Poemas : 

A Recepção

 
Ao abrir aquela porta sem pintura, percebe-se o ambiente escuro. Com um leve toque acende-se a lâmpada, ao passo que todas as características daquela sala são reveladas: o chão sujo, tomado pela poeira e pelo excrementício alheio; o sofá com a bagunça habitual, porém aumentada devido ao desdém dos seres que habitaram a casa nos últimos dias; a TV sobre uma estante velha, feita de uma madeira já desgastada pelo tempo; as paredes rosadas e sujas por anos e anos de uso sem pintura que corrigisse tais características negativas.
Após essa análise, adentrou dois passos em direção à cozinha, quando, de maneira súbita veio daquela direção um ser em altíssima velocidade, o mesmo esperneava, gritava, pulava, gemia... A velocidade daquela criatura pequena era incomparável às percebidas em momentos anteriores, as perninhas curtas ganharam força extra e pareciam membros do campeão mundial dos 100m; os pulos, atingindo alturas espetaculares faziam da criaturinha branca uma verdadeira atleta do salto, digna de vaga olímpica; os gritos estridentes em altos decibéis provocaram "arremessos" de mãos aos ouvidos, tentando assim diminuir os efeitos; os gemidos, que soavam incansavelmente traziam consigo uma meiguice digna dos puros de coração; havia uma energia altamente positiva em cada gesto daquela criatura.
Após longo tempo do adentrar, já tendo desfeito toda a bagagem, bem como diminuído a sujeira do ambiente e do próprio corpo, após esse longo tempo aquele humano, o mesmo que acendera a lâmpada, o mesmo que ficara pasmo em momentos anteriores voltara à situação de incredubiidade, pois a criaturinha branca ainda continuava seu ritual de alegria, a mesma empolgação, um carinho imenso sendo demonstrado a quem havia ficado fora por apenas dois dias.
O engraçado é que momentos antes participara de um reencontro com uma ex-professora, a qual o carinho sempre fora imenso, no entanto após sete anos de distancia o que se ouviu de vossas bocas foram frios "como você mudou!" e o sorriso amarelo apareceu em rostos "fúnebres" de humanos descabidos de alegria, talvez não tenhamos o instinto necessário para manifestações explicitas de alegria e contentamento ao rever alguém especial, talvez essa característica seja peculiar aos cachorros. Sei, que após dois dias de muito trabalho, desgaste e consequente estresse a minha cachorrinha pudlle recepcionou-me de maneira brilhante, uma das melhores sensações que já senti na vida.

 
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Sóstenes10
 
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