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O grande caderno azul - XXVIII

 
FEVEREIRO

XXVIII

Era uma manhã cinzenta de sábado do segundo dia do mês de fevereiro. O lençol esta fedendo pra caramba, aquele odor de sujo e suor.. Conclui a leitura de "O Condenado" de Cornwell. As dores por todos os lados na área ciática. Ouvindo o programa "Clube da Saudade" da Rádio Clube do Pará.. Ainda ressabiado das sequelas alcoólicas, será que nunca vou tomar consciência que cachaça ou qualquer bebida é mais forte. Tenho que para com esses vacilos - Já cai literalmente com a cara na lama, cochilei no sofá velho na Praça do Bacurizeiro acordando debaixo de chuva numa madrugada algida, o que esta havendo comigo, parece que perdi o gosto pela vida é só me embriagar-me, perdendo a noção de dignidade, servindo de palhaço. Oh! Deus dê-me força. A ultima foi quarta-feira, passei o resto da noite vacilando, correndo risco desnecessários, andando como um sem-teto , deitando sobre a mesa de sinuca num bar da praça do viva. As dores que sinto são oriundo dessa noite.

Mais tarde na mesma manhã - Louvado seja Deus, Nosso Senhor na sua magnitude. O inesperado abençoa os necessitados. Uma surpresa agradável, a irmã da Rua 23, quase vizinha deu-me cento e cincoenta reais para comprar os ferros para fazer um portão. Fui no bairro da Areinha do outro lado da Lagoa do Bacanga compra-los. Só não fiquei mais feliz, porque não deu para comprar uns livros. Fiquei triste. Mas eu tenho Dickens, um Dostoiévski e um Vitor Hugo para mim deliciar-me. Eles são muitos bons e gosto muito deles. Eu queria comprar uns livros. Depois das compras do ferro fiz uma pequena caminhada até o Anel Viário para apanhar uma lotação e vim para casa.. Tudo bom, leio sobre a batalha que derrotou o poderosos exercito de Napoleão em Waterloo em 18 de junho de 1815 - Dickens tinha apenas três anos. Mestre Cardoso sentadinho solitariamente na sua cadeira de plástico branco, de braços cruzados vendo o movimento monótono da estreita avenida em frente ao seu comercio. Uma fomizinha abusada assola o meu combalido estômago vazio.

Tarde
O tempo esfriou o céu nublou de repente. Lia um pouco de Dostoiévski
17:30 - Faz um pouco de frio, eu fui comprar os pães na avenida, próximo do Deposito Abreu, na padaria de Senhor Chapéu e suas rotundas filhas. De repente deu-me uma vontade louca de reler Jack Kerouac e seu antológico "Pe Na Estrada" - ouço Chopin, Ballade no 40p 52 IN F. Minor interpretado pelo pianista Ricardo Cortez.

Noite
19:30 - A pequena princesa menor Adrielle chegou no final da tarde, enquanto eu ouvia Chopin, mas para agrada-la mudei para o canal de desenho animado e entreguei-me a bel-prazer de perambular com Sal Paradise pelos pardieiros de Denver até a bela São Francisco. Depois o encontro fortuito com uma bela mexicana num ônibus indo para L.A (Los Angeles)- Adoro a prosa corrente de Kerouac, o primeiro livro que li dele foi "Os Subterrâneos" com o prefacio de nada menos que o mestre Henry Miller, que também tenho vontade de relê-lo.
20:25 - Devolvi o livro para Junior, o futuro psicólogo que encontrava-se no canto da rua 16 com avenida, na calçada da Malharia Leite. Infelizmente, não emprestou-me nenhum livro. Mas tudo bem, vou reler a pequena biografia do grande mestre Henry Miller num livro de bolso. Merendei dois pães com o resto do mexido de linguiça calabresa de ontem e cebolinha. Acho que vou fazer uma retrospectiva Miller.
21:10 - Li as primeiras paginas do romance antológico de Miller "Tropico de Capricórnio" - Na casa Grande dos Bambas na Rua Afonso Pena no Desterro, eu tinha "Tropico de Câncer" que foi o seu primeiro sucesso e a trilogia "A Crucificação Reencarnada - Sexus, Nexus e Plexus" - quem falou-me dele foi o meu eterno compadre Jacob, que Deus o tenha em bom lugar. Agora vou reler a biografia resumida dele.
23:10 - Um encabuloso aumenta seu som automotivo com um funk mais idiota como o dono que o escuta e quer por força divulgar a sua santa ignorância. Terminei a pequena biografia do meu amado mestre que me inspira muito a continuar os mesmos sonhos e a realiza-los, aperfeiçoando-os com as leituras diárias dos grandes mestres do universo literário. Não posso desisti sei que tenho o dom para seguir em frente e dar vazão ao meu talento que venho forjando a muito tempo. Sendo ridicularizado, as pessoas rindo na minha cara perguntando ironicamente "Cadê teu livro?" - mas continuou, agora que estou perto de alcançar a minha nirvana literária, não vou desistir - mas tem o álcool, a maldita cachaça que esta corroendo a minha existência. Vou reler o primeiro romance do mestre Miller 'Crazy Cook", depois "Tropico de Capricórnio" e por ultimo "O Colosso de Marussia" - como sofro ao lembrar-me da minha antiga biblioteca na Casa grande da Rua Afonso Pena - Mas juro por Deus, Nosso Senhor que esses aqui que tenho agora farão-me companhia até o meu descanso final - e neles que busco refugo nos meus momentos críticos de depressão.
23:20 - Preparei uma merenda suplementar, um sanduba de frango assado frio e fatiado com um copo de leite em pó diluído com agua de torneira. Larissinha me deu um susto ao vê-la na penumbra da sala do computador quando fui apanhar Tolstói para coloca-lo no seu devido lugar. "Crazy Cook" esta aqui ao meu lado sobre o sofá. Tudo que pretendo é concluir a digitação e a formatação do romance "Além das Névoas Azuis" de minha autoria.

 
Autor
r.n.rodrigues
 
Texto
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 26/03/2016 01:55  Atualizado: 26/03/2016 01:59
 Re: O grande caderno azul - XXVIII
Quando publicar me avise que comprarei e lerei com muito prazer e caso queira me sentirei honrada em escrever uma resenha.
Boa sorte e a cachaça tem que ser mesmo posta de lado,o ser humano tem algumas tendências para a destruição de si mesmo aliados a procrastinação.