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FOGO MORTO

 
Tags:  SONETOS 1994  
 
FOGO MORTO

O amor ardera até me reduzir
A cinzas de desejo ora apagado.
Qual engenho de fogo morto, o Fado
Fez-me ruína e pó sem mais porvir.

E o pouco que me resta é refletir
Sobre as contradições de meu estado...
Embora extinto o incêndio, rescaldado,
Meu corpo é calentura a ir e vir.

Levando-me a alegria e toda calma,
O amor ao me inflamar a essência d’alma
Esvaziara-me até a última gota.

Não vejo qualquer Fênix renascida
No sinistro que agora arrasa a vida.
Vejo apenas os campos da derrota...

Gov. Valadares - 31 03 1994


Ubi caritas est vera
Deus ibi est.


 
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RicardoC
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 29/11/2016 13:45  Atualizado: 29/11/2016 13:45
 Re: FOGO MORTO
Belo soneto! Bjs


Enviado por Tópico
MaryFioratti
Publicado: 30/11/2016 04:29  Atualizado: 30/11/2016 04:29
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 Re: FOGO MORTO
Ricardo,

Acho que essa poesia, numa auto-analise, voce foi ate o fundo do poco...fundinho mesmo...
Eu pensei assim nesse "ir e vir" do corpo e pensamento...
Porque quando ha o termino, dancam em nossa cabeca mais os dias bons do que ruins. Percebeu?
Entao a gente pensa nos ruins, e nos reduzimos em cinzas... depois pensamos nos bons, e ainda sentimos a quentura, a verdade do momento que aconteceu (que nao poderia ter sido mentira).
Entao fica aquele "vai e vem"... ate que vem aquela sensacao horrivel de derrota, quando sabemos que nao somos os unicos culpados.
Um relacionamento nao da certo de dois lados. Nao existe um lado so. Entao, tem que ser metade da derrota...
E nem sei bem se devemos chamar de derrota...mas de ciclos que se fecham por um motive que desconhecemos, mas que Deus conhece bem. Ele move as pecinhas aqui, ali, e vamos entao aprendendo, sofrendo - eh verdade, mas aprendendo.
E aprendendo nao somente o relacionamento em si, mas "nos aprendendo", vendo sentimentos desconhecidos dentro de nos.

Abracos!


*Mary Fioratti*