Como criança incapacitada da fantasia
entediado com a monotonia do sempre igual
cansei de brincar e num gesto de pouco pensar,
lançei minhas coisas ao ar.
E elas cairam: o preto no lugar do branco
o azul no do vermelho; o verde no do amarelo.
Tudo teve um novo lugar.
Brinquei, mas brinquei pouco.
O gesto me deixou atento:
uma ordem continuava a existir,
proibindo o possível e sua mutabilidade.
No ensaio de um gesto desesperado,
lanço de novo tudo de pernas pro ar:
Agora, já! E no mesmo instante descubro:
O difícil não é mudar a ordem das coisas.
Difícil é mantê-las no ar.
Difícil é mudar as coisas da Ordem.