TRISTEMENTE VIVO
Podia falar-te das bermas sombrias
Do por do sol e das luas de Agosto
Podia beijar-te como merecias
Mostrar-te o amor, como tu podias
Ser apenas brisa tocando meu rosto.
Queria mostrar-te como nasce o tempo
Das colheitas fartas no queimar da pele
Levar-te nas asas extensas do vento
E por um momento
Ser o teu corcel.
Julgava que querias saber-me confesso
Na cave perpétua que sempre escondi
Mostraste-me a vida depois do regresso
Eu acreditei na esperança do excesso
E lavrei a terra que nascia em ti
Podia oferecer-te o riso dos prados
A voz das cascatas depois da monção
Ser a penitência pelos teus pecados
Que prendes, coitados
São pura ilusão.
Podia falar-te, mas não queres ouvir
Te escondes incerta por trás do sorriso
Agarras o tempo que sentes fugir
Vergando ao limite, deixando fruir
a tristeza imensa de me sentir vivo.
Beija-flor