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Era uma vez...

 
Era uma vez, uma linda e adorável princesinha que vivia num palácio mágico. Mágico porque este era diferente de todos os palácios existentes. Não havia rainha, nem rei, aias e criados, professores de música, nem de esgrima, cocheiros, cavalos, etc.
Todos os habitantes daquela cidade de Bressannone viviam admirados e até um pouco assustados. Uns diziam: vivem lá, bruxos e bruxas! Outros diziam: Vivem lá fantasmas! E outros ainda diziam: Vivem lá seres do outro mundo!
O palácio da princesinha estava situado bem no alto das montanhas, daquela bonita, limpa e atraente cidade italiana, vizinha dum belo país, a Áustria. O verde predominava na cidade de Bressannone. Os seus jardins repletos de flores davam cor e beleza à cidade.
Todos respeitavam a natureza. A relva dos pátios das casas como a dos jardins, onde as crianças brincavam, os mais idosos se juntavam, para conversarem e relembrarem o tempo, em que eles também sabiam brincar, como todas aquelas crianças, que eles agora se limitavam a observar com satisfação, estava incalculavelmente cuidada, cortada e tratada. Ninguém se atrevia, deixar os seus animais de estimação, fazer ali as suas necessidades, assim como ninguém se atrevia a cortar alguma flor, nem mesmo os corações mais apaixonados.
Cada vez que a princesinha, descia àquela encantadora e interessante cidade, com muita coisa para contar, todos ficavam com os olhos fixos na sua beleza e elegância. O modelo dos seus lindos vestidos, causavam inveja e intriga a muitas senhoras da cidade. Perguntavam se: Quem a cuidava? Quem era o seu cabeleireiro? E a sua modista?
O mistério pairava assim, nesta cidade, onde a sua beleza reinava no espírito de todos aqueles que nela viviam.
Certo dia, numa noite de lua cheia, quando todos dormiam, algo de misterioso, aconteceu. Ouviu-se um barulho, muito parecido ao de um forte trovão, acabando por acordar todos os que mergulhavam no seu sono. A pouco e pouco, começaram a sair das suas casas, como ratos acabados de serem descobertos do seu esconderijo. Assustados, nas ruas, pouco iluminadas da cidade, procuraram saber o que acabara de suceder. Convencidos que o barulho, não tinha passado de um forte trovão, de mais um fenómeno da mãe natureza, começaram por regressar a casa mais calmos, quando inesperadamente, começaram a ouvir, uma melodiosa música, como se, de uma orquestra se tratasse. Todos olharam na mesma direcção. Agora sabiam que algo estava a acontecer no palácio mágico. Fora a primeira vez, que algo assim acontecera. Todos estavam boquiabertos. Perguntavam se o que haveriam de fazer. Afinal, todos desejavam terminar com todo aquele mistério que vivia há muito no coração destas gentes, carentes de uma explicação lógica para o que acabara de suceder. A música estava a querer tomar conta dos seus sentidos. Todos começaram a sentir uma estranha vontade de se deixarem guiar pelo som daquela música melodiosa, mas sabiam que não o podiam fazer. O mistério tinha de ser desvendado e o dia chegara. Todos se esforçavam para ganhar coragem, e tal acabara por suceder. Unidos e iluminados por um luar esplendoroso capaz de unir os corações mais apaixonados, caminharam em direcção ao palácio. Estavam quase a chegar, quando perplexos, viram a princesa, sair da sua magnífica moradia, acompanhada de um esbelto e elegante cavalheiro, vestido de branco, mais parecido com um comandante da marinha. Cheios de coragem, seguiram em frente, mas agora, em direcção da princesa que já os esperava. Com uma voz doce e serena, convidara os a entrar. Estavam todos, um pouco envergonhados, mas a bela princesa disse lhes que não havia razão para tal. Tranquilizou os ao dizer lhes que estavam todos no direito de saberem, quem era ela realmente, porque é que ali vivia e com quem. A princesa, mandara os sentar e eles obedeceram fieis aquela criatura, bela e ao mesmo tempo misteriosa. Talvez o grande mistério que a envolvia é que a tornava na mais bela das criaturas que já alguma vez eles tinham tido o prazer de conhecer. Talvez. Não estavam seguros disso. O pensamento desta gente, foi interrompido, por uma forte gargalhada vindo da bela princesa, que parecia ter o dote de saber ler lhes o pensamento.
A princesa começou finalmente a narrar a sua história e quando terminou ouvia se o fungar de muitos narizes. Todos voltaram a casa muito emocionados e com muita pena daquela pobre orfã que nunca tivera alguém para a tratar e cuidar. Refugiada naquele esplendoroso e abandonado palácio, começou a sonhar em tornar se numa princesa. Trabalhou noites a fio. Desenhava o modelo dos seus vestidos com a ajuda de uma pedra de carvão. O corte com a ajuda de uma velha navalha, que pertencera a seu pai., acabando por coze-los com uma ferrugenta agulha encontrada numa das ruas daquela cidade. Dos seus longos cabelos, côr de mel, fazia as linhas, e com a ajuda de uns bichinhos artistas, conhecidos como “ Bichos da Seda “ obtivera os tecidos, e assim, conseguiu brilhar, e até fazer inveja a muitas senhoras daquela cidade. Ela conseguiu ser, realmente uma verdadeira princesa, no seu mundo imaginário. Mas o seu sonho de continuar a ser princesa acabara no dia que conhecera um jovem comandante da marinha, que acabou por pedir lhe em casamento. Ela aceitou e ambos partiram em busca da felicidade. Com o decorrer do tempo e num dia que o sol começara a pôr se, Francisca Júlia, a linda e esbelta princesinha de outros e largos anos, relembrou com alguma saudade o seu passado e a sua jovialidade.
Com um sorriso nos seus esbranquiçados lábios e com um olhar sereno, mergulhou num sono profundo.

 
Autor
maria vieira
 
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