Meu dia acaba e num gemido de dor
Quando misturo o sagrado e o profano
Perdido sem me causar nenhum dano
Sangro na mente meu último amor
Externo o que torce pendura e muda
Interno o que brota acorda e dorme
E sem que se sinta sofre nega a ajuda
De tão pequena se faz grande enorme
Tudo que dorme por dentro queima fora
Quando escorre fere a terra e forma a vida
Dos olhos vermelhos ardem tudo que adora
No inverso o verso o contra senso da lida
Meu dia acaba tom desafinado desatino
Sem pontos sem sombras da mata queimada
No abraço a amada confessa nega o destino
Sombras mortas na curva da montanha alada
Ávida de dor grávida de nada encanta dor
E o tonto dorme dentro de mim sem sono
Solto mesmo tonto menos tudo coisas amor
Sábios enganados gritam juntos o engano
No fim acaba meu dia pelo prazer de acabar
E a amada que dormia dentro de mim acorda
Nesse parto me firo corto sangro a arranhar
Sangue em gotas brota meio corpo meio borda
Que saudade boba!
José Veríssimo