Poemas : 

Balada do navegante contemplando círculos concêntricos num espelho de água – parte I

 
"... Nos instantes, altruísta me desfaço da descrença,
à todos convido para ouvirem a alma em sintonia ...”

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- Balada do navegante contemplando círculos concêntricos
num espelho de água –
- parte I
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I

Vejo-me, às vezes, flutuando em manso lago,
contemplando no plano, círculos concêntricos,
incidindo no calado deste barco em que vago,
são as órbitas dos anéis na origem idênticos.
Fico a imaginar, nas tantas ondas circulares,
os acontecimentos já experimentados na vida,
expandindo-se cada vez mais sob meus olhares
sem que eu tenha uno controle sobre essa lida.

Nessas ondas, posso ver, rever, sem pressa,
velhos dissabores, ou alvissareiros momentos
- deles sou o eixo, ao menos na hora expressa;
deixo-os fluírem até se desmancharem lentos.
De encontro à relva suplantando seixos do fundo,
aos rés dos troncos dos eucaliptos frondosos,
expondo sentimentos íntimos a cada segundo,
contrapondo queixas e momentos mais saborosos.

Nos instantes, altruísta me desfaço da descrença,
à todos convido para ouvirem a alma em sintonia,
que haja algumas pedras - não fazem diferença,
nem os trechos arenosos estéreis, sem simetria.
Vejo-os como criptas e sepulcros, obscuros jazigos,
dos pensamentos ruins ora esvaídos, tão arraigados.
Não me vejo na borda como estivesse em postigos,
a alma é livre, não imóvel tal troncos ali fincados.

Refletem meus cabelos grisalhos multicor perfil,
aos acordes em cadência sincronizados nas ondas,
vejo luz entre ritmos melodiosos de música sutil,
num espetáculo místico tal sorrisos de Giocondas.

18102015
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" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."




 
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LuizMorais
 
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