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Poemas Rupestres - II (Manoel de Barros)

 
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A de muito que na Corruptela onde a gente
vivia
Não passava ninguém
Nem mascate muleiro
Nem anta batizada
Nem cachorro de bugre.
O dia demorava de uma lesma.
Até uma lacraia ondeante atravessava o dia
por primeiro do que o sol.
E essa lacraia ainda fazia uma estação de
recreio no circo das crianças
a fim de pular corda.
Lembrava a tartaruga de Creonte
que quando chegava na outra margem do rio
as águas já tinham até criado cabelo.
Por isso a gente pensava sempre que o dia
de hoje ainda era ontem.
A gente se acostumou de enxergar antigamentes.

A poesia de Manoel de Barros (1916-2014), no ano que completaria 100 anos.

Leia mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=317663 © Luso-Poemas
Arte por Jeremiah Morelli, Bavaria.
 
Autor
AjAraujo
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