[Enfunam-se as velas]

Entreabrem-se as portas de cedro,
o cheiro a resina molhada pelo mar
liberta-se ao acaso pelo casco,
…
querem-se as viagens sossegadas,
sem aquelas lembranças em saudades,
que o vento um dia transportou.

Caro Amigo e distinto Poeta Henrique Pedro:
"Muito haveria que dizer sobre este poema", sim concordo, mas nele tentei inserir alguma da gênese do navegante (ou navegador),aliás faz parte deste minha série de textos sobre viagens, aquele que navegava pelas estrelas, junto à costa, pelas cartas terrestres, astrolábios, quadrantes, nas pesadas naus de 3 mastros, onde, no mar desconhecido, dormiam monstros jamais vistos,adamastores, mas que deram "outros mundos ao mundo". Hoje são quase desconhecidos, até mesmo renegados, restam as estátuas. Por outro lado, em minha opinião a Poesia contemporânea, a que se expressa na nossa Língua, em particular, vive num impasse, os grandes movimentos inexistem, o Poeta começa a ser um solitário, os grandes Poetas e Poetisas ou já morreram, ou não escrevem mais (Herberto Helder por exemplo), e a renovação tarda em aparecer.Não quero com isto dizer que não existam fabulosos Poetas por aí que se expressam nesta nossa Língua, nada disso, apenas acho que falta algo, não sei. Interessante pois quer em Portugal, quer no Brasil, ou em outros países da Lusofonia, são os prosadores que presentemente dão as cartas, José Saramago teve continuadores. Esta Língua em que nos expressamos tem uma vantagem, é melódica, carregada de palavras que nos fornecem as imagens, o sentimento, a descrição, funcionam quase como um fado, um samba, uma dança em África ou no longínquo Timor-Leste, é isso que eu tento explorar. Algumas vezes sai bem, outras não.
Já me estendi demais, peço-lhe desculpa por tal.

Agradeço-lhe o comentário, as palavras, a análise, por gostar. Obrigado.

Abraço-te

agarrado ao leme, perdido,
perdido,
olhando estrelas desconhecidas,
que tudo queriam, até o ouro
do ladrão,
até o tédio do condenado

e o vento empurrava o barco, num destino incerto, perdido, queria-se longe da partida.

Amigo Poeta, agradeço-te as palavras, o comentário, por gostar. Obrigado.

Abraço-te

Na escura noite onde o vinho
correu como um mar sem margens,
abro os braços como o gajeiro
no mastro avistando terra,
tudo tem um fim,
tudo teve um principio,

sim, e é das viagens que escrevo, das lutas contra o mar, das lutas contra o Eu, das procuras incessantes pelas explicações, pelo desconhecido, a viagem será sempre uma consequência, talvez a mais rápida, mas sempre a que transporta maior saudade.

Poetisa Amiga, agradeço-te o comentário, as palavras, sempre o teu olhar, por gostar. Obrigado.

Abraço-te

Na escura noite onde o vinho
correu como um mar sem margens,
abro os braços como o gajeiro
no mastro avistando terra,
tudo tem um fim,
tudo teve um principio,
…
[morrem algumas nuvens... agora...]
renascem as palavras queimadas...agora...
reacende-se um farol...algures...

Para quem escreve é um privilégio alguém dizer que temos o nosso próprio estilo, e ainda por cima se essa pessoa é a Poetisa Vóny Ferreira. A combinação do que escrevo é a palavra, o que imagino, a descrição do que essa imaginação vê no momento, tentando sempre ser presente, isto é como se lá estivesse. Contrariamente ao que parece, eu jamais leio o que escrevo mais de duas vezes, e isto porque, tenho a certeza de que à terceira leitura refazia tudo, e escreveria de outra maneira (a imaginações ou a inspiração seriam outras). O escrever de impulso é o que eu costumo designar de escrever com a Alma na ponta da caneta (ou do lápis) o que a identifica Poetisa, mas que lhe dá, um estilo próprio e único (que eu reconheceria em qualquer parte do Mundo quase de certeza). Todas são razões próprias de Escrita, principalmente para quem já escreve há mais de uma semana. O Poeta Carlos Teixeira Luís, em relação ao seu livro "Cascata de sílabas" escreveu assim : "Grandioso. Torrencial. Intenso. Poesia de "jubilo constante" e eu subscrevo. São estilos, são as visões que cada um tem do Mundo, das coisas, das pessoas, das...coisas todas, que nos fazem ter um estilo próprio, e isso é a coerência de quem escreve, a sua honestidade na Palavra, e "quando assim é encontra-se o principio da razão de se escrever"

Alonguei-me um pouco, peço-lhe desculpa.

Poetisa que admiro, agradeço-lhe o comentário, a reflexão, pelos parabéns. Obrigado.

Abraço-te