Prosas Poéticas : 

Sonolência

 
 
Acertei no alvo do dia

cumprindo promessas

assumidas e inculpes

abrigatórias como manda a lei

eu sei

repletas de memórias intemporais

acidentes laboratoriais

refugiando-me célere

nas tuas contracurvas

pontificadas de rectas indeléveis

transgredindo qualquer rota

por onde se dirigem teus

sentidos únicos,insolentes

em cálculos perdidos

na simetria do tempo que nos

envolve sucessivamente


– Hoje ou amanhã

revelaremos nossos relevos jurisdicionais

com muitos abraços em sonolência

esquecidos na fronteira

das palavras escritas

desgovernadas, isométricas

sem escalas nem promessas

em que te desenho, natural

exacta, no exercício pleno

desta poesia onde transito

tanto mais quanto te necessito

quanto muito por fim

milimetricamente te desvendas

e eu,

porque quero

meteóricamente me aventuro

eufórico

perdido nesta conivência

que o tempo gasto em tom retórico

nos incita em tons de cumplicidade


– Suscita-me imediatamente

num beijo alegórico

uma lembrança diluída

nesta concertação amorosa

onde deixamos impressos

fragmentos compatíveis

de dois seres confortados

provavelmente consensuais

existencialmente convivendo

imparciais

rumo ao trajecto de vida onde

nos encurralamos sem mais atalhos

ou referendos

nesta prisão onde partilhamos

esta pirotecnia explosiva dos amores

que em nós se ergue

num cântico legítimo de fé

quase prioritária

tão feliz , instantânea, necessária


– Deixa somente conciliar-te

num tempo fragilizado pelas saudades

carregadas de longanimidade

Deixa que eu reprograme todos

os ventos de serenidade

Tome posse de tua cumplicidade embebida

nesta imaginação fiel quando te sinto

saciada de integridade

apaixonado-me pela feroz espontaneidade

que em ti perscruto e jamais me restrinjo

porque crio,

elaboro

imagino

fantasio e

debruçado às margens da noite

te espio… e nunca dissimulo

quero-te e jamais finjo

FC

 
Autor
Frederico
 
Texto
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