Poemas -> Amor : 

NO SILÊNCIO DA DOR

 
Dor,
Não será dor o lado azedo e rançoso da vida.

Dor,
Nem ver a pessoa amada partindo num trem aflito.

Dor,
Saciar a sede amarga dos sábios infelizes.

Dor,
Plantar bálsamos em nossos quintais e vê-los crescer, amargamente.

Dor,
Desviar operários calados de seus caminhos e de seus ninhos de trigo

Dor,
Entender o silêncio dos santos sacralizados num altar frio.

Dor,
Celebrar o corpo de um dançarino grávido que celebra a vida.

Dor,
Roçar um peito e ouvir um coração louco e estar do lado de fora.

Dor,
Transcender a alma, o espírito e se calar num beijo rasgado e livre.

Dor,
Ferir com palavras no silêncio da noite e não conhecer o dia.

Dor,
Se engravidar do silêncio e do medo e fugir dos anjos, em silêncio.

Dor,
Sair da carne e voar infinitamente livre e feliz nas asas do vento

Dor,
Que será a dor
Quem sabe não ser real a dor real que prova seu corpo a todo momento
Como as bicas bebem das águas machucadas pela montanha fria.

Dor,
Assim como as águas, cada um bebe na bica do seu quintal a água mais pura dor.



José Veríssimo

 
Autor
veríssimo
 
Texto
Data
Leituras
763
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.