Quando a ideia de morrer nos aconchega,
ficamos diluídos, absortos, saudosos, solitários ...
Brada em nós uma saudade, uma tristeza,
qual monja sem destino, desfiando mil Rosários!
De tanta mágoa, cansado está o mar,
espelho-de-virtude, do aço-dos-punhais,
que, do Céu nocturno, o trono do Luar,
traz aos namorados em tristes vendavais.
Que Morte solitária a dos Mortais,
sem Fim, sem Principio nem Começo,
que faz de cada um, Seres tão banais.
E tão grande é a vaidade sem o ser,
capaz de nos iludir, capaz de nos mentir!
Todos tão diferentes no viver, tão iguais à hora de morrer.
Ricardo Louro
Cascais
Ricardo Maria Louro