Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 132

 
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1



Qual fora um tão sedento caminheiro
Que em meio a mil desertos fora só,
E sob um sol terrível, viu ribeiro
Depois de tanto tempo, areia e pó.

Miragem que em delírios, vislumbrei,
Encontro-te à janela dos meus sonhos.
Revendo os descaminhos que passei,
Momentos que por certo são medonhos

Eu sinto ser possível ser feliz...
Quem dera se isto fosse realidade...
Viver a fantasia que já quis
Apenas um fantasma da verdade...

Areia que pensei fosse do mar,
Somente este deserto a se mostrar..


2


Qual fora um sonhador imerso em fantasias
Olhando para o lado, encontro tua imagem.
A vida que se fez em dores e sangrias
Agora se transmuda em bela paisagem.

O teu destemor mesmo em frente às isquemias
Permitem cada verso expressando homenagem
À quem com tal carinho, amores concebias.
Sabendo perceber dos céus a nova aragem..

Loucura é sonegar o quanto é tão preciso
Ao velho navegante um suave sorriso.
Desejo-te, querida e nisso sou feliz.

Eu estou condenado e quero estar assim
A ter o teu Amor, adubo em meu jardim,
Desnudando o meu peito; és tudo o que mais quis...


3

Qual fora um repentista faço os versos
Usando cada frase como arrimo,
Por mais que vez em quando ainda rimo,
Meus olhos seguem rumos tão dispersos.

Se o sentimento foge eu o suprimo,
Não quero procurar meus universos
Que podem ser cruéis, mesmo perversos,
Apenas incompleto, busco o cimo;

Poeta de verdade mostrando alma
Desnuda a poesia e não se acalma,
Fagulha transformada em fogaréu.

Amigo, quando escrevo é um repente
Mudando a direção frequentemente,
Esparso cada verso segue ao léu...
Marcos Loures


4

Qual fora um passageiro que encontrasse
As pedras mais suaves do caminho,
Usando da alegria, mostra a face
Daquele que teimoso, vai sozinho.

Por mais que a fantasia ainda embace,
Esquece-se somente de um espinho,
E a rosa sem defesa em desenlace
Aguada pela ausência de carinho

Aos poucos vai murchando e desde já
Canteiro sem cuidados morrerá,
Num último lamento, me estremeço.

Mas como de costume, nada falo,
Olhando para nós, sequer me abalo,
Eu sei que recolhi o que eu mereço...
Marcos Loures


5


Qual fora um passageiro deste trem
Que segue por desertos e montanhas,
Buscando o que em verdade nunca vem,
Partidas esquecidas, nunca ganhas.

Enquanto a poesia diz que tem,
Vazio vem tomar minhas entranhas,
Veredas refletidas do ninguém
Vertendo nas estradas ritos, manhas.

Passageiro de mim mesmo, vou sem rumo.
E quando o tempo ausente; sei e assumo,
Locomotiva perde este vagão.

Descarrilada sorte, entroncamentos,
Vitimizando sonhos e lamento.
Esqueço de parar noutra estação...
Marcos Loures


6

Qual fora um louco sonho, um arremedo
Que forja uma saudade que não tenho.
No verso mais ferino não contenho
E digo, com certeza, eu tenho medo.

Do que não mais queria, num degredo,
Em versos incontáveis, logo eu venho,
E quase sem sentidos, fecho o cenho
E calo o sentimento e me enveredo

Por ruas e montanhas tão distantes
Dos olhos que se foram companheiros.
Marcados por dentadas delirantes,

Eu busco o dom de ser, talvez; feliz.
Amar é disfarçar em cada atriz,
Os atos que não foram verdadeiros...


7

Qual fora um libertino que se morda
E invada estas defesas indecentes,
Roendo com furor, rompendo a corda
Que mostras escondida entre teus dentes.

Roubei tuas palavras, fiz o nada
Do quanto recebi em opressão.
Na treva que me foi presenteada
Permito meu louvor, leda oração.

Falando do que tive e na verdade
Formiga em minha pele num afago.
Versando sobre a luz de uma amizade

Permito conhecer cumplicidade
Na placidez suave feita em lago,
A vida só me deu a tempestade...
Marcos Loures


8

Qual fora um libertino que se embebe
De toda a poesia que não vem,
Audácia se elevando em negra sebe,
Procuro o meu espelho noutro alguém.

Que sei jamais virá, peito recebe
Rajada deste vento, muito além
Do pouco que julgara. Ri-se a plebe
E tudo o que percebo diz ninguém.

Meu olhar repugnante nada vê
E busca algum motivo, mas cadê?
Não restam nem as cinzas do que, um dia,

Julgara ser possível, vão destino.
Pereço nos teus sonhos, clandestino,
Enquanto um claro sol, a noite cria...


9



Qual fora um libertário cavaleiro
Usando as minhas mãos como corcel,
Percorro este caminho alvissareiro
Buscando no teu corpo um belo céu.

O amor de minha vida, derradeiro,
Esconde um Paraíso sob o véu,
Vencendo as fortalezas, vou inteiro
Bebendo então na fonte, o puro mel.

Rainha dos meus versos, altaneira,
O teu perfume chega às alterosas,
Espalhas quais pegadas belas rosas

Trazendo o amor intenso por bandeira,
Um cavaleiro audaz sabe os segredos
E vence, da princesa, tolos medos...
Marcos Loures


10


qual fora um invasor, como um posseiro
chegando mansamente em noite calma,
amor quando se mostra sorrateiro
ao mesmo tempo invade enquanto acalma.

Seus passos tão suaves e macios,
Vencendo os meus fantasmas e defesas.
Tomando com firmeza estes vazios
Fazendo dos meus sonhos, suas presas.

Um dia, ao acordar estava entregue
Ao sentimento imenso, inesgotável
O dia nos teus braços já prossegue
Vencendo as correntezas, tão amável.

Embora sem pedir sequer licença
Eu tenho neste amor a recompensa...
Marcos Loures



11


Qual fora um colibri enamorado,
Ao ver a bela flor quase desnuda.
Chegando mansamente pro teu lado,
Meu corpo em tua pele já se gruda

Sentindo-me voraz e arrepiado,
A boca te procura audaz e muda,
A flor audaciosa, de bom grado,
A natureza então: num deus me acuda!

Recebo cada gota deste mel,
Dulcíssima loucura sem igual.
No jogo que transtorna, sensual,

Retiro desta flor, último véu
E assim, na primavera deste encanto,
Um pássaro feliz, liberto canto!
Marcos Loures


12


Qual fora um branco lírio, a tua voz,
Trazendo tanta paz a quem padece.
No encanto que me acalma e que enobrece
Uma alma que já fora tão feroz.

Atando com ternura, firmes nós,
O amor que nos redime, feito em prece,
É como se esperança contivesse
A fúria do meu peito, audaz algoz.

Fomentos de alegria; vejo em ti,
Recompensando tudo o que perdi
Durante a minha vida aventureira.

A poesia é minha testemunha,
E em cada novo verso que eu compunha
Tua palavra amiga, garimpeira...


13


Qual fora um beija flor que em manso vôo
Fecunda a rosa eterna do desejo,
Percebo em teu carinho que antevejo
Ser mais do que sonhara em sobrevôo

Os erros cometidos? Sim perdôo,
Embora nada venha além do beijo.
Ouvindo no teu canto cada arpejo
Um coração feliz; querida, ecôo...

Somamos nossos atos, somos amos
Dos passos que traçamos vida afora,
Querendo renovar, portanto, a flora,

Mil sonhos, em verdade; desfrutamos.
Eu sei que mais felizes, nos amamos,
Na sorte que nos doura e sempre aflora...


14


Qual fora um bandoleiro, um beduíno
O amor em louca espreita nos espera.
Embora um sentimento tão divino
Vibrando em maravilhas primavera,

Num ato de completo desatino,
Estampa em suas garras, doce fera,
Instinto tão voraz quase assassino,
Enquanto em placidez já nos tempera.

Eu vejo desnudados seus intentos
E sinto alvoroçar meus pensamentos,
Ateia sobre nós um fogaréu.

O amor sem ter limites, em sangrias
Provocando derrame, hemorragias
Eleva-nos bem próximos do céu!
Marcos Loures


15



Qual fora um bacurau buscando a lua,
Percorro a madrugada na procura
Da bela adormecida que em loucura
Imaginei deitada em sonhos, nua.

Enquanto a poesia continua
Vivendo a fantasia bela e pura,
A gente entorpecendo-se em ternura
No palco da esperança quer e atua.

Atores à procura de um autor
Que possa traduzir o intenso amor
Naufrágios entre estrelas, botequins.

Bebendo esta aguardente da ilusão
Rasgando insanamente o coração
Dos guizos, colombinas e arlequins...
Marcos Loures


16




Qual fora um arvoredo em fortes, vários galhos,
Moldando o meu caminho- estrada derradeira,
Em busca de- quem sabe- achar meus agasalhos
Nos braços de quem amo. Estrela costumeira

Vagando no meu céu. Porém em atos falhos
A vida se mostrando expondo esta canseira
Que é feita em cada passo, em colchas de retalhos
Talvez inda me traga a lua plena, inteira...

Bem sei que não terei sequer felicidade
O que dizer assim da longa eternidade
Que se promete dura, em trevas, sem descanso.

Porém me bastaria, uma falsa amizade
As sobras que virão em dura realidade
Já deixariam, sim, meu coração mais manso...



17






Qual fora um afluente deste rio
Que inunda todo o mar de água tão doce,
Enchendo um coração que antes vazio
E como um vão deserto sempre fosse.

Bebendo em cada margem a fartura
Trazendo a vida tal fecundidade
Numa expressão sem par, tanta ternura,
Vibrando em tom maior: felicidade!

Sentindo-me liberto das correntes
Que tanto maltrataram quem sonhara,
Teus braços carinhosos e envolventes
Somente a fantasia me antepara

E sigo, sem pudores, peito aberto,
Por mais que amor traduza um passo incerto...


18


Qual fora simplesmente tão complexo
O fogo inusitado que traz vida,
Do barro se lavrando, a despedida
Impede que se creia em algum nexo.

Da chuva sobre a terra, grão e sexo,
A sina do suor da eterna lida,
A cada nova safra assim cumprida,
O amor preponderando quero e anexo,

Mestre insuperável que permite
Colheitas muito além deste limite
Imposto pelas mãos de um lavrador,

Que faz do imponderável o possível,
E gera eterno ciclo além do crível,
Poder inesgotável, o do amor..
Marcos Loures


19

Qual fora peregrino, sem descanso,
Em prol de tanto amor que não desgasta.
Perdido sob as luas que eu alcanço,
A mão tão delicada, não me afasta.

Sem danos, desenganos ou mortalhas,
Amor se traduziu em vários versos.
Com força e tal perícia com que entalhas
Os sentimentos santos e diversos...

Eu fiz minha canção pensando em ti.
Nas horas carinhosas que tivemos.
Se, embalde, tanta dor eu já sofri,
As lutas mais complexas, nós vencemos...

E somos gomos, todos desta fruta,
Que acalma qualquer força, mesmo a bruta...


20



Qual fora leve pluma a deslizar
Por entre tantas nuvens, libertária
Uma alma que se mostre solidária
Enfrenta esta procela em pleno mar.

Ouvindo a poetisa assim cantar,
Minha alma angustiada e solitária
Percebe que a amargura é temporária
E volta num repente a se alegrar.

Num verso feito música de amor,
Sublime fantasia a se compor,
Na rara maestria desta estrela

Que forja com palavras um belo templo,
E eu sendo aprendiz, ora contemplo
O diamantino altar que se revela...



21


Qual fora brincadeira de roda,
Ciranda dos amantes, noite afora.
A fúria dos desejos nos açoda
Enquanto o gozo intenso não demora.

Estrelas nos escoltam, a mente roda
E a poesia chega sem demora,
Dos sonhos e quereres, louca boda,
Dos mais loucos momentos se assenhora.

Nos meus anseios todos, provisão,
As furnas são meus veios, estalagens,
Beleza sem igual nas paisagens

Entrego-me ao delírio em cada vão,
Nas chamas entre fogos de artifício,
O amor vai ensinando o seu ofício...
Marcos Loures


22

Qual fora a minha vida antes de ter
A promissora imagem da esperança,
Ao ver a fantasia em que se alcança
Ao fim da dura estrada algum prazer,

Eu passo neste instante a perceber
O quanto a vida traz em temperança
A quem além das tramas da lembrança
Encontra algo que enfim já possa crer.

Da antiga lamparina este holofote
Que mostre após a curva, um horizonte
Enorme cordilheira invés do monte,

Promessa do usufruto deste dote
Inigualável fonte de ilusão
Em que desponte além, meu coração...
Marcos Loures


23


Qual fora a besta fera que te doma,
Aborto cada sonho que cevaste.
O beijo da pantera nega a soma,
O medo faz da sorte seu contraste.

Antiga escadaria leva ao nada,
Os pôqueres e as tramas são vazios.
A faca pelos risos afiada,
As pedras deste cais olhares frios.

Medidas que tomamos, sem efeito,
O peso do passado em minhas costas.
Fazendo da esperança cama e leito,
Do jeito que demônio, queres, gostas;

O jogo se transcorre em tal tensão
Que nada resolvendo, volto vão...
Marcos Loures


24



Qual fonte que sacia um caminheiro
Durante a longa estrada vida afora,
Tua presença é cais onde se ancora
O amor, meu velho e terno timoneiro.

Dos sonhos e desejos, mensageiro,
Meu verso te procura e se demora
Enquanto em teu olhar a alma decora
Usando toda cor deste tinteiro.

Fascinação por ti, lugar comum,
A vida sem te ter, sentido algum
Que possa traduzir felicidade.

Sentir o teu perfume, minha amada,
É como mergulhar numa alvorada
Imersa na mais pura claridade...


13125



Qual folha que é levada pelo vento
E encontra numa poça, uma ancoragem,
Depois de conhecer bela paisagem
Percebe neste lago, um manso assento,

Mal sabe que virá, logo o tormento,
E a paz será somente uma miragem,
Percebo a placidez desta mensagem,
E cheio de emoção, já me apascento...

Mas sei que a vida passa em enxurrada,
Após a tempestade, volto ao nada
De onde não devia ter saído...

Porém valeu a pena ter um sonho.
E nele; uma esperança, quero e ponho,
Mesmo que reste ao fim somente olvido...


26

Qual folha que se perde em forte vento,
Matando uma esperança dentro em nós,
Roubando toda a paz do pensamento,
Num sentimento triste e tão atroz.

Um coração se perde e bate lento,
O tempo nos devora logo após.
Tomado pela dor deste tormento,
A vida se prendendo em tantos nós.

Qual folha que caiu lá, bem distante
Dos braços que tentaram recebê-la
A dor se transformando mais constante

Somente o teu retorno salvará
Meu céu que sem a lua e sem estrela,
Jamais sem ter teus olhos brilhará!


27

Qual fogo que incendeia um universo
Em versos pretendia ser incêndio.
Às voltas com desejo tão diverso,
Amar não representa vilipêndio.

O rosto mais gentil que n’alma vejo,
Se ascende aos espaços dos meus sonhos.
Se acende tantas chamas do desejo,
Augustos sentimentos, tão risonhos...

Ditosa sensação que tanto inflama,
A chama que me queima e não demora.
Minha alma quando implora, sei que te ama,
Um sentimento intenso quer agora.

Não creio que meu medo, solto ao vento,
Impere em nosso amor, feito tormento...


28


Qual fogo em vendaval amor ardia,
Num espalhar de chama e de desejo,
Ardendo noutro fogo que assim vejo,
Na chama a se queimar, sabedoria.

Fogueira tão voraz que todo dia
Se faz em forte lume, em relampejo
Tomada pela fúria em que nos vejo
Fazendo desta cama uma ardentia.

Ditosa sensação que nos atreve
E faz-nos quais sedentos beduínos.
Além do que se quer não se conteve

Ouvindo o badalar de loucos sinos,
Tomados por furor, os elementos,
Explodem em desejos violentos...



29



Qual fera que transtorna impunemente,
Ferindo em dente e garra o caminhante,
Na dor que com prazer tanto se sente,
No lume que escurece triunfante,
Mortalha em que se apraz, tomando a gente,
Do medo e fantasia, um seu amante.

Num fogo que decerto não sacia
Perpetuamente a dor dos ancestrais
Moldando em ilusões, falsa alegria,
Em danças e promessas sensuais.
Amor com sofrimento consorcia,
Porém quero bebê-lo e sempre mais.

Inebriadamente, amor consome
Em fúria delicada, sede e fome...

30


Qual fera que se fez assim, ferida,
Ferrenhas emoções, férreos desejos.
Afãs que infernizaram nossa vida,
Afetos vão suprindo em relampejos.

Na lâmpada dos sonhos, a falena
Enfronha os seus delírios num mergulho,
Na entrega que se dá não concatena
Batendo suas asas, vão barulho...

O amor que nos tomou, também assim,
Faz dos seus claros brilhos, armadilha.
Enquanto floresceu nosso jardim,
Numa expressão de rara maravilha

Tornando-nos cativos, nos sangrando,
Ao mesmo tempo, em paz nos consagrando...
Marcos Loures


31


Qual faca de dois gumes, cada beijo
Que dás em minha boca me provoca,
Depois de certo tempo em pororoca
A gente se derrama num desejo.

Não necessita ter qualquer traquejo,
O rio que no mar já desemboca
Um arrepio imenso quando toca,
Transforma todo o mundo que ora vejo.

Se eu tenho alguma coisa por dizer,
Somente traduzindo por prazer
Um fato na verdade corriqueiro,

Na praia dos meus sonhos, farta areia
Andando quase nua esta sereia
Balança com vigor, qualquer coqueiro...
Marcos Loures


32



Qual embrião disforme vago o mundo,
Meus restos dilaceras sem promessas,
Navalhas penetrantes cortam fundo
Aborto em meus amores, às avessas,

Bem sei que não me queres, sou imundo,
Nos trapos que carrego, velhas peças,
Sem bote e naufragado, vagabundo,
Sorvido pelos vermes, sem ter pressas.

Mas não me deixe, amor; peço clemência,
Ao menos por favor, fique por pena,
Pois Deus, o criador deu-te incumbência:

Cuidar deste restolho. És meu timão,
Repare neste nada que te acena,
Impeça que me leve, a solidão!
Marcos Loures


33


Qual doce jardineira em prendas tantas,
Cultivas nosso amor com tal perícia
Que faz de simples dia uma delícia
Em mãos abençoadas, raras, santas.

Tu sempre me irradias e me encantas
A cada novo toque, uma carícia,
Do amor que se faz manso e sem malícia,
As formas se transbordam e são tantas.

Ouvindo calmamente e com orgulho
O canto que me ensinas, puro amor.
Distante deste mar ouço o marulho

Suave e delicado, fantasia...
Teu canto de sereia, encantador
Além do que sonhei, como eu queria...


34

Qual diamante fino; nosso amor,
Se perpetuará em cada canto;
No brilho e na pureza e no valor,
Que sempre se traduz em raro encanto.

Por mais que nossos medos prejudiquem,
Por mais que novos rumos ameacem;
Por mais que nossos sonhos se compliquem
As emoções ressurgem e renascem...

Trazemos em litígios e batalhas
As nossas diferenças explosivas;
Porém mesmo nos fios das navalhas,
As chamas deste amor vão sempre vivas..

Perpétua sensação de ser feliz,
Mesmo que vivamos por um triz...


35


Qual chuva redentora que desaba
Tornando menos árido o sertão,
Caindo devagar por sobre a taba
Forrando de esperança todo o chão.

Escorre em meu chapéu, entorna na aba
E molha pouco a pouco o coração,
E o velho enamorado assim desaba
Causando em tanto amor, germinação.

Escuto a tua voz, longínquo eco
E o olha lacrimejado, agora seco,
Sabendo que virás; qual chuva fina

Trazendo à velha gleba uma esperança
De um tempo de fartura e temperança
Que após o desencanto, me domina...


36


Qual câncer que consome pouco a pouco,
O amor que tanto quis vai se esvaindo,
O outrora amanhecer suave e lindo
Transtorna o sentimento. Sigo louco

Buscando o que julgara solução,
Queimando na fogueira da vaidade,
O riso se transforma em crueldade,
Mentiras me tornando escasso e vão.

O passo, que hoje eu sei, terrível, falso,
À beira deste abismo, um cadafalso,
Masmorras de minha alma, preconizo.

E sinto que talvez fosse melhor
Matar a fantasia. Sei de cor
O que me espera: medo e vil granizo...



37


Qual burro xucro, empaco e ninguém tira
Meus pés da velha poça em que me entrevo.
Se espinhos ou canções desejo e cevo
Do todo que imagino; a vida gira

Dizia uma cigana ou pomba gira
Rasgando cada folha deste trevo
Que mudar meu caminho, agora eu devo,
Mudando a direção, acerto a mira.

Mas nada mais importa, eu sei que faço
Apenas do vazio cada passo
E passo os dias sendo o que morreu,

E mesmo que inda faça algum barulho
Meu verso em teimosia vira entulho,
E a morte? O coração nem percebeu...


38


Qual Bolsa de Valores; carrossel,
Amor se faz de tonto e me entontece.
O velho sacripanta sempre tece
Um sol que não mergulha no meu céu.

Qual fora pra Caim irmão Abel,
A morte se mostrando como prece,
Satânica emoção a Terra desce
E engessa o que julgara ser cruel.

Ao ver cada cadáver que caminha
Durante a madrugada tua e minha,
Eu calço a poesia que me dás.

Mas vejo que tampouco me quiseste,
Perdido sem ter Norte, Leste ou Este,
No Sul do Paraíso. Um incapaz...
Marcos Loures


39

Qual bela escadaria para o céu
Entorpecido entrego-me sem chances
De ter na minha vida, outros nuances
Senão os que destilam puro mel.

Andando pela escada eu peço, avances
E venha se deitar em meu dossel.
Montar e galopar em teu corcel
E protagonizar belos romances.

Mil astros vão rodando em nosso quarto,
Estrelas salpicando todo o chão.
Cometas percorrendo o céu da boca...

Até que com prazer, em gozos, farto,
De novo recomeça a translação
E a noite vai passando, bela e louca...
Marcos Loures


40


Qual barco que perdeu navegador
Vagando sem destino, mar afora,
Crivado pela angústia e pela dor,
Na solidão, pantera que devora
O canto de quem foi um sonhador
E morre, sem carinhos, triste, agora...

Distante de teus lábios sedutores,
Sem ter tua presença mais querida,
Canteiro que morreu sem brotar flores,
Um labirinto enorme sem saída.
Até sentir perfumes redentores
Nas mãos que procurei por toda a vida.

Ao ver que estás aqui, perto de mim,
O rumo eu retomei, floriu jardim...
Marcos Loures


41


Qual barco que navega em belo mar
Vagando em paraísos tropicais;
Deslizo em tuas formas magistrais,
E sinto tal prazer em navegar

Em cada fantasia a desfrutar
Querendo sempre intenso, e muito mais,
Explorando a beleza em todo cais
Onde eu pude em desejos aportar.

Nas ilhas e nas grutas, tal tesouro,
Nas praias, na alva areia, tua pele.
Horizonte em delírio descortino...

E invado cada porto, ancoradouro,
A tal vontade, o corpo me compele,
Cumprindo de um corsário, o seu destino...
Marcos Loures


42


Qual barco em alto mar sem timoneiro,
Seguindo na procura de um remanso.
Apenas solidão, ainda alcanço,
Mergulho no vazio e vou inteiro.

Encontro tão somente este espinheiro
Crivando a minha pele sem descanso,
Noctâmbulo fantasma, cego eu tranço
Na busca pelo encanto derradeiro.

Abarco estas medonhas garatujas,
As mãos de imaculadas quedam sujas,
Os olhos se perdendo da paisagem,

A morte talvez seja a solução,
E mesmo esta canalha me diz não,
Prossigo sem destino, esta viagem...
Marcos Loures


43



Qual árvore que perde tantos galhos,
Sem folhas num inverno rigoroso,
A vida me negando os agasalhos
Esquece de trazer amor e gozo.
Meus atos e palavras são tão falhos,
E nada me fará mais orgulhoso

Dos dias que passei em meu verão,
À sombra das palmeiras, solitário.
Agora é que percebo o quanto então
Amar era decerto necessário.
A vida sem sentido ou emoção
Espera pelo som de um campanário...

Mas resta no meu peito uma lembrança
Bem vaga de que tive uma esperança...


44


Qual bálsamo que espalhas entre todos,
Fomento de alegria e de esperança,
Uma alma tão sublime, o peito amansa,
Sanando os desenganos, meus engodos.

Eleva-se ao supremo patamar;
Nos mananciais de água cristalina
Sacias minha sede; alma divina
Tramando com louvor, o coroar

De todos os meus sonhos e delírios
Colhendo em belos campos, alvos lírios,
No gozo sereníssimo da paz.

Cascatas de puríssima ternura
Derramas com teu verso e de alma pura
Que do sândalo essência nobre traz...



45



Qual árvore podada com machado
Amor se fez ingrato, em duro chão,
Trazendo velhas dores do passado,
Não sabe mais sequer de solução

Amor não mais deixou nenhum recado,
Se fez apenas triste ingratidão.
Quem dera se tivesse do teu lado,
Um resto tão somente de paixão.

Teria transmudado este cenário
O dia não seria temerário
O mundo não viria tão medonho.

Nascentes já morreram abortadas,
As árvores perdidas nas queimadas,
E eu, tal qual as árvores, tristonho...

46

Qual anjo que fustiga tantos sóis,
Imenso e delicado, nosso amor.
Da forma que tu queres já destróis,
A um só tempo frágil; salvador.

Desprende tantos nós que já nos atam,
Em várias magnitudes, minha estrela.
Não sabe dos temores que se abatam
Desfilas teus pendores, és tão bela.

Eu te quero do jeito que tu fores,
Em plena tempestade e no repouso.
Perfumas e me espinhas, como flores,
Tu és a decolagem e meu pouso.

Amada como é bom te ter aqui,
Ao mesmo tempo, penso: te perdi!


47


Quais pedras que rolando vão sem rumo,
O sentimento perde-se no tempo,
Se às vezes, num momento até me aprumo,
Percebo noutra curva, um contratempo.

Não pude ser feliz; nem mesmo em sonho,
Chegando no final, colhendo o nada,
Inútil cada verso que componho,
Do amor que eu tanto quis, sequer lufada.

Augustos mensageiros da esperança,
Resíduos do que um dia foi alguém
Ao longe, no horizonte, olhar se lança
Respostas inaudíveis, logo vêm.

Falando desta vaga sensação
De em pleno inverno, o fogo de um verão...


48


Qual verme que mutila e decompõe
Qual triste podridão que se revela.
A marca da miséria já se expõe
Qual barco, no naufrágio, perde vela.

A morte anunciada já compõe
O prato que devora, podre tela.
Meu sonho neste verme a vida põe
Quem dera ver-me, enfim, longe da cela

Medonha que aprisiona meu futuro;
Trazendo o vero gozo deste não.
O manto que me cobre, vil, escuro.

Exposto, decomposto, um coração.
O chão que me domina frio e duro.
O beijo que me resta, podridão!
Marcos Loures


49

Qual vento que lambendo os arvoredos
Refaz um sonho manso e sensual,
Nas águas que se encharcam deste sal
Lacrimado na angústia de meus medos,

Percebendo aspereza dos penedos
Marchetados por gotas de cristal,
A vida se mostrando desigual
Abarca, sem limites, meus enredos.

Em versos que jamais foram refeitos,
Meus erros acumulo em tensos preitos,
Farsantes sensações; saudade e bem,

As mãos em cicatrizes dolorosas,
Recebem das perfídias; mortas rosas,
Nascidas nos desejos de outro alguém...



13150


Qual vate dos destinos que persigo,
Trazendo teus olhares magnéticos.
Por vezes, indeciso, não consigo,
Bem sei que te figuram anestéticos

Os versos que burilo. Mas nem ligo...
Em êxtases diversos, tão ecléticos,
Percebo-te qual colmo deste trigo,
Deslumbrando-me. Amores são patéticos!

Mefistófeles! Nunca serei Fausto!
Ermitão, viverei sempre sozinho.
Amor que sempre trouxe tanto infausto,

Escusa-se dos versos e das sombras...
Vagando pelos campos perco o linho,
Quimeras, com certeza não me assombras!
Marcos Loures


51

Qual vasto plaino d’alma sonhadora
Sem pântanos, charnecas, atoleiros.
A poesia imersa, exploradora,
Procura por meus cantos verdadeiros.

Tripudiando sobre meus temores,
Se ri da vera noite que teimava.
Em meio a tantos gozos dos amores
Sabia que outro encanto me chamava.

Vislumbro a solidão jazendo ali,
Depois de tanto tempo me amarrar.
O medo de viver... Ah! Já perdi,
Agora me deslumbro com amar.

E no planalto belo do cerrado,
Ecoa meu cantar, apaixonado...


52



Qual uma rosa entrando na janela
Trazendo em seu perfume uma alegria.
Beleza tão sublime amor revela
Em cantos mais felizes, fantasia...

Singrando os sete mares, alço a vela
Descubro no teu corpo, tal magia,
Minha sorte na tua já se sela
Num canto de ternura e de harmonia.

Comparsas desta vida, companheiros,
Nós somos comandantes deste barco
Amores andarilhos caminheiros

Se encontram toda noite sem disfarce.
Teu corpo emoldurado onde me embarco,
Sem medo de que o tempo nos embace..


53


Quando guardas as dores no peito,
Tu cultivas as ervas daninhas.
Teu caminho, sem rumo, sem jeito,
Não trará as verdades que tinhas...

A moldura tão dura da vida,
Se não trama sorrisos, nos ata.
Toda vez que esperança é perdida,
Coração de saudade nos mata.

Lembre então da alegria que chega
Com a festa da vida por si.
Todo mal que tristeza carrega,
Com certeza, sem medo, eu venci.

No teu riso, virá fantasia,
Se plantares, amor, alegria!


54




Quando fingiste amor, a noite fria,
Atordoadamente velha sanha...
Estavas sorrateira, má, vazia,
Jogaste sentimentos da montanha

Que destroçando tudo, me agonia...
Depressa tanta dor que vem, me apanha,
Não me permitirá nascer o dia...
Me fazes perceber quanto é estranha

A vida me maltrata, má, bastarda.
Desço mais velozmente, busco o mito,
A morte, solidária não me tarda.

Mergulho na saudade, verme e breu,
O sonho transformado em ser maldito,
No meu mundo, infeliz, tudo morreu...



55


Quando falo contigo, minha amada,
Parece que este lume me consome.
Viver é quase sempre uma cilada,
Amor por tantas vezes, simples nome...

Eu ouso muitas vezes murmurar
Falando desta febre que me queima.
Te busco neste raio de luar
Tentando te encontrar, coração teima...

E sinto no meu peito delirante
A febre de te amar que me alucina.
Eu quero um grande amor belo e constante.
Que trague teu sorriso de menina....

Não trague meu amor tanto martírio.
Só quero em nossa vida esse delírio!


56


Quando êxtase derramas, saciada,
Percebo em teu sorriso a maravilha
De quem prazer e gozo compartilha
E sabe quanto é bom ser tão amada.

Numa entrega total, alucinada,
Seguimos, conjunção em mesma trilha
Qual lobo que se perde da matilha
Gemidos percorrendo a madrugada.

Eu quero ter teu gosto em minha boca,
Numa úmida explosão que determina
Sofreguidão intensa quase louca

Que me entorpece e sempre me alucina
Nas ânsias que se dão insânia pura,
Violentas convulsões viram ternura...
Marcos Loures


57


Quando eu vejo a face envelhecida do sonho
Jogada em algum canto, envilecida e vã
Percebo mais distante o gozo da manhã
Que há tanto inutilmente, eu tento, inda proponho.

Abutre rapineiro, um pássaro medonho
Que faz do morticínio o seu supremo afã
Fazendo da carniça um grande talismã
Neste cenário amargo um retrato bisonho...

Sorrisos se perdendo, inútil versejar
O tempo vai passando e nada se refaz.
Túmulo da ilusão, no jazigo da paz

Tal nebulosidade invade e toma o mar,
E o sonho em pesadelo entregue à tal paisagem
Demonstra o grã final: minha última viagem...
Marcos Loures


58

Quando eu vejo a couraça que me dava
A impressão de ser forte, já quebrada.
A vida que alegrias me negava,
Num canto solitária, abandonada...

Minha alma transtornada, enfim nevava;
A dor que se mostrava disfarçada,
Tão calmamente vinha, aproximava...
Minha rosa dos ventos tresloucada.

A carne exposta, sangram os meus dentes.
A voz contida, quieto, nada falo...
Todos cantos que tento, são dementes.

A morte s’aproxima, dói o calo...
Os meus restos expostos sob couraça,
Meus ossos, os meus nervos u’a carcaça!


59


Quando eu tento cantar uma alegria,
Trazer felicidade para alguém
Na luz deste meu canto que irradia
Um sorriso demonstra um grande bem.

Nos versos que pretendo, a fantasia;
Aos poucos, devagar decerto vem,
E nisso, toda a paz e simpatia
Tomando voz e corpo para outrem.

Às vezes um sorriso te incomoda?
Quem sabe se lembrasses da criança
Brincando com cantigas das de roda

Não possa te mostrar quanto é possível
Viver com alegria na esperança
De um mundo bem melhor em outro nível.


60


Quando eu te toquei nem percebeste?
Desculpe se não pude convencer.
De todo este carinho que te veste
Em roupas mais profanas do prazer.

Não sei como jamais tu concebeste
Verdade feita em gosto e em teu lazer.
Não tenho mais verdade que te ateste
Além de todo o gozo de viver.

Tu chamas irreal amor que toca?
Tu chamas fantasia, intenso beijo?
Meu rio no teu mar em pororoca

Fazendo tempestade mais sagaz,
Vibrando assim contigo, meu desejo,
É feito deste amor que a gente faz...



61

Quando eu te encontro, subo aos céus sem asas...
Descrevo uma parábola celeste...
Celeste... No teu nome tantas brasas...
Tanto tempo distante e não vieste...

Tanto tempo perdido nessas casas,
Nas tristes casas, farsas sem Celeste...
Destruindo essas dores, tudo arrasas!
Pois elas são a roupa que me veste.

Desnudado, terei acaso lua?
Liberdades não vivem sem cativos.
O espelho ao mostrar a alma toda nua,

Pode –se quebrar... Nada resta então...
Liberdades, Celeste, mitos vivos;
Precisam, p’ra viver: escravidão!


62



Quando eu te conheci, amor de estalo,
Não deu nenhum segundo pra pensar.
Bebendo o sentimento no gargalo
Fui ver, mal percebi, te quis amar.

Na boca que me beija eu mesmo falo
Na confusão de língua a misturar
Se bem que eu te prefiro quando calo,
A boca em tua boca forma um mar.

Eu quero o que te quero para mim
Da forma que tu queres todo o bem.
Vivendo em teu querer querendo assim

O gosto dos sentidos cada gesto.
Sem teus desejos; sinto: sou ninguém,
Sou resto descartado; enfim: não presto!

Marcos Loures



63


Quando eu partir em busca d’outras vidas
Que eu espero existirem, acredito;
As horas que vivemos, repartidas,
Serão a minha herança, e o meu grito.

Terás talvez saudades, nisso eu creio,
Te peço, meu amor, por caridade,
Quando um outro amor tocar teu seio,
Trazendo em tal calor, felicidade.

Não lembres deste amor que já se fez,
Não deixe que este canto tão amigo,
Perturbe teu amor por outra vez
Senão jamais farei amor contigo.

Não quero ser sequer a cicatriz
Que impeça meu amor de ser feliz!

64


Quando eu partir depois de tantos sonhos
Espalhados nos campos da esperança,
Cevados em momentos mais risonhos,
Aonde a tua vista não alcança

Saiba que eu estarei, pois festejando
A glória de poder ter sido teu.
O dia novamente irá raiando
Lembrando deste sonho em que viveu...

Não deixe que uma lágrima percorra
O rosto mais bonito que já vi.
Que uma alegria imensa assim socorra
Gritando: fui feliz sabendo em ti

Amor que tantas vezes procurei
E apenas nos teus braços, encontrei...


65


Quando eu não te temia, nem pensavas
Que pudesses ser minha alvorada...
Agora que não tenho quase nada,
Tuas mãos me queimando como lavas.

Nossa fase romântica... Fornada
De confeitos diversos, me entregavas...
A porta dos meus sonhos ‘stá fechada,
As horas que, confesso, não passavas...

Visto que nada tenho nem pretendo,
Nas fogueiras da sorte não me acendo...
Recebi a receita deste bolo,

Não me servirá mais de consolo...
Quando não te temia, me fingias,
Quando não mais fingi, tu me querias!
Marcos Loures


66


Quando eu falei da morena
Falava também de ti
Coração feliz acena
Procurando o que perdi.

De felicidades, plena,
Minha alma te encontra aqui.
Moça bela, uma pequena
Como igual eu nunca vi.

Não se faça de rogada
Minha vida não é nada
Se eu não tenho um bem querer.

No teu rosto esta beleza,
Minha total fortaleza,
Minha sorte e meu prazer...


67

Quando eu estou sozinho e descontente;
A solidão batendo à minha porta,
Pensando: ser feliz é mais urgente,
Uma saudade imensa, amor comporta...

Procuro a solução que me sustente
De paz e de alegria. A dor se aborta
E torna-se mais frágil, de repente.
A vida, distraída não me corta...

Dos males que padeço, nem te falo,
Das dores que carrego, nem te digo,
Ao ver tanta tristeza, assim, me calo.

Mas sinto a tua mão, sinceridade,
É bom poder contar contigo, amigo.
A solução que espero: Uma amizade!


68


Quando eu escuto a voz feroz dos medos,
Viscosa, essa serpente vem e invade...
Rasteja até chegar, nem cedo ou tarde,
Vertiginosamente meus segredos...

Na vasta, rubra esfera, travo os dedos...
Quero o gosto nefasto e mais covarde,
Os enganos as farsas, gozos ledos...
Fingindo nas penumbras, claridade...

Pegajosas as tramas que preparas,
Mentirosas as rosas que perfumas,
Nas manhas, tarde, noites, vais, esfumas...

Eu recebo teu beijo quais escaras
Não sobreviverei, vou de repente,
Morto por esse amor; cruel serpente...


69

Quando eu disse da morena
Falava também de ti
Coração feliz acena
Procurando o que perdi.

De felicidades, plena,
Minha alma te encontra aqui.
Moça bela, uma pequena
Como igual eu nunca vi.

Não se faça de rogada
Minha vida não é nada
Se eu não tenho um bem querer.

No teu rosto esta beleza,
Minha total fortaleza,
Minha sorte e meu prazer...


70



Quando eu cheguei aqui comi poeira
Da estrada tão comprida pés e chão.
Minha alma com certeza é estradeira
Criada com tristeza e solidão.

Montado na ilusão, cobrindo esteira
Com sonho e com vergonha, decepção.
Mas meu mundo jamais teve fronteira
Quem guia meu caminho é o coração!

Amor também passou a ser verdade
Desde que vi morena, bela flor.
Até casar, te juro, deu vontade...

Fazer da solidão meu canto e ninho.
Vivendo com clareza o nosso amor,
A pedra que se foi perdeu espinho...


71


Quando eu ando sozinho, sem destino,
Procurando saber da liberdade,
Vasculhando por toda essa cidade,
Percebo, pois, o quanto eu sou menino...

Muitas vezes, me julgo qual felino;
Entretanto sou manso, na verdade,
Queria transformar a realidade.
Mas, calado, vivendo, descortino

Tremenda mansidão, que me tortura,
Trazendo tanta angústia, peço cura;
Nada encontro, senão um doce canto.

Quem me dera poder ter tal encanto,
Que se encontra na luta, caos e pranto.
Mas meu Deus, me legou tanta brandura...



72


Quando eu a vi deitada em cima de lençóis
De seda desnudada, imagem tão perfeita
Refletindo, na noite imensidão de sóis.
Minha alma desejando apenas ser aceita

Pela deusa orquestrando os sonhos, girassóis,
No fanatismo insano uma espécie de seita,
Tramando em tanto brilho os mais raros faróis.
Porém fiquei parado, observando na espreita...

Vencido pelo sono, adormeci ao lado
Da bela criatura, imaginei castelos,
Fantástica ilusão. Sublime fantasia...

Quando acordei, te vi. Do amor, este recado,
Cevando em alegria, em possíveis rastelos
O Amor trazendo à tona uma terna magia...
Marcos Loures


73



Quando estou tão sozinho te procuro
Em todos os meus versos, mas cadê?
A lua que te trouxe sobre um muro
Se esconde sem sequer ter um por que...

Não deixe que se amaine um sentimento
Voraz e sedutor que já se assoma.
Que o tempo não se torne num tormento
E tudo em nossa vida seja soma...

Agora se vier a solidão
Ao lado de quem pede tanto amor.
Amada, por favor me diga o não.
Prefiro que viver sem ter ardor.

Que a chama quando apaga, nesse caso,
Transporta tanta dor ao nosso ocaso...


74


Quando estava tão triste, sem certezas,
Ao me negar teu beijo, deste fel,
A boca me mordia, frias presas,
A vida se mostrava um carrossel.

Agora que tu vens pedindo mel,
Tu mentes ao fingir delicadezas,
Vagando a noite inteira em negro céu,
Prometes tolamente sobremesas...

Perdendo as esperanças, fiquei louco,
Vivendo meu amor sem ter vitória.
O resto que me deste: muito pouco.

Tu pensas que este amor não tem memória?
Quem dera se mudasses... Mas tampouco
A vida me permite uma outra história...


13175


Quando estava sozinho no mundo,
Sem esperas de dias melhores.
Sentimento de dor tão profundo,
Impedindo de ver tantas cores.

A saudade tomando meu peito,
A verdade distante de mim.
Eu tentava saber meu direito
De saber ser feliz, algo assim...

Minha amada, querida, teus braços
Foram porto que sempre esperei.
Com verdades, estreitamos laços,
E os problemas, enfim, superei...

Minha amiga que bom que tu vives,
Dos amores, fantástica ourives...


76


Quando estava distante e tão sozinho,
Não tinha nem sequer conhecimento
Do que estava passando-se. Momento
De sufoco, perdido, tão sem ninho...

Bastava-me saber do teu caminho.
Mas nada disso tive; eu me contento
Com tão pouco. Tampouco meu intento
Foi ser em tua vida ledo espinho.

As notícias tão vagas, vento leva
É triste conviver com fria treva
Na busca alucinada pela luz.

Percebi que tu eras simples farsa,
Nunca pude dizer: minha comparsa.
És um falso tesouro, só reluz...


77



Quando estava cansado das viagens
Sem rumo pelas ruas e calçadas,
Na escuridão que invade estas paragens
Ao nada me levando tais escadas.

Diversas e medonhas paisagens
As rotas entre estradas escarpadas,
Confusas e dispersas, as imagens
As nuvens sonegando as alvoradas...

Eu percebi que em plena solidão,
Teus olhos me mostravam ser possível
Quem tem no amor, na paz, o combustível,

Verá com tal clareza a solução,
E a angústia ao mesmo instante, já se esvai,
Na força insuperável de Meu Pai...


78


Quando estás mais distante te imagino,
Sentimentos fantásticos misturam...
Vazio, vou sozinho. Dores curam,
Bem sei, mas jamais quero tal destino.

Quem dera me sentisse campesino;
Verter duras labutas que depuram.
Os suores amantes se procuram,
Num delírio vertigem, leonino...

Delicados sentidos, sonhos, erro...
Procuro-te nas tocas. Bocas, berro...
Não me escutas, secretos sentimentos...

Mudo, sigo sozinho... Nada mais...
Nos cigarros que fumo, as espirais,
Desenham, vaporosas, sofrimentos...

Marcos Loures



79


Quando estamos sozinhos, sem um norte,
A solidão renasce como fera,
Invade e nosso mundo nada espera
A não ser este frio e a dura morte.

Quem faz das emoções simples esporte,
Ao ver sob seus pés esta cratera
No amor encontra a luz que regenera,
Mesmo que prenuncie dor e corte.

Se tolo, tantas vezes, fui e sou,
Talvez seja somente uma defesa.
O sentimento, um ato de nobreza

Que há muitos, Deus perfeito demonstrou;
Abrindo o coração tu saberás
Que sem amor, a vida ignora a paz...


80



Quando essa lua chega e se derrama
Cobrindo tal beleza inebriante
Na rubra sensação de intensa chama,
Começo esta viagem mais vibrante

Vestígios do que fora a velha trama
Que em guerras esculpiu um novo instante,
Meu corpo sem parar sempre reclama
A boca tão sedenta estonteante...

Eu quero conhecer teu território
Exposto sob o raio do luar.
Passado tão distante e merencório

Já morto não virá, isso eu garanto..
Pois vamos do momento desfrutar,
Senão a lua foge e quebra encanto..


81


Quando escrevo teu nome me ilumino
Encharcando a minha alma com perfumes
Um sentimento imenso mal domino
Dourando estes meus versos nos teus lumes.

Mil vezes eu pensei que não virias,
Depois de tantos erros cometidos,
Clamando por teu nome em noites frias,
Temendo a decepção: mal entendidos...

É bom saber que posso confiar
Em quem sempre me deu toda atenção,
Eu sei quando é difícil me aturar,
Mas peço, novamente, teu perdão.

Amiga, magoei-te por demais,
Agora, nos meus versos peço paz...


82


Quando entre dissolutos, veros sonhos;
Minha alma que entranhada nada estranha;
Vivemos dos momentos mais risonhos,
Percorro estes teus vales e montanhas...

Dos céus inalcançáveis, quero o cimo;
Guardando meus segredos pro final.
Se dores com amores sempre rimo,
A culpa é do mergulho neste astral.

Amo, decerto amei e te amarei.
Por tempos, universos mais distantes.
E sempre aonde for eu estarei,
Com passos firmes, sempre tão constantes...

Resplendecendo em tuas luzes meu destino.
Seguindo então teu rastro, cristalino...



83

Quando encontro com nuvens neste céu
Que tantas vezes quis bem mais tranqüilo.
Esperança de abelha nega o mel,
Um destino sem nunca mais cumpri-lo;

Mas as nuvens se torram tempestade
E desabam depressa, num segundo.
Destroçando em maior calamidade
Tão depressa meu mundo em dor, inundo.

Profundo sentimento tão insano
De perda e de tormento; logo alcança.
Depois deste tempo em abandono,
Ressurgindo esperança de bonança.

E te encontro sem nuvens, sem temor,
Invadindo este céu em puro amor...


84


Quando encontrei desertos em minha alma
Cansado desta longa caminhada,
Nem mesmo uma alegria já me acalma,
A vida se perdendo em cada estrada.

Nas curvas do caminho percebi,
Como é difícil andar sem ter apoio,
Não tive a precisão nem distingui
O trigo tão falado deste joio.

Agora que a velhice se aproxima,
Agora que meus passos são pesados,
Amor e sentir dor, qual mera rima,
Nos versos que deixei, abandonados.

Amar é verdadeira redenção,
Principalmente quando traz perdão...


85


Quando em teus sorrisos mal disfarças
Tristezas que carregas dentro em ti,
Distante do que fossem simples farsas
Demonstras quanto amor, tolo, eu perdi...

Aos poucos, esperanças tu esgarças
Legando este vazio que hoje eu vi.
Voando para longe as alvas garças
Expressam o que resta: nada aqui...

Mas quando lacrimejas, eu percebo
Nos olhos, tanto brilho, então me calo.
Um novo amor? Tristonho, nada falo

E enquanto a fantasia, ainda bebo,
Doçura em teu olhar que marejado
Sepulta o que restou do meu passado...
Marcos Loures


86


Quando em teus desejos percebia,
A fonte luminosa dos prazeres;
A noite se esfalfando em alegria,
Vivemos nossas tramas dos quereres.

E sinto a natureza deste amor,
Reluz especular olhos nos olhos.
Não falo mais em medos ou pudor,
Apenas vou morrer sem ter abrolhos.

Nos favos onde sorvo o teu bom mel,
Polinizas meu mundo com teu gosto.
Ascendo, sem ter asas, no teu céu,
E vivo loucamente, vou exposto.

E mostro cada parte do meu ser,
Entregue na ventura de te ter...


87



Quando em tempestades me encontraste,
A tua mão serena me salvou.
A vida não demora faz contraste
Entre o que já fui e o que hoje sou...

Sorrio, já gargalho, danço até;
As lágrimas secaram por completo,
Amor ressuscitando a minha fé.
Amar passou ser tema predileto...

Não falo mais de morte nem tormentas.
Emprestas aos meus cantos, sentimento...
As fontes de alegria que freqüentas
Trazendo a fantasia, sem tormento...

Eu quero teu amor eternamente,
Vivendo ser feliz tão ternamente...


88

Quando em sonhos de amor já nos perdemos
Falando deste canto que te faço,
Aos poucos na alegria já sabemos
Como foi belo e bom o nosso espaço.

Eu sinto meus acordes transformados
Em versos que te faço com vontade.
Roubando tais encantos disfarçados
Trazendo tanto amor e claridade.

Ouvindo molemente o teu cantar
Que é feito deste mesmo material
Dos dons que nos permitem alcançar
Os rastros das estrelas neste astral.

Eu sei que te desejo sempre mais,
Amar-te totalmente é ser demais!


89


Quando em nossas tristezas morredouras,
A vida catalisa nossos tratos;
Me lembro das estrelas, manjedouras,
Meus olhos rememoram velhos fatos..

As horas que vivemos são calouras,
Guardados, nas saudades, teus retratos,
O sol, onde bronzeias, onde douras
Me traz os sentimentos vivos, latos...

Lá longe, desmaiando me alvorece
O dia que me deste, vil ventura...
As mãos cegas de fé, resumem prece;

Na boca paladares de cicuta...
Não fomos nem talvez mansa candura,
Tu falas mas, lembrança, nada escuta...
Marcos Loures


90


Quando elevas aos céus, a sua prece;
Pedindo toda a paz em nosso amor.
Uma emoção guardada recrudesce
E volta uma esperança, com fervor...

Envolta neste manto de alegria,
Minha alma percorrendo amplo espaço;
Sabendo que a paixão, alegoria,
Se finda comumente por cansaço.

Mas vejo em nosso caso uma saída,
Que pode construir a solução.
Te quero mais amiga; assim, querida
Dominas mansamente, o coração.

Quem sabe neste amor mais companheiro
Se encontre um novo canto, verdadeiro...


91

Quando Deus, distraído, permitiu,
Por esquecer as portas entreabertas.
Uma luz dessas raras tão incertas
Aproveitou-se então, dos céus fugiu...

Como um anjo que, livre decidiu,
Conhecer um planeta. Nas ofertas
Que tinha a seu dispor, as asas certas
De que na Terra a vida enfim surgiu;

Escolheu tal planeta pra viver.
Mal sabia que assim podia ter
Escondidas; as asas noutro arranjo.

Cresceu bela mulher, que me fascina.
As asas ocultadas, da menina?
Eu descobri palpando-te meu anjo...


92


Quando Deus fez esse mundo
Com carinho e com amor,
Não pensou nenhum segundo
No Seu dom encantador,

Num pensar belo e profundo,
Mitigando qualquer dor,
Protegendo o moribundo
Qualquer pobre sofredor

Trouxe alívio no perdão,
Num amor sem ter medida,
Trouxe a chave da saída

Que permite a liberdade,
No dom maior dessa vida,
Nos carinhos da amizade!
Marcos Loures


93




Quando Deus fez a Terra, Seu encanto,
Com tantas belas cores enfeitou.
Na voz da natureza pôs o canto.
No meio das estrelas repousou.

Enfeites polvilhou cada recanto;
E belezas sem par imaginou.
Na noite das crianças, acalanto,
São provas que o Divino Pai amou!

Aos homens trouxe a luz d’uma mulher,
Amada companheira de beleza
Ímpar, pois é rainha onde estiver.

O fogo vai queimando numa pira,
A noite se passando sem tristeza.
À minha vida, ornando, deu Alzira!


94


Quando deste meu mar, em tempestades,
Buscava uma ancoragem mais segura.
Vivendo sem temer as inverdades
Que forram nossa cama, bem mais dura...

Não falo de tormentas que passamos,
Nem falo das bonanças que vieram.
Só sinto que te quero e nos amamos,
Em pazes nossas mãos já se fizeram.

Agora, o nosso mar já se acalmando,
A vida se promete mais risonha.
À noite, nossos corpos se entregando,
A vida nunca mais será medonha.

E fujo para perto, a te querer;
Meu sonho, nos teus sonhos, se perder...


95


Quando desfilas nua pelas noites;
Trazendo um manto branco, transparente,
Os ventos que te levam são açoites,
O brilho em que me cobres, envolvente.

Quando te espero, longos entrenoites;
A vida maltratando qual serpente,
Anseia pelos mágicos pernoites,
Onde serás só minha; finalmente...

Nas taperas, nas quintas, nas bodegas,
Nossos vinhos guardados nas adegas;
Aguardam tal momento mais sublime...

Minhas mãos ansiosas tremem tanto.
O amor em tal momento belo, santo;
Ao te tocar, traz sensação dum crime...


96

Quando das incertezas foi tomado
Amor se transformou em dor intensa.
Certeza alguma teve que o convença
De ser um sentimento anunciado.

Por mais que tenha sido dedicado
Não via noutros olhos recompensa.
Quem sabe destes medos sempre pensa
Na vida que se perde em triste Fado.

Porém ao pressentir uma mudança
Cambia tantas dúvidas cruéis
Por uma beneplácita esperança.

Assim no nosso amor isso ocorreu
Trocando féis por mansos, doces méis.
Tu sabes, com certeza que sou teu....
Marcos Loures


97



Quando chegas na casa abandonada,
Sem ter ninguém, por muito tempo, triste.
Percebes ao chegar, logo n’entrada,
Que nada mais cruel no mundo existe...

Da porta vês a sala empoeirada,
Nos quartos; só sujeira é que resiste.
Sozinha; neste canto, desprezada,
Sou lembrada enfim, cedo tu me viste...

Então, começarás limpar sujeira,
Esfregas, sem ter pena, todo o chão,
Empapuças-me, toda na poeira...

Depois, serei jogada num galpão,
Triste sina essa minha, a vida inteira,
Sou fiel companheira, mas em vão...

Vou deitar-me na despensa,
A minha sina é tão torta,
Se a visita não compensa,
Aí vou pra trás da porta..
Marcos Loures



98


Quando chegas com tanta galhardia,
Num sorriso expressivo e tão gostoso,
O dia se tornando fabuloso
Promete esta fartura de alegria.

Palavra tão amiga me inebria,
E mostra outro caminho prazeroso
A quem andando em rumo pedregoso
O amanhecer jamais perceberia.

A paz que tu me trazes, um tesouro,
No qual encontro enfim o ancoradouro
Perdido entre os terríveis temporais.

Por isso, benfazeja esta presença,
Que torna a minha vida menos densa
Mostrando aonde encontro o velho cais...


99


Quando chegar a morte, enfim, serei feliz.
Neste cadáver vivo a paz renascerá...
Quem na vida escapou, vivendo por um triz,
Com certeza, por sorte, um dia brilhará...

Procuro pela lua,a velha meretriz.
Sempre que rastejo, o trilho estava lá,
Sanguíneo tal letreiro indica-me, infeliz,
O rumo do meu sonho, onde a morte estará!

Se encontro podridão, Plutão, meu companheiro,
A boca que me beija, inválida se ri...
Abismo que mergulho, é meu, decerto, inteiro...

As noites que sonhei, são tolas, sepulcrais...
A morte, viva em vida, esteve por aqui...
Esperanças gentis, palavras tão banais!


13200


Quando caminho, distante de teu passo,
Dançando no pó livre desta estrada.
Ouro e prata, tesouros, madrugada...
As contas do que devo, não as faço...

Sem degredos, sem medos, devo nada...
A não ser porta aberta do teu braço!
Na dança deste vento, minha amada
Tempero meu cansaço em teu cansaço!

Minha lua mineira, uma cigana,
Respinga nos teus olhos serenatas...
Meus dias são caiados neste sol.

Amor que não machuca nunca engana,
Nas matas que matas as cascatas
Giro o mundo sou feito girassol!
Marcos Loures
 
Autor
MARCOSLOURES
 
Texto
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