Poemas -> Ilusão : 

Gavetas da minha memória

 

Abro as gavetas da minha memória,
Retiro papéis velhos amarelecidos,
Revejo livros ressequidos e desbotados,
Pelo tempo, corroídos na voragem dos dias,
Amontoados em anos de emoções,
De muitas ilusões, outras desilusões,
Formando uma manta de retalhos de sentimentos,
Que agora, são relembrados neste abrir de gavetas,
Por tanto tempo fechadas,
Pelos sóis que não abriram,
Ou pelos luares que escureceram,
Ou talvez pelas ondas que deixaram de me murmurar,
Palavras de paixão, nas areias da minha solidão,
Naquela praia imensa de um mar infinito,
Que me fazia navegar em pensamentos,
Sobre um azul cintilante de imaginadas quimeras;
Mas o tempo, cruel, foi apagando essas lembranças
E agora, aqui, com a saudade na alma,
Embrenhado nestes papéis velhos,
Esbatidos e amarrotados,
Vivo os instantes que o Universo me concede,
Na esperança que os sóis voltem a brilhar
E os luares me enfeiticem,
No prateado da sua luz mística.

José Carlos Moutinho


 
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zemoutinho
 
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