilidade de amanhã.

Quem sabe encontrarei felicidade
Depois da temporada em solidão.
Podendo acreditar ser de verdade

O sol que iluminou esta amplidão,
Bafejo de um amor, mesmo ilusório,
Mudando o meu destino merencório...


72

O sol vai penetrando na janela
Invade nosso quarto e te conquista,
Roçando tua pele me revela
Tua nudez magnífica e nem despista.

Desejos me aflorando em tarde bela
No sombreado lindo em cada lista
Forrando em mil matizes esta tela
Que me permite sempre que eu assista.

Sorriso malicioso me convida
E nada mais pergunto, apenas vou.
O teu relevo invado. É bela a vida!

Repletos de nós dois, a tarde passa,
Em pernas, seios, bocas... Quem eu sou?
Minha pele na tua se disfarça...
Marcos Loures


73

O sol se derramando em fina areia,
Tramando; nos seus raios, meu futuro.
Encontro tal beleza que incendeia
E traz o nosso amor, deleite puro...

Cabelos deste sol raiado chegam;
Esquentam meus desejos ardorosos
Que pegam a sereia, assim, navegam;
Delícias desses toques, saborosos...

Na praia se derramam sentimentos,
Salgados pelas ondas e ternura;
Na maciez e encanto deste vento,
Os corpos se misturam; u’a ventura...

A concha que entreaberta me ofereces,
Na perla delicada, rendas teces...


74



O sol que tanto queima quanto afaga
E trama, em seu calor, um novo dia.
Ressurge calmamente em toda plaga
Renasce flamejante fantasia...

Nos prismas destes raios multicores
Em líricos poemas te desejo,
Dizendo destas cores dos amores
Que nascem nos carinhos deste beijo.

As sombras que na noite são terríveis,
Perseguem coração nem bem amamos
Causando tantas dores mais temíveis,
Nos desatinam sempre que sonhamos,

Durante o dia quente, dão frescor,
Uma alvorada calma em nosso amor!



11675

O sol que se escondendo nesta tarde
Promete tal calor que me alucina,
A lua se aproxima sem alarde
E deita em minha cama, uma menina...

E toda a natureza em convulsão
Revela esse desejo enlanguescente
Descendo, deste astral, uma emoção,
Penetra tão profunda e claramente.

Na perfeição divina desta noite,
O sol vem aquecendo meu dossel,
Rolando com a lua no pernoite,
Encontro mil estrelas no meu céu...

Espero esta menina imaginando.
E a vejo toda lua, me esperando..


76

O sol que quando doura se avermelha
Tornando toda a terra iluminada,
Acende novamente uma centelha
Que abrasa e que transtorna a minha amada.

Bronzeia suas pernas e seu rosto,
Dourando essa mulher sensacional.
Beleza neste corpo semi-exposto
Formando uma escultura sem igual...

Do corpo desta deusa, usufruir,
Não quero mais viver, dela, distante,
É tanto o meu desejo de pedir
Que seja minha amiga, minha amante...

E sonho aqui, deitado nesta areia,
Querendo estar consigo, uma sereia...



77



O sol que quando abrasa, faz da chama
A força que nos queima, lentamente,
Deitando numa esteira, a nossa trama
Emaranhando pernas, já pressente

O fogo que o desejo enfim reclama,
Tomando o coração invade a mente,
Eu deixo-me levar pela torrente,
Fazendo do proveito, justa fama.

Na parte que me cabe deste sonho,
O mundo nos teus braços quando ponho
Escrevo nosso nome no areal.

Do jeito que vier, saiba, te quero,
O amor que nos servindo de tempero
Espalha em nossa boca, doce e sal...
Marcos Loures


78

O sol que nos queimou disse saudade
Deixando em nossa pele as cicatrizes
De um tempo em que tivemos na verdade,
Momentos com certeza, mais felizes.

Por mais que eu viva em falsa liberdade,
Escuto cada frase que tu dizes,
Desculpe pelos erros e deslizes,
Em ti somente vi felicidade.

Teu nome em minha pele tatuado,
Teus olhos, toda noite eu volto a ver,
Vivendo tão somente do passado

Que faço se não posso caminhar.
A vida se derrama sem prazer,
O tempo vai queimando, devagar...
Marcos Loures


79

O sol que nos dourando traz o dia,
Vibrante em nossos corpos tão sedentos.
Queimando mansamente, pois sabia
De amores sem limites, violentos...

As nuvens passageiras da alegria
Caminham pelo céu, em lentos ventos,
Expressam nosso amor que se fazia
Em loucas fantasias, bons momentos...

Salgando nossas bocas no suor,
Adoças com teu mel, minha saliva,
Gemidos e suspiros num torpor,

Mantendo esta vontade sempre viva,
De termos sem cessar, amor intenso,
Desse nosso desejo, eu me convenço...
Marcos Loures


80

O sol que na manhã acende o céu
Ascende meu desejo mais fecundo
De ter toda esperança em alvo véu
Mudar a rota insana deste mundo.

Montando na esperança, bel corcel
Que voa em pensamento, num segundo,
Sabendo que a certeza é feita em fel,
Mas qual abelha em mel cedo me inundo.

Não há razão nem medos e mortalhas
Que façam minha voz, ser abrandada,
Nos olhos carregados de batalhas,

Nas mãos; o puro amor como defesa,
Uma amizade imensa, ensolarada,
Usando da palavra com pureza...


81

O sol que me transtorna e me enlouquece
Bronzeia, com seus raios, a minha alma...
Ao deus de Nefertite rogo em prece,
Que traga tanto amor que, sei, me acalma...

Eu quero desvendar cada segredo
Que escondes nos seus raios fulgurantes.
Mereço, por acaso, desde cedo,
Deitar-me nos teus braços deslumbrantes...

Mergulhas sobre a terra matizando
As flores, os regatos, as cascatas.
Aos poucos, cada vez mais vou te amando,
A mando dos meus sonhos que arrebatas...

Semeias tantos lumes, emoções...
Vibrando sem temer, os corações...


82

O sol que matinal tanto irradia
Tornando alvorecer assim benquisto,
Nos brilhos matizando poesia
Desejos e prazeres, cedo listo.

Cansado de viver melancolia,
Por vezes, quase sempre, enfim, desisto.
Espreito este desejo que sabia,
Arisco não viria. Mas insisto

Ao perceber morena esplendorosa
Passando em meu canteiro, tão vaidosa...
Recolho cada rastro feito em luz.

Sementes da esperança quando espalho
Usando o teu amor como agasalho,
Mosaico de emoções se reproduz...
Marcos Loures


83

O sol que já traspassa essa janela
Adentra devagar, tomando tudo,
Na claridade imensa se revela
Amor tão delicado sem contudo.
Não nego o sentimento que me arvora,
Nem temo insensatez que ele proclama.
Minha alma na tua alma se decora
Acende portentosa intensa chama.
Dourando cada fio de cabelo
Daquela que envolveu meu pensamento,
Amor quando é demais, quero revê-lo,
A cada novo dia em bom momento.
Beleza em transparência diamantina,
Abraça, quando adentra e me domina....


84

O sol que enfim já brilha
Trazendo uma esperança
Que faça da partilha
Um ato de aliança

Mostrando a maravilha
Que a vida assim alcança
Seguindo a doce trilha
Na qual a sorte avança

Em versos mais felizes
Em atos mais humanos,
Mudando gris matizes

Matando a falsidade,
Sepultando os enganos;
No poder da amizade!


85


O sol que descortina um quente abrigo
Protege a terra inteira de uma treva.

Assim também te vejo meu amigo
Quando a tristeza má já vem e neva

O sonho que mais quero e que persigo
No dia a dia, cresce e se conserva
Nos protegendo sempre do perigo;
Uma amizade é bela quando em ceva

Regada com total fidelidade,
Arada com rastelo da emoção,
Adubo muito bom para a amizade

Protege com certeza, o coração.
Remédio quando salva, na verdade
Tem sempre do carinho, a santa mão.


86

O sol quando roubou do teu olhar
O brilho, nos seus raios derramou;
Ávido de viver quem sabe amar,
Em busca dos teus olhos sempre estou.

Sentidos aflorados, minha sorte;
Eu quero teu amor que me alimenta.
Transforma todo ser de fraco em forte;
Represas que encontrar, cedo arrebenta.

Gentil amor que sempre me acarinha,
Eu quero seus momentos mais felizes.
Amada; a fantasia toda minha,
Refletem nos teus olhos, os matizes...

Não deixe que este amor por mais brilhante,
Termine sem prazer, a cada instante!

87

O sol qual fosse um deus mais ciumento,
Sabendo das delícias e prazeres,
Com inveja profunda de dois seres,
Invade nosso quarto num momento.

Às vezes eu percebo e mal agüento,
E fecho esta cortina, se quiseres,
Assim restituindo estes quereres,
De nosso amor, divino e santo ungüento.

De minha pele, dona e soberana,
Em nossos jogos sinto esta vontade
Que vem e do desejo assim se emana,

-Ó sol que em nosso corpo, enfim, quando arde
Decerto, violento, em claridade,
Não venha me acordar, volte mais tarde...



88



O sol poente em raro festival
Na primavera da alma se esculpindo.
Num dia iluminado, magistral,
Percebo em teu sorriso, amor tão lindo.

A noite vem chegando, e vai fluindo
Beleza assim sem par, em fogo astral,
Chegando à minha cama, sensual,
Incêndio em maravilha me invadindo.

Marcando em esplendor, noite fogosa,
Ardentes meus desejos, são os teus.
Teus olhos entranhando pelos meus

Convidam para a festa maviosa
Que é feita enquanto deita o teu prazer,
Numa ansiedade imensa de viver...


89


O sol nascendo às vezes vem quadrado
E cai a tempestade no deserto,
Se é longe o que mineiro diz ser perto,
O dedo que se mete sai quebrado

Magreza anda quebrando um firme estrado,
Atiro no leão, o gato acerto
Robô apaixonado é tiro certo
Qualquer bichano solta um alto brado.

Triângulo redondo, é mais bonito,
Honestidade vive no Congresso,
Eu sinto que é verdade e te confesso

Que o mundo vai mudando todo rito,
Decassílabo agora de onze ou nove,
E tenho testemunha que comprove!
Marcos Loures


90

O sol há tanto tempo foi embora,
Levando com seus brilhos a esperança.
A noite eterna e fria, já me alcança,
Não vejo em minha frente nada, agora.

A solução, decerto não demora,
Na morte que virá tão calma e mansa
Com toda uma certeza enfim descansa
Quem tantas vezes por amor implora...

Agônica expressão em cada olhar,
O fim que se aproxima devagar,
Trazendo finalmente um bom alento.

Colhendo os meus pedaços no caminho,
Ao fim da minha história, algum carinho,
Nos ratos que me beijam ao relento...
Marcos Loures


91

O sol de nosso amor, forte e luzente
Mostrando em passo firme e decidido
O quanto desejamos, claramente
Deixar uma tristeza já no olvido.
Sabendo que te encontro novamente
Meu coração se achando guarnecido

Percebe um novo mundo, mais ameno,
Tocado plenamente pela glória.
E um novo alvorecer traz seu aceno,
Com ares de certeza e de vitória.
O dia amanhecendo tão sereno
Varrendo a tempestade da memória.

O sol vai renascendo a me dizer.
Felicidade, enfim, vais conhecer!


92

O sol da tempestade que se esvai
Delitos cometidos e sangrantes.
O amor não vendo nada por instantes
Enquanto a lua teima e ainda cai...

Na mansa crueldade como um pai
Que rasga com vergastas seus infantes
Arranco da esperança seus turbantes
E a doce poesia, enfim, me trai.

Confesso ao travesseiro os erros todos,
Caminho o tempo inteiro sobre lodos
E nódoas demarcando os meus enganos...

Se um dia inda pudesse ter alguém...
Porém a noite volta e sempre vem
O imenso temporal mudando os planos...
Marcos Loures


93

O sol ao despencar por sobre o mar,
Deixando um rastro d’ouro, belo, imenso.
Perfaz em amplidão especular
Caminho em magnitude mor, extenso.

Assim também senti ao te encontrar
Um mundo onde na paz me recompenso
E a cada novo dia me convenço
Que em ti eu aprendi a navegar

Por sonhos, desvarios insensatos.
Quem teve a solidão, velhos regatos,
Aprende então ao mar lançar a luz

Da fantasia feita em esperança
E a glória- ser feliz- decerto alcança,
Divina maravilha reproduz...


94

O sol ao adentrar nossa janela
Encontra nossas pernas misturadas
Na louca confusão já se revela
As horas tão gostosas desfrutadas,

Assim seu testemunho vem e sela
Da noite que tivemos; as pegadas.
Desenho nos meus sonhos esta tela
Que mostra as fantasias reveladas

Desejos, arrepios, sedução.
Carinhos tresloucados, tentação.
As horas vão passando devagar,

Delícias e delírios conjugados,
Amores e prazeres encontrados
Fazendo desta cama o nosso altar.
Marcos Loures


95

O sol ao adentrar nossa janela
Encontra nossas pernas misturadas
Na louca confusão já se revela
As horas tão gostosas desfrutadas,

Assim seu testemunho vem e sela
Da noite que tivemos; as pegadas.
Desenho nos meus sonhos esta tela
Que mostra as fantasias reveladas

Desejos, arrepios, sedução.
Carinhos tresloucados, tentação.
As horas vão passando devagar,

Delícias e delírios conjugados,
Amores e prazeres encontrados
Fazendo desta cama o nosso altar.
Marcos Loures


96


O sino, o campanário,
Tocando sem parar
É teu aniversário
O mundo a vislumbrar

Quem fora solitário
Já pode enfim sonhar.
Carinho que tão vário,
Tu sempre tens pra dar.

Querida amiga, a vida
É feita de esperança
E faz desta aliança

Quem sabe uma saída,
Que traga para a gente
Um mundo mais contente...
Marcos Loures



97


O silêncio queimando me transforma
Nada pior que o eco do vazio...
Amor quando mutável, cada forma,
Que nasce dele mesmo; amor, recrio...

As luzes coloridas se misturam
E tramam novas cores e matizes.
Amores quando amores se procuram
Nos tornam mais felizes/infelizes...

Desse sal que entranhaste tolamente
As lágrimas são feitas e refeitas.
Amar é ser cativo livremente
Alargar essas ruas tão estreitas,

E também estreitar-se na saudade,
É conhecer em dor, felicidade...


98



O show feito de estrelas meteóricas
Vendeta de ilusões, num picadeiro
Tornando o tão efêmero, o primeiro
Para platéias tolas, mas eufóricas.

Invadindo os sertões nas parabólicas
Proliferando um vício costumeiro
Usando o mais moderno mensageiro,
Ao inutilizar velhas retóricas

Enfia goela abaixo, o seu produto,
Minerva se vestindo então de luto
Trocada pelas Vênus mixuruca

Posando de rainha da tevê,
Descoberta num tosco BBB
Escancarando assim esta cumbuca...


99

O sexo se bem feito, é quase um hino,
Louvor ao paraíso em que o suor
Escorre no momento em que domino
O rito que em verdade sei de cor.

No corpo da mulher, sou um menino,
Que dá sempre de si o bem maior
Nos gozos, na loucura, desatino
E dou para a parceira o meu melhor.

Uma explosão que é feita num segundo,
Levando a mais sublime fantasia.
Do gozo feito em mares, eu me inundo,

E nesta inundação me regozijo,
Em louca sensação, pura alegria,
Apascentando o falo, outrora rijo...


11700

O sexo quando é feito por fazer
Sem ter uma emoção associada
É claro que também dará prazer,
Porém depois de tudo, resta o nada.

Amor que não tem sexo, na verdade,
Aos poucos se esvaindo até morrer
No fundo um sentimento de amizade,
Assim é simplesmente um bem querer.

As sensações diversas se completam
E deve ser por isso minha amada
Que aos poucos vou sentindo que esmaecem

E sinto que depois já se deletam
Vontades de te ter, enamorada.
As plantas sem cuidados, adoecem...
 
Autor
MARCOSLOURES
 
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