A PESSOA
Eu, de tanto ser tantos, sou nenhum;
Ou alguém que não pretende ser pessoa.
Sou quem sai de si, sou quem assim soa:
Címbalo que retine, som comum.
Por ter muito de muitos, não sei um
Que seja e seja eu! Outra estranha loa...
Sem mais belas mentiras, uma boa
É o quero ser a alguém ou algum.
Um rosto n'um retrato em branco e preto
E milhares de poemas bons dispersos...
É quanto deixo àqueles cujo inquieto
Peito teima em viver a escrever versos.
Disparo a flecha sem ver quem atinjo:
Finjo que'eu sinto que'eu sinto que'eu finjo.
Belo Horizonte - 27 07 2011
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.
Dedicado a Fernando Pessoa.