Poemas : 

agora?

 
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regressam sempre os degraus
por onde desces

a caminho do mar

até não restarem gaivotas ao derredor
se o dilúvio tão perto

como coisa que é [simplesmente]

irrompe
finaliza esta primavera.

amar.

do silêncio envolto a cada respirar teu

inalterável

sem nome que me chama
[repetidas vezes]

afloram imanentes ausências
despojadas das rugas do tempo.

talvez sejam plenitudes
ou hábitos exaustos sobrevivos à sede.

antes
o mundo mudo. agora?

já nada sei.


Transversal – Ricardo Pocinho
2022

(“agora?”)





"Floriram por engano as rosas bravas
No inverno:veio o vento desfolha las..."
(Camilo Pessanha)

http://ricardopocinho.blogspot.com/
ricardopocinho@hotmail.com

 
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Transversal
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 18/06/2022 11:12  Atualizado: 18/06/2022 11:12
 Re: agora?
Escreveste aqui um belíssimo poema de encher os olhos do leitos, verdadeira maravilha


Enviado por Tópico
Almamater
Publicado: 18/06/2022 16:20  Atualizado: 18/06/2022 16:20
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Usuário desde: 16/02/2021
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Mensagens: 318
 Re: agora? P/ Transversal resposta poética

lembro-me da vontade de uma desgarrada poética... sempre não pela exposição, pelo recato. Ficam cicatrizes que sangram e Nãos! inúteis que sufocam.


apraz-me recortar:

regressam sempre os degraus
por onde desces

a caminho do mar

e eu, sem ousar molhar os dedos
estendo o olhar
infinito

apunhalada pela recusa
procuro o rio
o silêncio
a ilusão da solução


(...)

afloram imanentes ausências
despojadas das rugas do tempo.

e assim as sinto
numa Alma que se grita jovem
disfarçada pela mudez do que me rodeia
sinto a rebeldia no dourado da gaiola


talvez sejam plenitudes
ou hábitos exaustos sobrevivos à sede.


mas não há sede
não, não há sede quando há plenitude
quando há Poetas que escrevem assim



Obrigada e desculpa se foi um abuso. Se o foi, apaga. Eu compreendo. Ou se não tiveres gostado... bem visto, não ficou grande coisa. Talvez com mais um golpe de asa...