Poemas : 

E AGORA?

 
E agora? Voltar pra onde? Que estrada seguir?
Que passagem comprar, pra onde?
Que bagagem levar? De quem?
Quantos filhos levar, quantos filhos deixar?

Levar a bicicleta ou a saudade? Ou os carros?
Levar a roupa e a mala ou o cheiro da amada?
Que amada? Que mulher levar? Ou levar nada
Quantas manhãs levar, quantos sois levar, quantas luas levar?

Leve tudo: a amada, o sol, a saudade, a lua, a bicicleta se puder
E se puder leve o nada, mas não esqueça o sonho, o cheiro
Não esqueça o amigo e o banco e o violão, a manhã ensolarada
Não esqueça o Sô Nato a Da. Elza, Da. Ilda, esqueça não

Não esqueça as ruas escuras, nem a pouca esperança,
A esperança ilumina as ruas escuras, dá sentido à vida
E lá a gente encontra os mestres, encontra a vida
E eles seguem com a gente, seja lá prá onde for

E agora, com que amigo ficar? Em que cama dormir?
Em que copo beber e o que beber?
Que camisa vestir, meus amigos não vestem mais “wykiki”,
Eles não tomam as mesmas bebidas, e ainda amam as mesmas mulheres

E os nossos festivais? Até as “paradas”, e o nada pra fazer, por onde andam?
Os jornais, União estudantil, os times de futebol, até o cinema e o teatro?
Os Hotéis, o Cinema, um trem atormentado atravessava a cidade e nos fazia dormir
Tinha Nico Chaves do café com leite e broa de fubá, picolé e a cervejinha do papai

E agora? Pra onde ir?
Nem precisa, suas ruas, seu povo, minha gente, tudo, tudo, guardo bem vivo
Gritando dentro de mim, na certeza que nunca irão calar,
E se isso acontecer, para não coração, segue a sua sina, seu destino de amar: LUAR


José Veríssimo

 
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