Poemas : 

DSM IV - F30.x/F31.x - 296.xx

 
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Bipolar.
Ciclador rápido.
Altos e baixos
itinerários
na montanha russa
de neurotransmissores.
Dopamina.
Dopa a mina
e o mano.
Dopa o briguela
insano
e sai da montanha.
A montanha de lítio,
a litemia sanguínea,
o veneno anti-montanha
em doses de desespero.
De tempo em tempo
a montanha russa
arruína o chão.
Vai além dos sete palmos
para o poço
p'rofundo.
Enquanto desço,
as raízes das árvores
vão fechando um túnel
sem luz,
sem fim.
Quando tudo mais é breu
eu
ouço um pingo
de esperança líquida.
As primeiras gotas
bebo
por estar sedento
e só.
Cada gota brilha em prisma
uma luz possível.
Um gatilho p'ra subir.
Um gatilho p'ra sumir.
Espero o lamaçal formar
o lôdo sob meus pés
plantados
em meu hipotálamo.
Sobe a água como enchente,
pelos meus calcanhares
de aquiles,
pelas panturrilhas,
braguilha,
ventre.
O plexo cardíaco

todo encharcado,
irrigando a seiva
de esperar.
O pescoço.
Antes da morte
afogada
o corpo começa a boiar.
As raízes opulentas
vão se abrindo
para o corpo, pus,
estuporar.
A subida é plácida,
a descida é plena.
O difícil é ficar.
Até breve
breu sem fim!
Até que continue a pingar.

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Autor
thiagodebarros
 
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