Luz coada!
Alguém,
De certeza que é alguém,
Que acha o dia com luz muito grossa,
E porque olhar para ela talvez não possa,
Vai daí, qual pasteleiro,
De farinhas finas,
Pega no coador,
E pelas horas da tarde vai coando a luz,
Até que fique no ponto dos sonhos.
Depois, já à luz da vela,
Estende a farinha sobre o lençol
E sonha com ela!
E é na penumbra,
Com a luz coada,
Que a vê com mais claridade!
De manhã, na aurora,
na luz coada do nascente,
Acorda
E come sonhos quentinhos
Do amor imaginado
Com a luz coada!
...........xxxxxxxxxx.............
Autor: Silvino Figueiredo
(figas de saint pierre de lá-buraque)
Gondomar-Portugal
Figas