Textos : 

O grande caderno azul - XXI

 
XXI
Meio-dia em ponto de sexta-feira no decimo sexto dia do ano. Cheguei impreterivelmente as seis e quarenta - comecei logo o 'trampo' de soldar os ferrolhos e as dobradices. Quase tudo pronto, falta apenas pintar os dois portões. A vista querendo perturbar, mas o resto tudo bem. espero que Deus amanhã dê tudo certo.Lá em casa a situação é acotica. As duas verdureiras vindo do Mercado e seus carrinhos. A velha dor ciática. cansado, dormir em tive bons sonhos - inclusive com a grande musa Dona Van. Bocejo.
Ler Dickens é viajar numa boa narrativa de uma estoria bem delineada e acima de tudo humorístico, assim como Cervantes em Dom Quixote - é difícil lê-los e não rir das patacoadas desses heróis. Não é como Dostoiévski sério ou Balzac ou mesmo Vitor Hugo. Gosto muito desse romance, porque foi o primeiro que me descabaçou literariamente, depois dele descobrir novos horizontes que somente um bom romance pode nos conduzir. Recordo-me com alegria, o sótão da Casa Grande do Bambas na Rua Afonso Pena, o meu sofá cor de jerimum a cabeceira da minha cama e debaixo de uma lampada incandescente de 100 velas e ao lado do meu rustico bau, onde guardava os meus tesouros. A leitura vem desde os meus 16 anos. Bons tempos - depois pirei comecei a me dopar com optalidon e não ficava quieto e não tinha apetite para quase nada, apenas me drogar.
Tarde
15:59 - A saída tradicional para comprar os pães e os ovos. O congelador vazio. Peço a deus que amanhã saia tudo normal ou seja a gari Dona Rose, a simpática morena va buscar e pague as suas encomendas. Cochilei um pouco e quando acordei li um pouco o Diário de Anne Frank - "Quero continuar vivendo depois da morte" - fiquei emocionado com essa frase é como advinhasse o seu futuro e fora outras coisas, quando escreve que estava lendo sobre o Brasil. São Paulo e Pernambuco. Uma menina inteligente que sonhava em ser escritora, assim como a pequena russa Nina - Mas Nina sobreviveu as agruras do regime soviético e tornou-se uma artista plastica - dois mundos, duas medidas.
Noite
21:45 - Depois de perambular um pouco por Paris, num domino em companhia de Vitor Hugo, decidi segui para o anexo dos Franks em Amsterdam acompanhar do o dia-a-dia das duas famílias escondidas como medo dos nazistas e finalmente Petersburgo com o irascível Raskonikov caminhando sorumbaticamente pelas ruas, refletindo sobre sua conturbada existência depois de exterminar um piolho, a velha usuraria. Pela manhã, após o exaustivo trabalho - acompanhei Sr. Pickwick e seus alegres e atrapalhados companheiro nas excursões aos arredores de Londres e participar de uma festa de casamento e a comemoração de Natal na casa dos Wardles em Manor farm - Também tem o russo Andrei Bitov que leio esporadicamente.
22:30 - Mais uma vez, um dese gatos sacanas urinou na cama como sempre.toda noite é a mesma historia, essa brincadeira - minha cunhada não está nem ai, não é ela que vai dormir no molhado, arriscado a pegar um microbio ou algo parecido que tem nessa maldita urina, o odor quase insuportável. Oh! Deus de misericórdia, por quê? Por quê esse sofrimento sem fim, onde tudo conspira contra mim.

 
Autor
r.n.rodrigues
 
Texto
Data
Leituras
545
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.