Textos : 

O primeiro caderno amarelo - VII a IX

 
VII


Bom dia, minha vida querida!

Acordei tarde, tive sonhos encabuloso como sempre. O pavor constante da oficina desabar. Coloquei as letras na cruz e assim encerrei mais um expediente, mas se aparecer a gente trabalha. Dedé preso na casa em frente. A patroa saiu, esqueceu-o deixando-o trancado. Uma fome, mas não posso sair, tenho que esperar os clientes virem buscar as suas encomendas. Sem chila.


VIII


Uma manhã de sol de domingo. Uma ressaquinha enjoada. Enchi a cara despudoradamente. Minha cunhada banha-se. Tomei uma pílula para dor de cabeça e um epocler para o estômago. Eu e meu filho estamos passando o dia junto e lógico bebendo uma boa cerveja apesar do meu estômago ruim na Praça do Bacurizeiro, onde entornamos quatro lock-net com a rapaziada que bebiam uma garrafa de cachaça. A caneta dar problema. Larissa, Carlos e Dudu conversam animadamente sobre futebol inglês


Noite


De volta a Casa bamba, após deixar o meu filho perto da casa dele, na volta entrei na oficina e como de praxe, apertei "um" para relaxar.


IX

Uma leve dor de barriga e sonhos eróticos povoaram a minha noite e além do medo constante da oficina desabar. A cadela Chorrinha sentada na porta da rua atenta a todos os movimentos da rua.
O pavor toma conta de mim, toda vez que venho trabalhar aqui na oficina sinto-me abalado com as fissuras na viga central. Oh Deus! - As pessoas passam olham e comentam entre si, eu fico depressivo com a real situação de perigo que corro. Mas Deus é pai de nosso destino e Ele sabe a minha verdadeira sina. Fico apreensivo a cada instante esperando o desenrolar fatídico. Cardoso sentado na calçada a sombra em frente ao restaurante ao lado da sua mercearia. Tento me acalmar um pouco, mas não consigo, sempre vem este sufoco que oprime a minha triste alma. Um sol bonito e convidativo ao relaxo, se eu tivesse uma grana disponível passaria o dia na casa de meu irmão Tio Willi na Cidade Operaria. Seu Cardoso sai da quitanda. Ontem foi o dia muito especial, meu filho veio passar o dia comigo. Bebemos uma long-net de baixo dos bacurizeiros na Praça do mesmo nome e depois retornamos a Casa Bamba, onde entornamos mais duas latas de cervejas e almoçamos uma boa refeição domingueira. Mozaniel traz o café. O marido da filha do mestre Azul vem confirmar a encomenda do portão, tive que refazer os cálculos - mas confesso que esqueci o valor que eu havia cobrado se era quatrocentos e cincoenta reais ou quinhentos - Dizendo ele que vem amanhã trazer o adiantamento. A encomenda de seu Eriberto. Comprei uns pães na Padaria de Seu Domingo encontrei com a pequenina Alexandrina, a minha entregadora de jornal.
E quando vai chegar o meu tão sonhado exemplar do meu romance publicado na França pela Edilivre? Faz quase três meses que enviei um vale postal e até agora nada.. Apertei 'baseado' básico para relaxar um pouco as tensões - li o jornal e agora sem nada para fazer sonho um pouco - em sai daqui e viver uma nova vida em outro lugar. O carro de meu vizinho Seu Biné estacionado sobre a calçada em frente a sua residência.

Noite - III Casa Bamba - Vila Embratel

Enchi a cara com os papudinhos na Praça da Bacurizeiro. Almocei com o doidão do Dr. Oswaldo um delicioso cozido de pescada que Esquerdinha trouxe de casa - era umas duas da tarde e nós comíamos sem educação na Praça do Viva sentados no nosso banco e depois fui ajuda-lo a colocar a moto na garagem da casa dele e aproveitamos para fumar um bom 'chaule'. Dormi a tarde toda, quando levantei-me fui comprar uma litro de coca-cola e meio-maço de cigarros para minha cunhada aumentando assim um pouco a minha conta no Seu Raposo. Professor continua na esbórnia. Mamãe ressona profundamente na sua rede em nosso quarto as escuras. Carlos, o valet de professor no computador. Larissa e Clarinha no quarto delas vendo tv. Minha cunhada cochila sentada na cadeira plástica. O Jornal Nacional termina. Lia um livro de matemática, postei um poema no site francês da minha amiga Juli - estava ansioso para ver se tinha algum comentário. Mas esqueci o dinheiro na oficina depois de apertar 'unzinho'.
A mente embaralhada de problemas depressivos decorrente da minha insegurança psicológica. Deus é pai. Pela manhã, depois que vim da casa de meu filho encontrei com Seu Riba na praça do Viva e o ajudei levar umas cadeiras de plásticos avariadas para vender num ferro velho de Baixinho na Travessa da Rua 10. Quando viemos de lá, fiquei na Praça do Bacurizeiro bebendo cachaça e vendo a rapaziada jogar damas debaixo de uma frondosa arvore que depois nos abrigou durante um chuvisco que ocorreu ao meio-dia.
- Tu vai de acabar só de beber cachaça - Diz a minha irritada cunhada para a figura ébria de meu irmão que anda com dificuldade.
- O que foi Larissa? Pisou em bosta? - Pergunta ao ver o rosto zangado da menina saindo da sala de computador. Ainda pouco conversava com a mesma sobre a literatura ou melhor a minha paixão pela escrita e a leitura dos grandes mestre.
Vou me deitar e tentar dormir, depois de assistir um bom documentário sobre um dos polos no "Planeta Gelado".
Obrigado Senhor por mais uma dia na minha irrequieta vida.


 
Autor
r.n.rodrigues
 
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