Poemas : 

No enterro da minha gente ...

 
Sou ultimo vivente
d'uma infancia mal fadada
e recordo essa gente
numa fria madrugada
onde minh'alma sò
se via sem nada! ...

Minha vida foi diferente
do que queria a minha gente!

Eles nunca me entenderam...
Eles nunca me sentiram...
Eles não me deram nada ...

E a repulsa que lhes tive,
amargura que senti
fez de mim estrangeiro em casa ...

E o que ficou dessa ferida,
nessa fria madrugada,
entre a casa abandonada
e a minh'alma sem nada?!

Ficou a morte dessa infância
no enterro da minha gente ...

E alguém mais sofrerá a dor desta distancia?!
Haverá alguém mais que assim sente?!

Qu'importa?!

Sepulto os mortos do meu sangue
nessa casa abandonada.
E repouso por fim em paz, nesta hora,
no frio da madrugada...

Eles nunca me entenderam...
Eles não me deram nada ...


Ricardo Louro
em Évora

E recordo nestes versos que escrevi
os tristes versos de Cecília Meirelles
na Casa Desabada,
essa Infância amargurada
onde a sua Alma só
também se via acordada ...

- saturno em Escorpiao transitava, p'la primeira vez, grau por grau, a minha cauda do dragao. O fim de um ciclo do passado -



Ricardo Maria Louro

 
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Ricky
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