Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 136

 
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1


Quem dera se tivéssemos na vida
Toda uma certeza que trouxesse
Distante da tristeza em despedida
Uma alegria feita em bela prece.

Assim nós poderíamos; querida
Saber desta beleza em que se tece
Planície calmamente concebida
Na qual nossa esperança robustece.

Meu verso te procura; companheira,
Em meio a tempestades e terrores.
A minha paz se mostra passageira

Distante dos teus braços, minha amiga.
Tu trazes no teu peito tais pendores
fazendo com que a vida em paz prossiga...


2


Quem dera se tivesse inda o deleite
Que tive há tanto tempo em belo dia.
A sombra da esperança; fugidia,
Esgueira-se legando como enfeite

O manto da tristeza em que se deite
Amor que fora pleno de alegria,
Agora se liberta em alforria,
Sem sorte ou novidade que se espreite.

As urzes de um amor abandonado,
Roçando o meu caminho de viés,
Amor que se fez luto em triste Fado,

Tortura quem sonhara com a glória,
Apenas as correntes nos meus pés
Resquícios que carrego desta história...


3


Quem dera se pudéssemos voltar
Histórias do passado no presente.
Assim um mundo inteiro a recriar
Moldando em nova sorte o que se sente.

Talvez por ter amor a se fartar
A Terra em si seria diferente.
No céu que já rebrilha sobre o mar
Apenas da verdade um contingente.

Quem dera, meu amor, se a primavera
Tomasse novamente toda a Terra
Assim já bem distante de uma guerra

Iríamos viver novíssima era
Aonde feito amor, o paraíso
Seria sempre aberto e sem juízo...


4



Quem dera se pudéssemos perfumes
Espalharmos, amiga, em nosso abrigo.
Decerto atingiríamos tais cumes
Num esplendor divino, pois amigo.

Andando sem temor, sempre contigo,
Desdenho quaisquer formas de ciúmes.
Adivinhando a curva em seu perigo,
Desfruto da amizade, nossos lumes.

Na extensa vastidão destes desertos,
Não quero tal resignação de ascetas,
Nem forro de ilusões as minhas metas,

Apenas quero passos, firmes certos.
Quem tem de uma amizade; os arcos, setas,
Encontra seus caminhos mais abertos...

5



Quem dera se pudesse ter tal glória,
E ser teu companheiro vida afora,
A vida não seria merencória
No encanto em que este amor ressurge, aflora.

E ao ter esta resposta que buscara
Vagando por sombrias e ermas sendas
Sabendo que encontrei a jóia rara
Na bela caminhada que desvendas

Usando o sentimento mais sublime,
Riscando o céu de raios multicores,
No gozo deste encanto que suprime
Legando ao desvario velhas dores.

Sagrar cada poema a quem eu amo,
Florindo na vereda; tronco e ramo...


6


Quem dera se pudesse te esquecer,
Fingir que tudo aquilo foi mentira.
Calando num instante a velha lira
Que, lúdica, embalava o meu prazer...

Um novo sol regando amanhecer,
A Terra incontinenti, sempre gira
E o dardo que este deus, inda desfira
Trará depois de tudo, um outro ser...

Sentindo em outros lábios a alegria
Que um dia desfrutei ao lado teu.
Pensar que nosso amor já se verteu

Descendo a correnteza, sem magia...
Quem dera se eu pudesse. Ah! Se eu pudesse...
Porém o coração nunca obedece....
Marcos Loures


7


Quem dera se pudesse te entregar
As horas mais bonitas dessa vida,
Roubando as estrelas e o luar
Buscando a juventude já perdida...

Quem dera se quisesses meus poemas
Em volta desta lâmpada saudade...
Amores e delícias os meus lemas,
Tramando tantos sonhos de verdade...

Não vejo mais promessas no que falas
São farsas essas falsas esperanças.
Amando sem pensar sequer nas malas
Que fazes nesses sonhos onde alcanças

Caminhos mais distantes deste amor.
Fugazes nos aromas de uma flor...


8


Quem dera se pudesse ser teu homem
Aquele que esperavas mas não vinha.
As dores que te deram, logo somem,
Abraço que te toca e adivinha...

Quem dera se pudesse te trazer
O gosto que esqueceste dessa vida.
Matando uma vontade de morrer
Deitado em tua cama adormecida.

Quem dera se cantasse o mesmo canto
O coração que bate mas não sente.
Vivendo teu amor, vestindo o manto
Que trama no prazer, viver contente...

Assim eu poderia mais me expor
A todos os desígnios deste amor!


9


Quem dera se pudesse alvorecer
Tocando como um vento a tua boca,
Sentindo tua voz ardente e rouca,
Aos poucos me tomando em tal prazer

Que a vida neste instante se treslouca
Num êxtase divino, uma mulher
Deitando seu desejo e quase louca,
Unindo em corpo e alma, o bem querer.

Há tempos esqueci que a mocidade
Não pode ser eterna primavera.
Depois de tantos anos, dura espera,

Acordo e a mão cruel da realidade
Roçando minha pele, fria e triste.
Porém uma esperança vã persiste...


10


Quem dera se poeta, um dia eu fosse
Poder cantar a lua do sertão,
Na maravilha rara que amor trouxe,
Emoldurando em sonho, uma paixão,
Falar de uma alegria que se esboce
Vibrando bem mais forte o coração

Quem dera se pudesse em poesia,
Falar desta morena sertaneja
Que trama no seu rosto a fantasia,
À qual meu canto enfim, tanto deseja,
Da terra quase seca, uma magia,
Mostrada em tal beleza que sobeja.

Num canto tão airoso e mais gentil
Riquezas destes solos, do Brasil..


11



Quem dera se poeta um dia eu fosse
Para cantar em versos quanto eu quero,
E nisso eu te garanto, sou sincero
Que sonho em tua boca, um gosto doce.

Do amor um guardião, um sentinela,
Trafego entre as estrelas mais distantes,
Bem mais do que pensara outrora e antes
Suprema fantasia se revela

E molda um caminhar bem mais sereno,
No quanto meu desejo se faz pleno,
Palavras já não bastam, são fugazes.

Viver cada momento intensamente,
Cevando com ternura esta semente
Que em versos delicados tu me trazes...


12


Quem dera se perene fosse o sonho...
Avesso às galhardias do desejo
Ao barco em que navego já prevejo
O fim num grande abismo, mal medonho...

Da fétida impressão eu me componho
Rastreio cada falso relampejo,
E quando sei do nada que inda almejo,
Retrato-me feroz, mas sou bisonho.

Titubeante, sigo sem destino,
Cultivo o velho câncer com cigarros.
Recebo em farto brinde estes catarros

Prenunciando o fim. E desatino...
Na hemoptise da alma me esvaindo,
Acérrima ilusão de um gozo infindo...


13


Quem dera se o mosquito que te pica
Na nuca devagar, não me te mordesse,
Na língua delicada em que se estica
Aos poucos, com carinho te lambesse.

A pele arrepiada logo fica
E num sussurro bom, cedo gemesse.
Suor ia pingando como em bica,
Uma picada leve. Ah! Se pudesse...

Querida, te garanto, neste dia
Jamais esquecerias tal picada
Que louca de vontade desceria

Até chegar à gruta bem molhada.
Amor, este mosquito que mordeu,
Não reparaste amada, mas era eu...
Marcos Loures


14

Quem dera se o amor fosse parceiro
Daqueles que sonharam com a paz
O dia da procura, derradeiro,
Somente uma tristeza amarga traz.

Mas ouço em teu cantar alvissareiro
Um último regalo. Eu sou capaz
De crer que talvez tenha um verdadeiro
Amor de quem promete e satisfaz...

É doce este teu canto, amada amiga,
Acariciando um peito antes amargo.
Quem sabe nos teus braços, eu consiga

Rever uma esperança que deixei.
Depois de tanto tempo, sem embargo,
No encanto deste amor, eu me encontrei...


15

Quem dera se meus versos te tocassem
Mostrando a dimensão do que ora sinto.
Por mais que em amargura te encontrassem,
Talvez pudessem ser o teu absinto.

Realidade plena demonstrassem
Além do que em meus sonhos, tolo, pinto.
De toda a fantasia te inundassem
Do sonho fosse além. Claro e distinto.

Porém sem poesia, frágeis versos
Daqueles bem mais belos, tão diversos,
Distante da beleza predileta.

Quem dera se eu pudesse... Quem me dera...
Palavra que não domo, imensa fera,
Entrega-se somente a um bom poeta...
Marcos Loures


16



Quem dera se meu sono fosse manso
Em volta da lareira, quento o frio.
O colo de quem amo, meu remanso,
Depois de tanto tempo por um fio...

As cordas do meu velho violão
Depois de tanto tempo sem tocar
Faltando tão somente o mi bordão
A noite me convida a procurar.

Os cantos esquecidos na gaveta
Nas salas deste velho coração
Que sabe muito bem e se completa
Nas noites e luares do sertão.

No colo desta serra e da morena
Que ao longe, tão distante inda me acena


17


Quem dera se isso fosse assim, amiga,
Esta taquicardia que me ataca
Demonstra que a saúde já periga,
Cigarro vem fincando a sua estaca...

Mas vejo de outra forma, na verdade
Também uma saudade faz estrago.
Doutor já me falou com claridade
Que isto piora sempre quando eu trago.

Não deixo de querer uma pequena,
Mesmo que ela me diga: demorou!
Um velho quando joga, mas não treina
Não sabe a direção e perde o gol.

Contra impotência forte em noite magra,
Amiga só tem jeito com Viagra...
Marcos Loures


18


Quem dera se exercesse algum fascínio
Naquela que desejo há mais de um ano,
O amor não obedece ao meu domínio,
De todos os meus atos, soberano.

Não tendo mais um verso além. Define-o
E assim não me trarás mais desengano.
Perdendo desde sempre este escrutínio
Eu entro, sem desculpas, pelo cano.

Neste inglês macarrônico que eu falo,
Eu quis dizer que eu amo quem me quer,
Do jeito e da maneira que vier

Não quero nesse amor cantar de galo,
Somente alguma frase de consolo,
Apenas um pedaço deste bolo...
Marcos Loures


19



Quem dera se eu tivesse este pendor
De ser o companheiro predileto
Andando junto a ti, mesmo em deserto,
Ninguém me julgaria um sonhador.

Mas longe do carinho e sem afeto,
Restando este vazio a me compor,
Meu peito, vago e só, tão sofredor,
De uma felicidade encontra o veto.

Beijar, como beijei, a tua boca,
Quem dera... Fantasia quase louca
Guardada dentro em mim, qual um segredo.

Agora que percebo amor distante,
Não resta nem sequer mais um instante
Apenas me sobrou triste degredo...


20


Quem dera se eu tivesse esta certeza
Do amor que tantas vezes desejei.
A vida nos prepara uma surpresa,
Mudando, de repente história e grei.

Forjando uma esperança que falseia,
Trazendo o gosto amargo da saudade.
A lua que eu julgara plena e cheia,
Minguando pouco a pouco. Que maldade!

Restando o meu olhar sem paradeiro,
Ausente de teus olhos, vou sem rumo.
O sonho que eu pensara verdadeiro,
Perdendo a cada dia mais seu prumo.

Talvez, quem sabe um dia; voltarás
Trazendo novamente o riso e a paz...


21


Quem dera se eu tivesse em minhas mãos
Poder de discernir amor e dor.
Embora tantos versos soem vãos,
Recolho no caminho espinho e flor.

Colhendo o que plantara em frios grãos
Espalho pelos campos frio ardor
Os olhos que se querem feito irmãos,
No fundo não percebem treva e cor.

Assim ao repartimos nossos rumos,
Bebendo vez em quando os mesmos sumos,
Somando, na verdade dividimos.

Se eu tento disfarçar o quanto adoro,
Ao mesmo tempo morro e rememoro
Momentos em que sou o que sentimos...
Marcos Loures


22


Quem dera se eu tivesse algum talento
E pudesse falar da piriguete
Mascando o coração, nova chacrete
Expõe nos seus quadris o sentimento.

A bunda balançando, segue o vento
Na boca desdenhosa algum chiclete,
Menina disfarçada de vedete
Procura no caderno um pensamento

Tentando ser a dona do pedaço,
Princesa dos garotos mais safados
Ridícula figura, eu te confesso

Posando de putinha, ganha espaço
Sacode o popozão pra todos lados.
Quem sabe então teria algum sucesso...
Marcos Loures


23


Quem dera se eu soubesse o que não sei,
Falar de poesia mais a sério,
Porém ao escrever vou sem critério
Tentando seguir métrica qual lei.

Em tanta teimosia eu esbarrei,
Agora estou distante deste império
Seguindo sem ter tempo ou refrigério
Aonde hipocrisia vira lei

Que faço se não posso conceber
Soneto sem ter rima sequer ritmo
A poesia além de um logaritmo

Vivendo tão somente ao bel prazer,
Não pode ter correntes matemáticas
Nem mesmo repetir velhas temáticas...
Marcos Loures


24


Quem dera se eu pudesse traduzir
Em versos a emoção que me tomou
Ao ler esta beleza a refletir
Uma alma que decerto iluminou

Os passos deste pobre trovador
Que tenta e mal disfarça a tentativa
De ser tal qual o velho cantador
Que no Nordeste fez-se patativa.

Um simples repentista não merece
Palavras tão sublimes de um poeta.
Eu venho agradecer, amigo, em prece
À tua alma divina e tão repleta

De doce poesia alvissareira
Dos Reis um sonetista de primeira!

PARA O GRANDE AMIGO E SONETISTA GONÇALVES REIS


25



Quem dera se eu pudesse ter o porte
De um mar em vastidão inalcançável,
Um ser que assim vivesse palatável,
Distante da magia feita em morte.

Talvez assim sanasse cada corte
Em lâmina cruel imaginável,
A vida poderia ser afável,
Mudando o meu caminho em novo norte.

Mas vejo que também chorando assim,
Quem poderia um dia ser alento
Perdida num deserto que sem fim

Não deixa mais sobrar nem fantasia,
Sangrando e destilando em agonia,
A dor que se emoldura em sofrimento...


26

Quem dera se eu pudesse ter nas mãos
A força que comanda uma esperança,
Os dias com certeza outrora vãos
Teriam a alegria de uma dança,

Na festa consagrada ao louco Amor,
Eterno passageiro dos meus sonhos.
Beijando a tua boca com fervor,
Delírios em momentos mais risonhos.

O sol dourando a terra, mansamente,
Forrando em fantasias, meu celeiro
Enquanto a poesia, plenamente
Derrama sobre nós mel verdadeiro.

Assim eu poderia ser feliz,
Mudando do meu céu cor e matiz...
Marcos Loures


27


Quem dera se eu pudesse te falar
Do quanto a nossa vida é tão ingrata.
O medo de viver tanto maltrata
Que impede muitas vezes de sonhar.

A dor que se avizinha vem mostrar
Na lágrima que escorre pela mata,
Descendo em podres águas na cascata,
Sujando as esperanças deste mar,

São marcas indeléveis da presença
De uma civilizada e má doença
Sangrando em nascedouro um amanhã.

Percebo que a cobiça e o desamor,
Ganância e covardia em destemor
sejam dos paraísos, a maçã...


28



quem dera se eu pudesse te esquecer...
talvez ainda houvesse uma esperança
de ter uma ilusão que não se alcança
fadado inutilmente ao tal sofrer...

o quarto abandonado, posso ver,
em cada canto apenas a lembrança
de quem levou consigo a temperança,
pingente dos meus sonhos, passo a ser.

Eu quis amar além do que devia,
Do quanto a dor existe, eu mal sabia,
Hipnotizado enfim, não percebia

Que tudo fora apenas fantasia.
E quando o teu olhar, sonho recria,
Eu morro um pouco mais a cada dia...


29



Quem dera se eu pudesse te beijar,
Sentir o teu perfume junto a mim.
A rosa mais sublime do jardim
Distante de meus olhos, faz sonhar...

Vagando noite imersa bar em bar,
O tempo de esperar chegando ao fim,
Talvez inda pudesse... Mas, enfim,
Reflexo de uma estrela sobre o mar...

Nas cinzas do cigarro, meu espelho,
Ao lobo solitário me assemelho
E sigo, uivando tolo para a lua

Que deita em cada raio bela trilha,
Porém minha alma tosca, uma andarilha
Ausente de esperança em vão flutua...
Marcos Loures


30

Quem dera se eu pudesse ser tão cúpido,
Sem súplica sem tédio e sem combate,
Coragem se tornando um disparate,
Deixando-me deveras mais estúpido.

Quadrúpede que escreve em linhas tortas
Oferecendo amor a quem quiser,
Não sabe dos segredos da mulher
Matando sem cuidado flores e hortas

Cambota poesia cai à toa,
Virando desde sempre esta canoa,
Fazendo uma arruaça, tolo frêmito...

Pagando meus pecados desde antanho
No Nilo ensangüentado eu já me banho,
E pra maior azar, sou primogênito!
Marcos Loures


31


Quem dera se eu pudesse ser poeta
Cantar amor sincero e verdadeiro,
Tocando o coração em linha reta,
Nas mãos a pena imersa no tinteiro,
Traçando a fantasia como meta
E ser, além de tudo, mais inteiro.

Deixando o coração numa avenida
Unindo o meu sertão à capital,
A sorte de encontrar desprevenida
Morena mais sestrosa e sensual,
Mulher que Deus deixou em minha vida,
Levando todo amor num embornal.

Quem dera ser, talvez um trovador,
Cantando emocionado o nosso amor...


32


Quem dera se eu pudesse ser menino,
Pegando a bela rosa no jardim
Saudade deste lago cristalino
Perdido em algum canto dentro em mim.

Enquanto no teu tom eu desafino
O coração fazendo este motim,
Sabendo do amargor do meu destino
Acendo de esperanças, o estopim.

A fé no que virá move montanhas,
Estrelas de ilusão que tu apanhas
Derramas sobre os olhos sonhadores.

Os meus cabelos brancos nada dizem,
Por mais que as fantasias se matizem
Terei ainda em vida, teus amores?
Marcos Loures


33


Quem dera se eu pudesse ser amigo
Daquele que comanda cada passo,
Condena quase sempre ao desabrigo,
Deixando pela rua o mesmo traço.

Se eu tento na verdade eu não consigo
Caindo pouco a pouco, cedo espaço.
Fingindo tantas vezes que não ligo
Queria tão somente um teu abraço.

Os beijos que sonhei e não me deste,
Afagos e carinhos – ilusão...
Levado pelo canto sedutor

A vida preparando o mesmo teste
Secando em nascedouro a floração
Deixando bem distante o louco amor...
Marcos Loures


34


Quem dera se eu pudesse qual pragmático
Deixar o sentimento para trás
O olhar desta morena; tão simpático
Loucuras e vontades; logo traz.

De um jeito tão sutil quão enigmático
Aos poucos, conquistando satisfaz,
Às vezes compenetra, mas errático
Penetra o coração, manso e voraz.

Voltando à vaca fria, meu amor,
Eu tento ser alem de sonhador
Um cara com os pés tocando o chão.

Mas nada do que eu digo, assim se escreve
Amor que é tropical esquece a neve
Legando ao pensamento, ebulição...

Marcos Loures


35


Quem dera se eu pudesse prosseguir
Ao lado da morena mais formosa
Que um dia conheci. Mas é pedir
Demais à minha sorte caprichosa!
Tu és além do que posso sentir
Perfume delicado em rara rosa.

O vento da promessa me diz tudo,
Chegou o meu final da primavera.
No canto da esperança não me iludo
A vida se passou sem ter espera.
Um coração tão velho fica mudo,
Aguarda o meu final. Ah! Quem me dera!

Minha alma também saiba; é toda tua...
Meu pensamento livre inda flutua....


36


Quem dera se eu pudesse num poema
Falar do amor somente e nada mais,
A vida com certeza em cada algema
Impede que se veja um manso cais.

A morte que se mostra como um tema
Deixando meus caminhos, sempre iguais,
No encanto que socorre, amor que crema
Tornando estas misérias mais banais.

Amputo mais um pouco da esperança
Que um dia em frágil sonho, concebi
Decerto que este rumo que perdi

Um novo alvorecer jamais alcança.
A podridão que toma este cenário
Traduz nosso futuro, temerário...
Marcos Loures


37


Quem dera se eu pudesse na viola
Traduzir em meu canto o sentimento,
Numa alegria imensa que consola,
Tocado pela lua e pelo vento
Minha alma num momento já decola
E voa em liberdade, o pensamento.

Quem dera se eu pudesse traduzir
Em poucas redondilhas a beleza
Que eu vejo neste céu claro a luzir
Cobrindo como um manto a natureza
Em cores e matizes a cerzir
Força descomunal, mas indefesa...

Quem dera se eu pudesse, na verdade
Dizer que a salvação vem da amizade...


38


Quem dera se eu pudesse festejar
A volta de um amor que já perdi.
As fases justificam o luar
Retorno ao meu passado: estou aqui.

Os pés tão calejados de sonhar,
As altas cordilheiras eu venci,
Porém não tendo forças para amar,
Nos olhos do vazio me embebi.

Satíricos amores, não mais quero,
Almejo algum carinho que sincero
Permita este pernoite em plena paz.

Do quanto ainda me resta de alegria,
Eu quero que saibas que hoje em dia
Qualquer alento ou riso satisfaz...
Marcos Loures


39

Quem dera se eu pudesse encontrar a ventura
Que a toda gente traz plena consolação.
Que traz a mansa luz e esconde escuridão.
Transforma a dura pena em fonte de ternura.

Acalma o violento e o enche de brandura.
Sossega a tempestade, acalma o furacão.
Eleva-nos ao monte e nos traz amplidão.
A quem sofre: esperança, aos doentes, a cura!

Quem dera se eu tivesse esse dom, meu encanto.
A dor que, hoje, maltrata; ah! Não doía tanto...
Felicidade, então, seria um bem perene.

Para sempre alegria, amor pleno de glória.
Nem um traço de dor, já morta, sem memória
Quem dera se eu tivesse amor de Marilene!
Marcos Loures



40

Quem dera se eu pudesse crer em algo.
No amor ou na esperança que transforma.
Porém a dor me invade e assim deforma
Quem crera num amor nobre e fidalgo.

No sonho em que liberto vou, cavalgo
Por entre estrelas raras, medo informa
Que a noite se perdendo em cruz, em valgo,
Refaz em nebulosa a bela forma

Perdida entre negrumes, sombras, trevas.
Afugentando a luz para outras plagas,
Ao recortar minha alma em frias chagas.

Porém, ao perceber, que ao largo levas
Meu sonho, companheira, em amizade,
Permito-me já crer na claridade!
Marcos Loures


41


Quem dera se eu pudesse compreendê-la
Talvez ainda houvesse uma esperança
De ter em minhas mãos a bela estrela
Que em noite audaciosa enfim se avança

E vaga pelo etéreo; asas plenas,
Em batalhões distantes constelares,
Amor que em borbotões, tristes falenas
Andara em aguardentes, becos, bares.

Rondando em minha noite, pesadelos,
Roçando a minha cama, sudorese,
Sentindo a maciez de teus cabelos,
Depois a gargalhada em que despreze

O quanto desejei e que perdi
Do amor que dediquei somente a ti...



42


Quem dera se eu pudesse arder em chamas,
Queimando sob as luzes da paixão,
Minha alma cativada, quando inflamas,
Mergulha na total satisfação...

Amargas esperanças; cultivara
Ouvindo o mesmo não repetitivo.
Se mesmo a natureza desampara
Propondo eternamente o ser cativo

No quarto sempre escuro do desejo
O medo em relampejo trovejando
O quanto que te quero e sempre almejo
Aos poucos se perdendo e desabando.

Abandonado e só, nada me resta.
Amor em solidão tristezas gesta...
Marcos Loures


43


Quem dera se eu pudesse ao menos concordar
Com toda a fantasia em que falas do amor.
O ser humano é podre e mata por matar
Escória do universo, um verme a decompor.

Perene tempestade em meio ao grande mar
Imagem tenebrosa assim a se compor
Demonstra a realidade. E teimo em procurar
Ainda o que me resta. Um pouco de torpor

Nesta caricatura uma paisagem nobre
Que ao fim da fria tarde um sonhador descobre.
Porém quando ressurge o sol de um novo dia

O escárnio renascido, a miséria se expondo
O cheiro deste corpo aos poucos decompondo
Resumindo a verdade, esconde a fantasia...
Marcos Loures


44



Quem dera se eu pudesse ainda crer,
Que existe alguma chance de vitória,
Porém a minha estrada merencória
Eu vejo; dia-a-dia, esmorecer.

Agradecendo cada amanhecer,
Eu sei que a minha luta é vã e inglória.
Pudesse refazer a velha história,
Mas sinto uma esperança fenecer.

Fui homem, tive sonhos, hoje o nada
Rosnando em meus umbrais, tomando a cena,
Nem mesmo a fantasia me serena,

Meu corpo, pouco a pouco se degrada,
A morte quando bate à minha porta,
Encontra esta esperança, ausente... Morta!


45



Quem dera se eu dissesse à solidão
Este definitivo e sacro adeus,
Tocado pela glória do bom Deus
Eu teria, do etéreo, a sensação.

Cultivo da esperança, cada grão,
Vencendo escuridão, doídos breus,
Sentindo estes prazeres todos meus,
Teria em pleno amor, satisfação.

Mas quando o frio chega, duro inverno,
O olhar que imaginara calmo e terno,
Afasta-se de mim, matando o sonho...

E ausência destruindo a fantasia,
Enquanto uma alma neva e não estia,
Nas mãos da solidão me decomponho...


46


Quem dera se estivesses por aqui,
Por certo me farias bem feliz.
De toda uma tristeza que senti
A vida se tornando cicatriz.

Uma alegria imensa sinto em ti
De sorte e sol em mágico matiz.
Desse amor que em teus olhos percebi
Desta explosão divina quero o bis

E vamos lado a lado, o tempo inteiro
Correndo de mãos dadas com a vida
No amor que se mostrou tão companheiro

Toda uma certeza imensa que domina.
Tu és a minha sorte tão querida,
Mulher tão delicada, uma menina...


47




Quem dera se este tempo,enfim, parasse,
E a vida então seria mais feliz.
O gozo da alegria em que me alçasse
Traria toda o bem que eu já te quis.

Mas como o tempo passa, sempre algoz,
Nos leva em suas asas, sem perdão.
De tudo o que vivemos, tristes pós
Deixados nesta estrada, resta o chão

Que,embora empoeirado inda resiste,
Guardando uma lembrança do que outrora
Vivera, e o coração batendo triste
Durante a vida inteira rememora,

O tempo que não pára, na verdade,
Persiste tão somente na saudade!


48


Quem dera se esse mundo acompanhasse
O canto desse amor que já nos toma.
Talvez toda esperança sem disfarce
Viria percebendo que se assoma

De nós uma canção mais delicada
Que é feita desse amor em amizade.
A sorte então seria renovada
Trazendo para nós felicidade...

Não deixe que se cale nossa voz
Nem mesmo que a tristeza nos provoque
A solidão decerto tão feroz;
Quem em nossas emoções, jamais as toque.

Eu quero o teu cantar sempre feliz
Trazendo todo o bem que sempre quis...
Marcos Loures


49


Quem dera se esse canto de promessas
Não fosse tão somente um simples canto
A vida vai passando em tais remessas
Diárias de ternuras e de encanto.

Recebo tais lufadas com prazer
E vivo tão somente em alegria
Se nada mais da vida eu irei ter
Senão esta certeza de alegria.

Eu amo como nunca mais pensei
Depois de tanto tempo mais tristonho
Que eu dia neste mundo enfim terei
Certeza deste amor que te proponho.

Eu quero ter contigo tanta luz,
Amor que me protege e me seduz...
Marcos Loures


50


Quem dera se esperança não cansasse
Talvez assim pudesse ser feliz.
A sorte que em sorriso, traz disfarce
Descrenças e tristezas já me diz.
É como se perdesse cada enlace
Moldando em outra face o que se quis.

Vivendo a fina flor do desalento,
Cultivo uma ilusão em meu jardim,
Movido pelo fogo sempre atento
Incinerando tudo, vou assim,
Apátrida, sem rumo, o meu lamento
Ecoa, num segundo, traça o fim.

Uma esperança apenas me alivia
Da morte que trará tanta alegria...



51

Quem dera se entendessem a linguagem
Das flores e das plantas, primaveras
Matariam algozes feito em feras
Deixando para trás a sacanagem

Daqueles que dizendo uma bobagem
Não deixam que se pense em novas eras
De um mundo em liberdade que tu geras
Somente no pensar numa miragem.

Talvez esta utopia prevaleça
Sentido verdadeiro da amizade.
E o amor igualitário venha e cresça

Trazendo para todos, liberdade.
Amor que eu aprendi, e nisto insisto
Encontro tão somente em Jesus Cristo...
Marcos Loures


52


Quem dera se entendesse desse amor
Que tantas vezes dói e me maltrata,
No fundo sempre sou um sonhador
Vagando sem destino em densa mata.

Falando em sentimentos mais penosos,
Desisto plenamente deste tema.
De tantos os caminhos pedregosos
A dor, amor, cansei de ter por lema.

Prefiro descansar esses meus versos,
Falar de coisas tantas que não sinto,
Vagar sem ter sentido por diversos
Caminhos que no fundo, sempre minto...

Eu nunca mais farei versos de amor.
Vazio, vou sozinho pr’onde for!


53


Quem dera se engatasse nesta gata
Que mia toda noite no telhado,
Um gato quase um velho, apaixonado,
A plena mocidade já resgata,

Ao ver a precisão com que se engata
Depois de tanto tempo abandonado,
Sabendo que miara no passado,
Porém quando ela mia me maltrata...

Da gata quero engate mais gostoso,
Tocando com felina tentação,
Até que chegue em fúria, o nosso gozo,

Fazendo toda noite uma arruaça
Debaixo da soleira ou no portão,
No meio do quintal, em plena praça...


54

Quem dera se ela fosse a mesma o tempo inteiro
A moça faz a festa e deixa por promessa
Um riso que eu bem sei jamais foi verdadeiro,
O quanto que eu errei meu bem já me confessa

Não tendo, na verdade, a tinta no tinteiro
Depois de certo tempo eu não tendo mais pressa
Não quero mais sentir da moça nem o cheiro.
A marca que deixou, doeu demais, à beça.

Amor não tendo tédio é sempre mais gostoso,
Porém se é feito em farpa, amor é perigoso,
Morrendo em nascedouro, esquece-se do encanto.

Desembestei o sonho em busca da morena.
No fundo não queria. Eu sei, não vale à pena;
Mas finjo que inda gosto; embora eu goste tanto


55


Quem dera se deixasse que eu viesse
Da noite em tal ternura que te amanse,
As mãos que te carinham, numa prece,
O passo sorrateiro que te alcance.

Quem dera se trouxesse meu carinho
E desse tantos beijos nesta nuca.
Depois ir te despindo com jeitinho,
Amor que não maltrata e nem machuca...

Apenas no gemido desta noite,
As pernas se entrelaçam num balé,
Me apego na ternura em manso açoite
Amor que me transmite rogo e fé.

Não quero nem ao menos transformar
Apenas o que quero, enfim, te amar!


56



Quem dera se bebendo do veneno
Que a própria cascavel inda produz
Morresse da picada, em ódio pleno,
Serpente que rasteja e que conduz

Por sobre a terra fria, a jararaca
Lambendo cada rastro, traz no bote,
O cheiro mais impuro da cloaca
Enchendo a paciência, quebra o pote.

Mas sangue desta cobra em alergia,
Causando-me terrível urticária,
Um dia, se mostrando com magia,
Já teve sedução, bem temporária.

Agora balanço o seu chocalho,
Não resiste sequer aos dentes d’alho...


57

Quem dera repartir os meus anéis,
Esse ouro que carrego nos meus dedos.
A vida que se passa, de víeis,
Talvez já não guardasse tantos medos.

Quem dera repartir uma riqueza
Que sempre desejei e bem não fez,
Quem dera perceber que uma beleza
Provoca, tanta vez, insensatez...

Quem dera repartir as esperanças
A cada novo amigo que recebo,
Criando não somente as alianças
Fazendo deste amor, o que percebo.

Quem dera repartir os meus pecados?
Egoisticamente estão guardados...


58


Quem dera prisioneiro em tua cama,
Tomado por desejos quase insanos.
Amara-te nos lençóis, até na lama;
Instintos devorando, tão profanos.

Atado aos teus carinhos, viva chama,
Escravo dos prazeres soberanos.
Certeira sensação em louca trama,
Não permitindo nunca mais enganos.

Na entrega sem limites, com paixão,
Fazendo de teu corpo moradia,
Roubando desta noite a tentação,

Hedônica vontade me domina,
Além de todo o bem que te queria,
Na fome que nos toma, e me alucina...
Marcos Loures


59


Quem dera primavera retornasse.
Talvez assim seria mais feliz...
Olhando meu espelho sem disfarce
A pele vai mudando de matiz...

Os olhos antes vivos, tão sem vida,
A boca vai perdendo seu turgor,
De todas as entregas desta vida
O preço vou pagando com rancor.

Não tenho mais os braços que sonhara
Na cama que queria fosse minha...
Amar, amar, amar, palavra amara,
Deixando uma esperança mais sozinha...

Mas tenho dentro d’alma tanto desejo...
Morena vem depressa e dá um beijo!


60



Quem dera onipresente e onisciente;
Veria ao fim da tarde, o sol nascendo.
Sendo felicidade um tosco adendo
Quem sabe muitas vezes, quem mais mente.

No início; o precipício quis poente
E o beijo da mulher/aranha; emendo.
Segredos de um poema não desvendo,
Nem luto contra a força da torrente.

Pelejo contra Deus, mato o Diabo,
Letárgico país adormecido,
Potencializando a tal libido

Nas coxas da morena eu já me acabo.
Operando milagres na tevê
Pastor coleta a grana; e ninguém vê...


61

Quem dera no teu seio adormecer
E sonhar com tanto amor que te guardei
Vivendo nosso canto sem temer
O mundo que prá nós imaginei...

Quem dera ser o triste beduíno
Que encontra seu oásis e sorri.
Amor que sempre tive, genuíno,
Aos poucos, sem saber, eu já perdi...

Eu quero nos teus lábios maciez
Nos mais divinos toques sensuais
Sentindo teu desejo em languidez
Vontade de querer decerto mais...

Amada não se esqueça como é belo
Amor que tanto sinto e te revelo...


62


Quem dera não tivesse tão má sina,
Não teria a certeza desta espora...
A mão que me tortura e desatina,
Essa dor chegaria, iria embora...

Saudade, essa mulher que me assassina,
Na certa não traria essa demora...
Meus olhos embotados, lamparina,
Amor que me castiga, sempre implora...

Quem dera não tivesse mais desculpas,
Não sei se conseguias me entender...
Minúsculas as festas sei com lupas,

Meus barcos nunca vão me surpreender.
As mortes que tiveste são sem culpas
Nas ondas de teu mar, sobreviver...



63

Quem dera não tivesse a sombra da emoção
Arrasta em desafio e mata o sentimento.
A força inconseqüente invade o coração
E mata devagar, num fogo firme e lento...

Sonhara estar distante. Um mero pensamento...
Durante a tempestade, a chama da paixão
O gozo da saudade, o medo em explosão...
Meu mundo desabando apenas num momento.

Inútil este alento em forma de mil versos,
Os olhos vendavais se fazem mais dispersos...
O quanto nada tenho é tudo o que pressinto

Terei depois de tudo, o chão deveras duro.
Meu canto se perdendo, o gozo deste impuro
Tormento que em verdade explana amor que sinto...


64


Quem dera me livrar desta emoção
Que a cada anoitecer vem e tortura.
Esgarçando o que resta de ternura
Hemorrágica sanha, perdição...

Meu verso que em formato de oração
Inutilmente os sonhos, vão, procura.
Vagando sem destino, a dor perdura
E encontra por resposta o mesmo não...

São rudes os meus dias, disso eu sei.
O sol já se perdeu em outra grei
Deixando escuridão, tão triste herança.

No amor que nunca veio meus espelhos,
Minha alma tola em prece, de joelhos,
Ainda tenta, inútil, uma esperança...
Marcos Loures


65


Quem dera fosse um sonho! É pesadelo!
A gente faz das tripas coração
Elogiando a pele, cor, cabelo,
Depois de certo tempo. Traição...

Enrosco que me enrosco no novelo,
Aguardo a cada passo o tropeção;
Pior do que secar barra de gelo
É crer que exista amor. Pura ilusão.

Velhaco de tocaia nos espreita,
Aguarda algum momento de vacilo.
E como diz o Quadros, porque qui-lo

Eu fi-lo sem saber desta maleita
Que quando pega é febre da terçã
É lobo que se esconde sob a lã....
Marcos Loures



66


Quem dera fosse fera: audaz, cruel, fatal...
Nos olhos mago brilho, as garras sempre atentas...
Caçadora mordaz, impura, sensual...
As patas deslizando, avançam, mansas, lentas...

Um gesto qualquer, tenso, a fera perigosa,
Neste segundo a mais, as presas rasgam fundo..
Na beleza venal, força maravilhosa.
Denso turbilhão louco, o bote dá, profundo...

Mas, delirantemente, esta fera tão temida,
Que é, verdadeiramente, um símbolo de guerra.
Ao ver tua beleza... Estranho... Cai ferida.

Não sabe deste amor que é luz e que é quimera;
Arrasta-se gentil, deitada sobre a terra...
É muito bom te ver domando esta pantera!
Marcos Loures


67


Quem dera eternidade num amor
Que sendo fátuo traz dor e prazer.
E quantas vezes; teimo em me perder,
Distante do que eu possa recompor.

Cantando ternamente em seu louvor,
Apenas intempéries vou colher,
Eu sei que deveria já saber
Do frio após as ondas de calor.

Arrisco-me no abismo, precipício,
E sei que amar é quase um tolo vício,
E nisso, com certeza, me eternizo,

Ouvir a voz que vem do coração,
Da amarga teimosia, um guardião
Enfrenta em placidez, chuva e granizo...


68


Quem dera eternidade neste sol!
Os ermos desolados e tristonhos,
A lua desfraldando seu lençol
Em meio a pesadelos mais medonhos...

Incêndios invadindo meu paiol,
Eu me embriagarei, doces medronhos...
Licores me farão perder farol,
Martírios e torturas, enfadonhos...

Horrenda garatuja me persegue.
Espectros e fantasmas me torturam.
Embalde, tanta vida foi entregue,

Partícipes fiéis desta agonia...
Mas, paradoxalmente, as dores curam,
Vislumbro, no final, um claro dia...
Marcos Loures


69

Quem dera estar nos versos que colhi
No jardim que em minha alma cultivei.
São dores perfumadas, vão aqui,
De todas essas flores, temperei;

São simples sentimentos sem palavras
Que as luzes e calores fecundaram.
Amores em meu peito, calmas lavras,
Que as lágrimas passadas tanto aguaram...

Se trago minhas mãos tão calejadas,
De tantas poesias que sonhara,
As rosas por amores já podadas,
As flores que cultivo são tão raras...

Brotando neste esterco de minha alma,
Espinhos penetrando, mão e palma...


70

Quem dera em ritual tão delicado
Roubar de teus segredos cada mel.
Depois destes rompantes, saciado
Voar ao infinito, qual corcel.

Amor rodando; gira em carrossel
Em lábios, bocas, dedos. Desfrutado
Sem tréguas, sem limites vai ao céu
Com tal vigor, pra sempre iluminado

Roçando a tua pele sensual,
A boca te percebe extasiada,
Repete novamente o ritual

E adentra tuas sendas, teus caminhos.
Assim, nesta canção apaixonada,
Demonstro com ternura, os meus carinhos...


71


Quem dera descobrir em mansa mata
Entrada do caminho mais ardente.
E penetrar derrames de cascata,
Seguindo pela rota simplesmente

Na fúria da paixão tão penetrante
Matar a sede intensa de tal anjo
Vibrando como um deus a cada instante
Tramando na magia doce arranjo.

Entrar nesta planície que orvalhada,
Invado e que também me orvalho tanto.
Fazendo do desejo, minha amada,
A toca que penetro, meu encanto...

Sabendo que eu ardendo em tal prazer
Encontro, assim, vontade de viver...


72

Quem dera cavalgasse em meu corcel
No encontro da rainha em seu castelo.
Vagando qual cometa no teu céu,
No sonho mais bonito que revelo.

Por certo encontraria em seu dossel
Aquela por quem sofro e tanto velo.
A sorte descortina um belo véu,
Contigo meu destino, amor, eu selo.

E vejo teu sorriso cristalino,
Rainha de meus sonhos, soberana..
Retorno aos meus bons tempos de menino

E vivo novamente uma esperança.
Da vida que nos toma e tanto engana,
Quem sabe me darás última dança?


73







Quem dera algum ourives da palavra,
Apenas um ignaro trovador
Usando da esperança a minha lavra,
Um antiquado e mau agricultor.

Meu canto sem recanto pra descanso,
Embora desarmônico, persiste.
E quando ao tolo sonho, em vão, me lanço;
Tento dissimular meu peito triste.

Às expensas do riso sem sarcasmo
Revolvo os meus estúpidos caminhos,
A vida se desnuda em tal marasmo
Sem ter sequer licores, gins e vinhos.

E quando de mim mesmo eu já me afasto,
Escondo-me do espelho. Sou nefasto.


74


Quem decerto faz a fama
Preparando um bom descanso,
Quando encontra alguma cama
Quer o gozo, eu te afianço.

Mas decerto sem um drama
A verdade não alcanço,
Se acendeste assim a chama
O meu peito aquieta manso

E fazendo do meu verso
Algo além destas palavras
Quem me dera no universo

Já pudesse enfim granar
Com ternura as duras lavras
Que aprendi com dor arar...
Marcos Loures



75


Quem de magoar-te, sem pensar havia
Senão quem tanto amara, mas não quer
Deixando a tua imagem em qualquer
Caminho em tão distante fantasia.

Palavra traiçoeira e tão sombria
Às vezes vai saindo sem querer
Mostrando, bem no fundo, que o prazer
Largado em triste canto poderia

Ser transformado em fúria em desalinho
Depois que um coração ledo e sozinho
Não visse mais estrada pela frente.

Amar e ser assim, tão descontente
Sem ter sequer visão de algum carinho,
Transforma a nossa vida, de repente...
Marcos Loures


76


Quem chora se insistente ganha e mama,
Eu sei desta verdade musical.
Que enquanto ela desfruta o carnaval
Eu deito aqui sozinho em minha cama.

Não posso mais fazer do fato um drama,
Mas isso fica muito feio no final,
Cansado desta cara feita em pau
A fúria que me toma, tudo inflama;

Sentar uma porrada na safada;
Usar mesma moeda, numa troca.
Na comida botar um pó de broca,

Que nada; vou dormir: cabeça inchada;
Depois chega fingindo-se inocente,
Ganhei- um belo chifre de presente...


77

Quem canta seu amor quase impossível,
Espalha as esperanças no caminho.
Liberto o pensamento, um passarinho
Se mostra com poder imprevisível.

O brilho em seu olhar se faz visível
E traz na fantasia a luz de um ninho
Que mesmo tão distante, um raro vinho,
Inebriante molda-se possível...

A par dos meus enganos, nada temo.
E mesmo na ilusão à qual me algemo
Eu sigo; peito ereto em destemor.

E quando a morte vir com suas garras
Ao menos eu terei solta as amarras
Que foram meu tormento e meu louvor....
Marcos Loures


78


Quem canta se chorando nada faz
Procura por sedenta juventude
Porém se não mudar uma atitude
Em pouco tempo tudo se desfaz.

Nos campos que quiser ser mais capaz
Tremulam as bandeiras amiúde
Em versos que precisam a saúde
De todos os que não serão jamais...

Mas nada me proponho que não faça
Espero que depois disto proposto
A vida se refaça do desgosto

E não permita fogo nem fumaça.
A mando dessas rugas no meu rosto,
A juventude em mim, já se esfumaça.
Marcos Loures


79



Quem busca, nas guerrilhas, pelas pazes
Não sabe quanto mata uma peçonha
Embora tal antídoto que trazes
A dor desta ferida é tão medonha.

A morte vem trazendo estas tenazes
Marcando uma esperança mais risonha.
Os dentes da pantera são vorazes,
Deixando com que a vida não se exponha.

Meus olhos destruídos pelo brilho
Feroz de quem tentei ter por amante.
Aborta um bom futuro, mata o filho,

E mesmo assim se quer mais deslumbrante
Assim é na amizade, uma traição,
Causando uma indefesa convulsão...


80

Quem busca tão somente em destempero
Fazer da sua vida um novo templo
Aonde com certeza já contemplo
O risco de tornar-se amargo e fero.

Ao exemplificar esta conduta
Encontro uma resposta em falsos ritos,
Nem mesmo a vã dureza dos granitos
Suplanta esta raposa assaz astuta.

Ao crer noutra manhã que nos refaça
Soergo a fantasia da fumaça
E volto a ser quem fui tempos atrás.

Sacias minhas sedes, esperança,
Enquanto a tua mão em paz me alcança,
Eu bebo do calor que amor me traz


81


Quem bate na criança e chuta alguém
Caído sem defesas deve ter
Nem mesmo punição? Não posso crer
Que seja realmente homem de bem.

Não creio que uma crítica que fale
A dura realidade seja ofensa.
Será que tal barbárie recompensa
E faça com quem vê que já se cale?

Desculpe se o Toró vira chuvisco,
Falando essa verdade eu já me arrisco
A ter numa mordaça, esta amargura.

A violência prova o destempero
Falar deste episódio, devo e quero,
E não me calarei frente à censura!
Marcos Loures


82


Quem andara sozinho tantas léguas,
Ouvindo tão bel canto se enamora.
À solidão pedindo logo tréguas
Percebe que emoção chegando agora

Em doce afago doura o seu caminho
E mostra a solução de seus problemas.
Quem vive em mansidão sabe o carinho
E traz felicidades como lemas.

Sem dúvidas, persegue a sorte infinda
Emoldurando amor dentro do peito.
Um mundo mais feliz que se deslinda
Já pressupõe futuro satisfeito.

Assim, ao me entregar, também me salvo,
Deixando que Cupido acerte o alvo...
Marcos Loures


83


Quem amor com amor retribuir
Será bem mais feliz; eis a verdade,
No brilho desta luz a reluzir
Segredo para a tal felicidade.

Amar é conceder e repartir,
Acalma toda a dor em tempestade.
Toda a alegria assim a repartir,
Num ato de carinho e de amizade.

Assim a solidão fica distante,
A glória se faz clara e transparente.
Tomando o coração de toda a gente.

Jamais se apaga o brilho radiante
De quem fez de um amor o bem constante.
Por isso não desista, amiga, tente.


84


Quem ama, na verdade traz bandeira
E esquece a falsa pedra diamantina,
Apenas a verdade me alucina,
O resto é luz opaca, feiticeira.

Deitando uma esperança nesta esteira
Aguardo algum sorriso da menina,
Nas águas da lagoa cristalina
Reflexos deste amor que um dia queira

Vestir a minha pele em sua tez,
Trazendo à vida alguma maciez,
Jogando este vazio para fora.

Quem sabe poderei dizer um dia,
A frase que o destino mudaria:
O tempo de viver já não demora!
Marcos Loures


85


Quem ama sabe sempre que os espinhos
Apenas dissimulam as defesas,
Belezas encontradas nos carinhos
Bem valem espinheiros de tristezas.

Eu sei quanto te quero e nada mais tenho
Senão uma alegria assim, sem par,
Das terras e dos sonhos de onde venho,
Feliz por que encontrei quem quis amar.

Não sabes, mas há tempos te observo
E cada vez que vejo mais me encanto.
Não quero o nosso amor cativo e servo;
Prefiro a liberdade em nosso canto.

Bem sabes que te adoro, de verdade,
E sei que nunca existe crueldade...
Marcos Loures


86



Quem ama sabe o laço que suporta,
Não teme os desenganos; vai em frente,
Se a estrada se apresenta dura ou torta
Segredos desvendados, num repente.

Abrindo com firmeza cada porta,
O coração se ilude, mas não mente,
E mesmo que esperança surja morta
Na fantasia crava cada dente.

A música se espalha pela casa,
Alvoroçando tudo; maremoto.
E o sonho que pensara ser remoto

Tomando toda a cena não se atrasa
Chega numa explosão, num fogaréu
Ensangüentando em glória todo o céu...


87


Quem ama quando, enfim, é tão amado,
De sonhos inundando todo o mar;
Não pesa, flutuando, vai alado...
Aos poucos aprendendo, vai voar...

Transformando sua alma em doces asas,
Passando por estrelas e cometas...
Por sobre estes castelos, ruas, casas;
Viaja por milhares de planetas.

Semeia uma alegria, sem igual;
Encontra ressonância no silente.
Decora com seus sonhos, todo astral.
Descobre um paraíso, de repente.

Percebe quanta luz, quanta ventura;
Caminha sobre um mar, todo ternura...


88

Quem ama purifica cada dia
Transforma a solidão em plena paz.
Vivendo tanto amor em poesia
De um novo mundo, sinto-me capaz
De ter assim um pouco de alegria,
Que somente um amor à vida traz..

Dançando com palavras, sentimentos,
Na festa em que esta vida se transforma
Entregue o coração aos fortes ventos
Tomando a cada dia nova forma
Procuro ser fiel, santos momentos,
Senão toda a tristeza me deforma..

Estrela divinal que se anuncia,
Bebendo de teu corpo em tal magia...


89


Quem ama nos ensina que na vida
A falha cometida no passado,
Se noutras vezes, sempre repetida,
Mostra que quase nada foi guardado.

Etapa por etapa assim cumprida,
Capítulo bem visto e encerrado,
Lição já decorada e aprendida,
O resto: bem melhor deixar de lado...

Acendendo uma vela que clareie,
Iluminando o rumo tão escuro;
Permite que o futuro não receie

Aquele que aprendeu esta lição:
“Pensando neste brilho que procuro
Eu deixo assim de lado, escuridão...”



90

Quem ama não se esquece, disso eu sei.
E vejo nisto a glória de viver.
Aquilo que nos deu calor, prazer,
Invade mansamente a nossa grei.

Na estrela que em delírios desenhei
O lume inesgotável posso ver.
E mesmo que ilumine um outro ser
Eternamente em paz eu guardarei.

O amor não tem remédio. Pois ele é
Quem cura e quem redime, farto ungüento,
Embora nos pareça uma galé

Somente num Amor, a redenção,
Não faça dele um vago sofrimento,
Mas sim a luz que doura o coração.
Marcos Loures


91


Quem ama não desiste quando a chuva
Surgindo em temporais inunda a margem
Se, no princípio temos visão turva
Depois de certo tempo, uma paisagem

Surge calma e serena. Quando a curva
Fechada nos proíbe uma passagem,
Amor que nos caiu como uma luva
Promete as alegrias da viagem

Depois de certo tempo, aberta a estrada
Mais nada nos impede a caminhar.
Eu peço paciência, minha amada,

Difícil que pareça, a pedra dura,
Essa água que persiste sem parar,
Depois de certo tempo, a pedra fura...


92



Quem ama e só tem laço, e assim fraqueja
Não sabe desta missa nem metade
Amar não é só ter o que deseja
Precisa ter a força na verdade

De quem sabe que a vida relampeja
E molha quem não teve liberdade,
O fim de todo amor, que se preveja,
Já passa pelo fio da saudade.

Nos olhos da morena, dei um nó
Atado com vigor e com coragem.
Agora com certeza não vou só

Seguir o meu caminho, uma viagem
Que mesmo que se faça em tanto pó,
Encara as tempestades que ultrajem.

93


Quem ama de verdade não se cansa
Decifra todos os signos que encontrar,
Não teme mais distância, enfrenta o mar
E segue, peito aberto, com pujança.

Nas ruas e luares, a lembrança
Permite o que se quer rememorar,
Fazendo de teu porto o meu altar,
Numa alegria imensa de criança.

O coração de um triste sertanejo,
Entregue à sensação – calmo desejo,
Escuta um canto amargo do passado,

Mas tendo o plenilúnio de um amor,
Compõe num verso breve e sonhador,
Toada de um caboclo enamorado.
Marcos Loures


94


Queimando cada etapa desta vida,
Um velho mensageiro da esperança
Depois de tanto tempo, não alcança
Sequer o labirinto e quer saída...

Silenciando a voz, na despedida,
Quisera pelo menos temperança.
Sorriso em ironia, uma vingança
Da sorte que se molda desvalida...

As mãos que tu me estendes, calmaria,
Talvez sirvam de alento ao sonhador,
Que morre a cada dia, sem valor

Jogado num porão em noite fria.
O tinto do meu sangue em palidez
Demonstra que chegou a minha vez...
Marcos Loures


95


Quebrando estes espelhos não consigo
Vencer o tempo-rei que nunca pára,
Apenas na ilusão encontro abrigo
Realidade cerca e desampara.

Agrisalhando assim o que foi trigo
Minha alma envelhecida se prepara,
E mesmo quando tolo; em vão desdigo
Manhã jamais será tão mansa e clara.

O corte se aprofunda e nada faço,
A cicatriz ocupa todo o espaço
E embaço-me nos passos mais fugazes.

Quem dera se pudesse retomar
A estrada que perdi noutro lugar
A vida me escondeu coringas, ases...


96


Quebrando este telhado que te abriga
Do frio, da saudade e da tristeza;
A sorte que te fora sempre amiga
Abandonada, busca noutra mesa

Repasto. Tu quebraste a forte viga
Que tanto sustentou; qual fortaleza,
A relação mais forte e tão antiga
Onde eu não esperava tal surpresa...

Amiga... Já pressinto que a desdita
Virá te acompanhar no dia a dia...
A sorte que tu pensas ser maldita

Foi quem te iluminou por tanto tempo...
Matando toda a fonte da alegria,
A vida te trará só contratempo...



97



Quem dos olhos em chamas se perdeu,
Distante de meus braços, vaga tonta,
O resto do quem fui já não sou eu,
E a solidão, vingando-se remonta

Aos dias em que o mundo fora meu
Olhar de quem amei, divina conta
Luzindo num momento, morto o breu,
Apenas a lembrança ainda conta.

Ultimo o pensamento, não resisto,
E volto meus desejos ao passado
Um vento se transforma num tornado

E o cálice dos beijos que inda insisto
Trincado pelos ódios das paixões,
Sangrando dentro da alma, aos borbotões...
Marcos Loures


98


Quem dormira num sonho mavioso
Acordando em quimera desditosa
Esquece que vivera em fino gozo,
E dorme se espinhando em mansa rosa...

Amada nosso amor somente meu
Depois de tanto tempo descoberto
Aos poucos sem sentido, enfim morreu,
Distante de teus olhos mas tão perto...

Dizer que não te adoro, é vã mentira
Porquanto esses meus versos não se calam.
A noite que em meus braços outra atira
Nos braços e na boca nada falam...

Parti, já fui embora, revivi...
Devolve o coração, deixei aí...


99

Quem dorme com criança sabe o mijo
E acorda bem molhado, eis a verdade.
Do canto do aloprado, enfim me alijo
E exijo pelo menos qualidade.

Não vou ficar mais discutindo com panaca
É coisa de imbecil, isso eu não sou.
À bala, canivete, ou com a faca,
Barriga de um macaco se estourou.

Pior que ser palhaço é ser otário,
O rabo balançando mostra o cão,
O rego do chifrudo, um estuário
Aonde o dedo encontra a direção.

Depois venha dizer que não te disse
Já não suporto mais tanta tolice...


13600

Quem era o que jamais pudesse ser
Ousando ser talvez o que teimasse,
A vida se mostrando desta face
Risonha e ao mesmo tempo sem saber

Dos erros cometidos, posso ver
Idolatrado engodo onde se trace
O rumo se moldando neste impasse
E o canto traz o raro enternecer.

Vestir esta ilusão, seguindo em frente
E o todo noutro rumo se apresente
Moldando o descaminho aonde eu sigo

E tento discernir qualquer alento,
E quantas vezes busco ou mesmo invento
Ultrapassando assim qualquer perigo.
 
Autor
MARCOSLOURES
 
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