Poemas : 

O nojo

 
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Encontrei um tipo a vomitar
a própria sombra,
no candeeiro da esquina
da avenida do Ar com a rua do Mar,
em frente à taberna jaguar
pensei
o que fazer quando as palavras enojam e tudo à volta delas?
A maior mer.. é a mer.. impingida como se fosse outra coisa ou,
pior ainda,
como se não fosse mer.., ou,
ainda mais, como se fosse coisa boa.
Se estas palavras enojam, não há remédio.
O remédio “não leias” é um veneno.
Um bom remédio não é possível.
Enquanto as palavras não te enojarem de morte,
serás grande ignorante.
À medida que te fores enojando,
serás um ignorante cada vez mais pequeno,
até não seres nada
reflecte

fala. Escreve.
Vale a pena.
A pena.
Agora,
entra o retórico em palco
e até o oxigénio imprescindível para respirar se torna asfixiante.
Estado de coma.
O oxigénio do retórico é o coma dos outros.
Cuidado com a retórica.
Perigo de morte. Afasta-te.

Cague com classe!
Que arte?! C… com classe.
Borrar com classe.
Classe. Escrever…mer...
Escrever com…mer...
A mer.. é o menos, é o nada (que existe).
Escrever é que é.






 
Autor
Carlos Ricardo
 
Texto
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 23/03/2012 00:41  Atualizado: 23/03/2012 00:41
 Re: O nojo
Boa noite Carlos. Gosto de poemas assim, com os quais é possível borrar a cara dessa civilização tão ilógica. Um abraço.


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 23/03/2012 01:40  Atualizado: 23/03/2012 01:40
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 17861
 Re: O nojo
pago com a única moeda que possuo:
admiração. (vale?) bjs


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/05/2018 22:48  Atualizado: 11/05/2018 22:48
 Re: O nojo
Boa noite meu caro poeta Carlos.

Gostei e admirei o seu poema.
As palavras poderão ser levadas pelo vento, mas não pelo excelente contexto de arte e pensamento.
Adorei.
Abraço.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 12/05/2018 16:42  Atualizado: 12/05/2018 16:42
 Re: O nojo
Soneto da Dama Cagando

Cagando estava a dama mais formosa,
E nunca se viu cu de tanta alvura;
Porém o ver cagar a formosura
Mete nojo à vontade mais gulosa!

Ela a massa expulsou fedentinosa
Com algum custo, porque estava dura;
Uma carta d'amores de alimpadura
Serviu àquela parte malcheirosa:

Ora mandem à moça mais bonita
Um escrito d'amor que lisonjeiro
Afetos move, corações incita:

Para o ir ver servir de reposteiro
À porta, onde o fedor, e a trampa habita,
Do sombrio palácio do alcatreiro!

Bocage

um abraço Carlos Ricardo